Alternativas para produção em terras baixas são apresentadas em Dia de Campo

​Com a participação de cerca de 150 pessoas, foi realizada mais uma edição do Dia de Campo Regional do convênio Embrapa/Irga

24.02.2017 | 20:59 (UTC -3)
Fernando Goss

Com a participação de cerca de 150 pessoas, foi realizada nesta quarta-feira (22/02) mais uma edição do Dia de Campo Regional do convênio Embrapa/Irga, nos campos experimentais da Embrapa Pecuária Sul, em Bagé (RS). Em nove estações foram apresentadas alternativas econômicas e novas tecnologias para a utilização das terras baixas, possibilitando ao produtor um melhor aproveitamento destas áreas. Os resultados apresentados são decorrentes de trabalhos e pesquisas desenvolvidos por meio de um convênio entre a Embrapa e Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga). O evento contou com patrocínio das empresas Delta Plastics e Syngenta e apoio da Associação e Sindicato Rural de Bagé.

A Embrapa Pecuária Sul apresentou em duas estações assuntos referentes ao uso de terras baixas e altas. Em uma das estações, cujo tema preponderante era a Integração Lavoura-Pecuária (ILP) em terras altas, o pesquisador Gustavo Trentin e o analista Marcelo Pilon discutiram a influência da época de dessecação da pastagem em sistemas de ILP. Para tanto, foram feitos experimentos com quatro distintos tratamentos: dessecação 30 dias antes do plantio e no dia do plantio; introdução de adubação na pastagem de inverno e outra área com ausência de adubação neste mesmo período. O objetivo foi avaliar a variação da umidade no solo após a dessecação. Segundo Trentin, com a dessecação, elimina-se a transpiração das plantas, gerando perda de umidade somente pela evaporação. “Dessa forma, se perde menos água", explica. Outro aspecto abordado por Marcelo Pilon foi a germinação de sementes na linha e a aplicação de adubo nitrogenado na pastagem de inverno. “Esta ação proporcionou uma melhor emergência das plantas da cultura de verão", afirma Pilon.

Em outra estação, a Embrapa Pecuária Sul apresentou um experimento voltado para produção animal em terra baixas, com a estratégia de utilização de forrageiras de inverno e de verão em sucessão. Conduzido pela pesquisadora Márcia Silveira, no trabalho foram utilizadas as forrageiras azevem no inverno e capim-sudão no inverno, consorciadas com as leguminosas trevo-branco e cornichão. Segundo a pesquisadora, um dos objetivos foi verificar o comportamento das leguminosas na transição das culturas de inverno para verão, possibilitando assim diminuir o espaço de vazio forrageiro. “Com um manejo adequado conseguimos bons resultados em desempenho animal, com ganhos de peso diário de 990 gramas/dia com as pastagens de inverno e até, 1,35 Kg/dia com as de verão.

Na vitrine tecnológica do Irga estavam presentes diversas cultivares orizícolas, fruto do programa de melhoramento genético implementado há mais de 50 anos pelo instituto. Os destaques trazidos, segundo o melhorista Daniel Woldow, além da Irga 424 RI ou CL (cultivar mais produtiva do Instituto), eram as cultivares lançadas em 2013, a Irga 417 (precoce e referência em qualidade), Irga 429 (lançada para o sistema pré-germinado, possui qualidade de grão e produtividade próxima ao 424) e Irga 430 (alta produtividade e resistência a bruzone). Foram apresentadas ao público, também, as linhagens promissoras em ensaios de rendimento, como o caso da FL04489. Segundo os pesquisadores do Irga, esta variedade possui ciclo médio e produtividade acima do 424, além de resistência a bruzone e qualidade de grãos próximo ao 417. Outro aspecto enfocado pelo Irga foi abordar as previsões climáticas, diante da época de colheita que se aproxima. De acordo com o prognóstico da pesquisadora Jossana Cera, a tendência é que as chuvas e temperaturas fiquem dentro da média para o período da colheita.

A Embrapa Clima Temperado (Pelotas-RS), parceira do evento desde a primeira edição, abordou em uma das estações, pelo pesquisador Ariano Martins, o melhoramento genético do arroz, com destaque para as linhagens em testes e as cultivares recentemente lançadas: BR 358, voltada para a culinária japonesa e a BR Pampa e a Pampeira, que se qualificam pela alta produtividade e excelente qualidade de grãos. Na outra estação, o assunto foi o manejo da água para arroz irrigado. De acordo o pesquisador Alberto Petrini, ali se encontravam dois sistemas de manejo para avaliar a redução de uso da água, quando comparada ao sistema tradicional de lâmina de água contínua. Um deles, ainda em fase de experimentação e sem resultados finais, era o sistema intermitente monitorado, que exige equipamentos e mão de obra periódica para medir o nível de umidade no solo mediante o estresse. O outro sistema apresentado foi intermitente, que preconiza a inundação com até 10 ml de água, que deve ser reposta sempre que a lavoura atingir o mínimo de 1 ml. “Verificamos que neste sistema, foram necessárias somente quatro irrigações, gerando uma redução de uso de 60% de água, comparando-se com o sistema contínuo. Além disso, em produtividade, obteve-se dez sacos a mais de arroz", conta o pesquisador. Porém Petrini enfatiza que a ideia não é que o produtor substitua o sistema tradicional de irrigação, mas, sim, que ele tenha alternativas frente a problemas de disponibilidade de água, não precisando abandonar a lavoura.

Outra novidade mostrada no Dia de Campo foi a cultivar de soja BRS 6203RR apresentada pela Embrapa Trigo. Segundo o analista da Embrapa Marcelo Klein, a cultivar tem apresentado bons resultados na metade sul, tanto em terras altas como baixas. Segundo ele, em experimentos realizados na região, a produtividade da cultivar chegou a 60 sacas de soja por hectare. O lançamento oficial da cultivar acontece ainda no mês de março e já haverá sementes para a próxima safra. “Outra vantagem da cultivar é a amplitude do período de plantio, que pode ser realizado entre 21 de outubro e 30 de novembro. Isso é uma qualidade importante para os produtores que utilizam sistemas de integração entre lavoura e pecuária", disse Klein.

A empresa Delta Plastics apresentou em duas estações o uso de politubos para irrigação em lavouras de arroz e soja. De acordo com a empresa, esse sistema, que utiliza mangueiras plásticas, possibilita economia no uso de água e uma maior produtividade nas duas culturas. Já a empresa Syngenta foi responsável por uma estação para apresentar o sistema GroMore. Trata-se de um processo integrado que a empresa disponibiliza para os produtores, aliando tecnologia, assistência técnica e a prestação de serviços.


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