2º Curso de Tecnologia Pós-colheita em Frutas e Hortaliças acontece em agosto
Uma ampla parceria envolvendo instituições públicas nas três esferas propõe a qualificação da vitivinicultura no Norte do Estado do Rio Grande do Sul. Em junho, o processo, iniciado em 2009, teve continuidade com a realização de ‘Dias de campo’ em Planalto (na tarde do dia 18) e em Constantina (na manhã do dia 19). No primeiro município, participaram mais de 90 produtores e extensionistas; no segundo, mais de 40. De caráter prático, a capacitação, sobre as podas de formação e de produção da videira, foi ministrada pelos técnicos Ronaldo Regla e Roque Zílio, da Embrapa Uva e Vinho, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Mapa.
O chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Uva e Vinho, Alexandre Hoffmann, explica que a qualificação se dá no âmbito do programa Mais Alimentos, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). “Embora seja mais conhecido por financiar a aquisição de máquinas para a agricultura familiar, o programa tem um segmento, para capacitação na produção de alimentos, no qual a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária é parceira”, explica Hoffmann. No contexto, o projeto no Norte do RS – que envolve, além de MAPA, MDA e Embrapa, a Emater-RS e as prefeituras locais – é dirigido à melhoria na produção de suco de uva (desde a obtenção de uvas de qualidade até seu processamento), segue o chefe-adjunto. De acordo com ele, para efetivação da proposta, foram implantadas duas ‘Unidades Demonstrativas’ (UDs, áreas nas quais, no caso, se dão as ações do projeto), uma delas em Planalto e a outra em Constantina, de meio hectare cada. Tais unidades são em propriedades de viticultores, “para que o intercâmbio tecnológico entre técnicos, produtores e extensionistas se dê mais efetivamente”, destaca Hoffmann, segundo quem, desde a instalação das UDs, são realizados, anualmente, três ou quatro dias de campo, de modo a abranger os principais estágios do ciclo da videira e também a etapa de processamento da uva. O foco do projeto – a qualificação da produção de suco de uva – foi definido por conta de a região já ser produtora de uvas americanas e híbridas, sendo, portanto, também um potencial interessado no uso de cultivares híbridas desenvolvidas pela Embrapa, detalha o chefe-adjunto.
“A estratégia toda está dando muito certo, especialmente porque se tem uma parceria local muito forte e uma demanda muito clara dos produtores”, avalia Hoffmann. A expectativa é que o conhecimento gerado por conta do processo “extrapole as divisas das propriedades e chegue a outros produtores da região também, resultando na melhoria da produção regional de suco de uva”, reforça o chefe-adjunto.
O testemunho de produtores que têm participado da capacitação no Norte do RS avaliza a iniciativa.
Um dos proprietários da área onde está localizada a Unidade Demonstrativa em Planalto, Ademir Chervinski, relata que, por seguir as orientações dos técnicos da Embrapa, tem observado bons resultados no manejo do parreiral. Nesse sentido, menciona estar evitando tratos culturais desnecessários ou mesmo prejudiciais, como a lavração de terreno depois de implantado o parreiral, prática que agride as raízes da videira.
Dirceu Fontana, 43 anos, também de Planalto, opina que os agricultores, ao participarem dos dias de campo dentro do Mais Alimentos, ficam menos sujeitos a orientações técnicas incorretas. Isso porque, assinala ele, os técnicos da Embrapa repassam apenas recomendações quanto a práticas e produtos com resultados comprovadamente positivos.
Adriane Grison, esposa do proprietário da UD de Constantina, Francisco Grison, diz ser muito bom receber agricultores e técnicos da região em seu parreiral, dada a troca de informações e fortalecimento do grupo. Ela relata que a família cultivava uva antes do projeto, mas, depois que as atividades iniciaram, pôde aprimorar o sistema produtivo – já tendo sido obtidos ganhos em termos de comercialização dos produtos – e, inclusive, aumentar a área de plantio.
O analista da Embrapa Uva e Vinho Rodrigo Monteiro, que reporta os depoimentos, observa que no final deste ano será colhida a segunda safra nas UDs. “Os principais tratos culturais e manejo do parreiral são acompanhados e orientados pela Embrapa”, acrescenta.
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