Aquecimento global pode elevar mortalidade de árvores tropicais

Pesquisadores apontam que secas extremas já afetam a capacidade de recuperação dessas plantas

07.08.2025 | 14:44 (UTC -3)
Manuela Bergamim
Foto: Zig Koch
Foto: Zig Koch

Um estudo liderado por uma equipe internacional de 126 instituições, incluindo a Embrapa Florestas, e publicado recentemente pela revista Science "Anéis de árvores pantropicais mostram pequenos efeitos da seca no crescimento do caule", revelou que as árvores tropicais têm resistido a secas intensas ao longo do último século. No entanto, o aumento das temperaturas globais já começa a afetar sua capacidade de recuperação, com potencial para, no futuro, elevar a mortalidade dessas plantas.

A pesquisa analisou os dados dendrocronológicos (cronologias de anéis de crescimento) de mais de 10 mil árvores, com cerca de 20 mil séries de anéis de crescimento de quase 500 locais em 36 países, representando 163 espécies e 33 famílias botânicas com proporções similares de cronologias de angiospermas e gimnospermas em regiões tropicais e subtropicais (latitudes entre 30°N e 30°S), como a Amazônia, Floresta Atlântica, Caatinga e florestas da América Latina, Ásia e África.

Segundo o estudo, desde 1930, as secas extremas reduziram o crescimento dos troncos em média 2,5%, mas as árvores conseguiram se recuperar nas estações chuvosas seguintes. No entanto, o aumento na frequência e intensidade das secas, fomentados pelas mudanças climáticas, preocupa os pesquisadores, pois pode superar a capacidade de recuperação das árvores, levando a um declínio mais acentuado no crescimento e a um aumento na mortalidade de árvores.

“Compondo a maior rede pantropical de dendrocronologia já utilizada até o momento, a Embrapa Florestas participou do projeto com dados e análises dendrocronológicas desenvolvidas de espécies-chave da Mata Atlântica, ajudando a entender como diferentes biomas respondem às secas”, explicou Paulo Cesar Botosso, pesquisador da Embrapa Florestas e coautor do estudo. As análises mostraram que, mesmo em florestas úmidas, as árvores estão sentindo os efeitos do clima mais quente, embora ainda consigam se recuperar, afirmou.

Segundo os autores, secas recentes já causaram reduções mais acentuadas no crescimento do caule em comparação com secas anteriores, fazendo com que a recuperação das árvores fique mais difícil.

Apesar da resiliência atual, os cientistas alertam que o aumento da temperatura global pode reduzir a capacidade das florestas tropicais de armazenar carbono, agravando as mudanças climáticas.

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