Datagro estima safra 2020/21 de soja em 135,47 milhões de toneladas
Volume seria 6% superior aos 128,19 milhões de toneladas da revisada safra recorde colhida em 2020
Um trabalho do Fundecitrus em parceria com o Instituto Agronômico (IAC) calculou que, após estudos e investimentos em tecnologia de aplicação, a economia de água do cinturão citrícola de SP e MG nos últimos 20 anos seria suficiente para abastecer, por 365 dias, uma cidade com mais de 500 mil habitantes ou 200 milhões de pessoas por um dia.
Tecnologia de aplicação é o emprego dos conhecimentos técnicos e científicos para direcionar o produto ao alvo (praga ou doença) em quantidade adequada, de forma eficiente e com o menor impacto possível ao meio ambiente e também ao aplicador.
A parceria entre Fundecitrus e IAC no estudo dos volumes de calda utilizados para os tratamentos fitossanitários na citricultura começou em 2000, com o ácaro da leprose.
Na época, o padrão de qualidade era o escorrimento de calda. A tecnologia empregada demandava consumo médio de 10 mil litros até 12 mil litros de água por hectare para uma população em torno de 200 plantas por hectare, realidade que a parceria se propôs a mudar.
Cerca de 20 campos experimentais, concentrados no uso de turbopulverizadores, foram montados e avaliados junto a citricultores e empresas para aperfeiçoar aspectos como cortina de ar, número de bicos, tamanho de gotas e velocidade de deslocamento dos equipamentos.
Várias formas de mensuração foram analisadas e estabeleceu-se considerar a planta como um cubo, o que facilitaria o cálculo e, consequentemente, a adoção da tecnologia pelos produtores (“mililitro de água por metro cúbico de copa” em substituição a “litros de água por planta ou hectare”), hoje padrão na citricultura. Ao longo dos anos, os volumes de calda para controle do ácaro da leprose foram reduzidos para 2 a 4 mil L/ha. Estabeleceu-se então os volumes de 100 mL/m³ para o controle de alvos internos, como o ácaro da leprose, e 40 mL/m³ para alvos externos, como o psilídeo, e estes volumes foram finalmente testados e confirmados.
De acordo com o pesquisador Hamilton Ramos, coordenador da Unidade de Referência em Tecnologia e Segurança na Aplicação de Defensivos Agrícolas do IAC, a tecnologia estabelecida foi fundamental para que a citricultura continuasse viável no Brasil. “A manutenção da média de consumo demandada nos pomares em 2000 tornaria a citricultura economicamente inviável, pois seria impossível pensar hoje em 600 a 800 plantas/ha e cerca de 20 pulverizações anuais considerando a técnica do escorrimento como padrão de qualidade”, diz. “Além disso, há o aspecto ambiental envolvido: a redução média de apenas 5.000 L de água/ha proporcionado pela tecnologia desenvolvida pela parceria entre Fundecitrus e IAC corresponde a uma economia suficiente para abastecer 200 milhões de pessoas por um dia, 6,7 milhões por um mês ou ainda mais de 500 mil pessoas por um ano”, destaca.
Nos últimos anos, estudos do Fundecitrus, com o apoio do IAC, em tecnologia de aplicação mostraram que é possível reduzir o volume de água em até 70% para o controle de psilídeo e cancro cítrico, 60% para podridão floral, de 40 a 50% para pinta preta e 30% para leprose, em relação ao padrão normalmente utilizado pelos produtores.
O engenheiro agrônomo do Fundecitrus Marcelo Scapin, especialista em tecnologia de aplicação, ressalta que essa adequação colabora para o aumento da sustentabilidade na citricultura. “O uso racional e a redução da quantidade de água e produto estão alinhados a uma produção de alimentos cada vez mais sustentável, que se preocupa e preserva o meio ambiente e também a riqueza econômica e social gerada pela atividade”, diz.
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