Aprosoja-GO quer autorização para usar benzoato nas lavouras

Aprosoja-GO e Faeg também apresentaram ao órgão de defesa agropecuária uma série de pareceres técnicos, apontando os prejuízos milionários da lagarta à economia goiana

16.12.2015 | 21:59 (UTC -3)
Laura de Paula

À medida que a safra 2015/16 de soja se desenvolve em Goiás, aumenta a preocupação com o aparecimento de doenças e pragas que possam diminuir o potencial produtivo das lavouras, como a lagarta Helicoverpa armigera. Por isso, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás (Aprosoja-GO) e a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) solicitaram que o Ministério da Agricultura (Mapa) prorrogue a situação de emergência fitossanitária no Estado. Nessa condição, fica autorizada a utilização temporária de algumas medidas e produtos para o controle da H. armigera, como o ingrediente ativo benzoato de emamectina, um dos mais efetivos.

Mesmo se o pedido for aceito pelo ministério, é a Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) quem define se os produtos emergenciais podem ser aplicados nas lavouras. Nos últimos dois anos, Goiás foi incluso na lista dos Estados em situação de emergência fitossanitária, mas não pôde usar o benzoato, pois a Agrodefesa acatou as recomendações de proibição dos Ministérios Público Federal (MPF) e Estadual (MPE).

Em razão desse impasse, Aprosoja-GO e Faeg também apresentaram ao órgão de defesa agropecuária uma série de pareceres técnicos, apontando os prejuízos milionários da lagarta H. armigera à economia goiana e a necessidade de se atender à reivindicação dos agricultores. "A Agrodefesa precisa viabilizar o plano de emergência e liberar o benzoato o mais rápido possível", afirma o presidente da Aprosoja-GO e vice-presidente institucional da Faeg, Bartolomeu Braz Pereira.

Um levantamento realizado pela Faeg, em conjunto com os sindicatos rurais, constatou que, mesmo com um controle intensivo, o complexo de lagartas causa perdas de 5% a 8% na produtividade das lavouras goianas de soja a cada ano. Desse percentual, pelo menos 20% tem relação com a presença de H. armigera. Considerando a produção da oleaginosa nas safras 2013/14 e 2014/15, estima-se que os ataques dessa lagarta acarretaram prejuízos financeiros na ordem de R$ 340 milhões.

Inseticidas encarecem custos

O controle das lagartas tem exigido maior quantidade de pulverizações e o uso de produtos mais caros, o que vem aumentando os custos de produção. Ainda segundo o levantamento nas áreas de soja, o número de aplicações de inseticidas varia de quatro a oito por safra, dependendo do grau de infestação. Somente esse item representa um gasto médio de R$ 200 a R$ 415 por hectare. "Mesmo assim, o combate não se mostra totalmente efetivo", afirma o consultor técnico da Aprosoja-GO, Cristiano Palavro.

Na comparação entre as safras 2012/13 – quando a H. armigera foi identificada em larga escala no Estado de Goiás – e 2014/15, os gastos dos produtores na compra e aplicação de defensivos químicos subiram 72%, com destaque para os inseticidas.

Pesquisa de campo

Desde o início de 2015, a Universidade Federal de Goiás (UFG), a Agrodefesa e o Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro-GO) vêm conduzindo uma pesquisa de campo para monitorar a presença e movimentação das populações da lagarta H. armigera nos sistemas mais usuais de cultivo em Goiás.

O acompanhamento de 54 propriedades agrícolas em 27 importantes municípios produtores distribuídos pelo Estado já indicam a presença dessa lagarta o ano inteiro, em todas as regiões e nos diferentes cultivos, da rotação de soja e milho safrinha a áreas irrigadas com produção de frutas e hortaliças e até em pastagens. "Fica comprovado que a H. armigera tem obtido boas condições de adaptação e proliferação em Goiás, o que nos traz grande preocupação com possíveis novos surtos e prejuízos em relação a essa praga", destaca Palavro.

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