Embrapa e Abimaq assinam acordo para criação do Portal África
A 2ª edição do Simpósio Integração Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia de Pecuária Bovina (SIPB) deu mais um passo na direção de criar uma política agrossilvipastoril regional da tripla fronteira. Realizado no Lions Clube em Nova Venécia (ES), entre os dias 2 e 3 de março, teve a participação de 700 simposiastas. Para os organizadores, a presença de instituições financeiras como Banco do Brasil, Banestes e Banco do Nordeste, além do Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob), mostra que o cenário econômico desenhado nos dois simpósios - o primeiro foi em Carlos Chagas (MG) em 2011 - exigirá investimentos financiáveis pelo sistema público.
Três aspectos foram destacados durante o evento: a importância da produção pecuária bovina nas três fronteiras, a implantação de sistemas silvipastoris como alternativa de negócio e a aplicação do Plano ABC do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) visando perspectivas de remuneração por serviços ambientais. Ficou para 2013 a discussão sobre o formato ideal para esse arranjo produtivo na tríplice fronteira.
Criado para ser itinerante – o próximo encontro ano que vem acontecerá na Bahia – o SIPB é considerado o embrião de uma espécie de “PAC” regional para fortalecer o setor. Até o momento cinco cidades baianas já fizeram solicitação oficial para sediarem o 3º Simpósio Integração: Teixeira de Freitas, Porto Seguro, Itamarajú, Itanhém e Mucuri. Para Nabih Amin El Aouar, presidente no 1º e 2º SIPB, existe uma grande expectativa de avançar o debate para aspectos econômicos práticos. “Nosso desafio para o próximo simpósio é aproximar o discurso técnico-científico na prática e na realização de negócios na ponta produtiva”, avalia Nabih.
“O Simpósio, integrando as lideranças políticas e técnicas desse arranjo produtivo regional, é uma estratégia para a superação dos gargalos e vai representar um avanço no aproveitamento das oportunidades do mercado de leite e carne bovina”, destacou o Secretário da Agricultura do Espírito Santo, Enio Bergoli. Para o governo capixaba, a pecuária bovina, tanto de leite quanto de corte, nas regiões Leste e Nordeste de Minas Gerais, Norte do Espírito Santo e Extremo Sul da Bahia, é expressiva na geração de emprego e renda e têm características e desafios comuns.
A macrorregião apresenta condições semelhantes em rebanho bovino, sistemas de comercialização, preços de produtos lácteos e carne bovina. Nove frigoríficos e 11 laticínios atendem a área que reúne cerca de sete milhões de cabeças de gado. A infraestrutura logística para escoamento dos produtos agropecuários também é comum aos municípios da localidade. Integram o “embrião produtivo” 187 municípios. Para fortalecer esta “zona produtiva distinta”, será preciso fortalecer a atividade agrícola, florestal e pecuária emergente.
Como alertou o ex-secretário da Agricultura de Minas Gerais, Gilman Viana Rodrigues, o grande desafio do setor é obter da sociedade brasileira o reconhecimento do produtor como gestor dos espaços rurais e a efetiva implantação de política pública que gere pagamentos pelos serviços ambientais prestados por essa gestão. “Alimentos, fibras, riquezas, divisas, empregos, energia renovável, bens ambientais e preservação de bens e valores culturais formam o espaço rural sob a responsabilidade do produtor”, cita Rodrigues, que também é integrante do Fórum Minas de Idéias do Governo Estadual e do Fórum Municipal de Assuntos Estratégicos da Prefeitura de Belo Horizonte. “E este setor atende por cinco dos 10 principais problemas do planeta frente ao crescimento populacional para os próximos anos: energia, agua, alimentos, meio ambiente e pobreza”.
Uma das alternativas proposta pelo Mapa é a integração lavoura-pecuária-floresta como melhor aproveitamento de áreas íngremes e de solo fraco. Marcelo Müller, engenheiro florestal da Embrapa Gado de Leite, explicou que além dos aspectos ambientais e de sustentabilidade do solo, o modelo “permite redução de custos e da vulnerabilidade do produtor da região ao clima e mercado”. Outra opção oferecida pelo Ministério é a implementação do Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC). Na prática trata-se de uma linha de crédito aprovada por Resolução BACEN nº 3.896 de 17/08/10 que estimula o investimento em atividades agrossilvipastoris sustentáveis oferecendo ao produtor a possibilidade de uma nova fonte de renda gerada por serviços ambientais prestados. Segundo Maurício Carvalho de Oliveira, chefe da Divisão de Agricultura Conservacionista, da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério, estão disponíveis R$ 3,15 bilhões para o ABC em 2012.
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