Entrega de fertilizantes e sementes está atrasada em Mato Grosso
São mais de quatro milhões de hectares de área com potencial para irrigação no Tocantins. E isso faz com que as perspectivas sejam as melhores para o aumento na produção de grãos, frutas e verduras. Nestes 24 anos, o Tocantins tem muito motivo para festejar no setor de irrigação. O Governo do Estado, por meio da Seagro – Secretaria Estadual da Agricultura, da Pecuária e do Desenvolvimento Agrário, já investiu, nos últimos 12 anos, cerca de R$ 750 milhões em projetos que levam água às propriedades rurais. Atualmente, o governo possui, em caixa, conforme dados da Direção Geral de Irrigação e Drenagem da Pasta, R$ 69,6 milhões para investir no setor. Além disto, já estão contratados junto a instituições financeiras, cerca de R$ 145,8 milhões.
O secretário da Agricultura, Jaime Café, lembra que a chegada de água às propriedades, além de proporcionar o aumento da produção de grãos, frutas e verduras, está abrindo caminho para a melhoria na qualidade de vida dos agricultores e ainda traz impactos positivos ao meio ambiente. “A região Sudeste do Estado, por exemplo, já foi conhecida pela falta d’ água e pela dificuldade de cultivo de algumas espécies, principalmente, frutíferas. No entanto, a realidade começa a mudar a partir da perenização das águas do Rio Manuel Alves, que também dá nome ao projeto de irrigação implantado na região”, disse.
São mais de 3.700 hectares, divididos em 199 lotes para pequenos produtores e outros 14 empresariais. Através da microaspersão e gotejamento, os produtores cultivam abacaxi, banana, coco, mamão, maracujá e melancia. O diretor de Apoio Operacional aos Perímetros Irrigados da Seagro, Rubens Aires, explica que a principal finalidade é desencadear a realização de outros investimentos no setor agroindustrial, gerando um círculo virtuoso, que resulta em aumento do emprego, elevação da renda, crescimento econômico e desenvolvimento social.
Além do Manuel Alves, há outros cinco projetos de irrigação em andamento ou já implantados; São João, em Porto Nacional; Prodoeste, na região Sudoeste; Gurita, no Centro-Norte do Tocantins; Sampaio, situado no Extremo-Norte; além da revitalização do Projeto Rio Formoso, em Formoso do Araguaia.
No Projeto São João, situado à margem direita do reservatório da Usina Hidrelétrica Luís Eduardo Magalhães, a área total é de 3.361 hectares, divididos em 366 lotes. Através dos sistemas de microaspersão e gotejamento, a água, que chega até os lotes pelos canais de irrigação é utilizada pelos produtores para o cultivo de frutíferas e hortifrutigranjeiros. Cerca de 70% do projeto já está implantado e os produtores já colhem os primeiros resultados. Em pleno período de estiagem, eles podem plantar, cultivar e colher, sem a preocupação com fatores climáticos. “É algo de primeiro mundo, muito bom para todos nós. Não precisamos esperar a chuva porque a água chega todos os dias, o que nos permite plantar a qualquer tempo”, comenta o agricultor Antônio Vieira da Silva, que investe no cultivo de milho para ser vendido ainda verde nas feiras livres da Capital.
A ideia do Governo do Estado foi transformar uma área originalmente destinada apenas a receber uma população impactada pelo enchimento do reservatório da usina em um Polo de Fruticultura Irrigada, proporcionando melhores condições de vida à referida população e a todos que venham a adquirir lotes no perímetro.
Com expectativa de produzir 648 mil toneladas a mais de alimentos oriundos da região das várzeas, o Prodoeste - Programa de Desenvolvimento da Região Sudoeste do Tocantins garantirá ao final da primeira etapa um total de 48,4 mil hectares de áreas irrigadas e ao final de todas as etapas serão 300 mil hectares. Nestas áreas, será possível produzir arroz irrigado, feijão, milho, soja pra semente, melancia, dentre outras culturas, através de sistema de irrigação por inundação (no período chuvoso) e de subirrigação (período de seca). Com a tecnologia será possível explorar 2,5 safras ao ano nestas áreas.
Para a fase inicial da primeira etapa, que deverá ser concluída entre 3 e 5 anos, serão construídas quatro barragens elevatórias de nível nos rios Pium e Riozinho, que garantirão água para irrigação, durante todo o ano. E uma barragem de acumulação como volume útil acumulado de 188 milhões de metros cúbicos. Além disso, o projeto prevê a construção de 65 km de estradas vicinais e capacitação para técnicos e irrigantes. No último mês de agosto, o Governo do Estado assinou junto ao BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento o contrato de empréstimo de US$ 99 milhões para a execução desta fase.
Na região do Bico do Papagaio, abrangendo os municípios de Sampaio, Carrasco Bonito e Augustinópolis, está localizado o Projeto Sampaio, com área piloto de cinco mil hectares, tendo como fonte hídrica o Rio Tocantins. Lá são 98 lotes no total, sendo 63 para pequenos produtores e 35 empresariais. O projeto passa por um processo de revitalização com previsão de término até o fim do ano.
Também tendo como fonte o Rio Tocantins, o Projeto Gurita tem área total de 204 hectares, destinados à produção de frutas e culturas anuais. O foco é a produção de banana, maracujá, abacaxi, mamão e coco, além das culturas anuais.
Em operação desde 1979, o Projeto Rio Formoso é pioneiro do Estado quando se fala em técnicas de irrigação. Situado na região Sudoeste, o projeto utiliza sistemas de irrigação do tipo inundação e subirrigação, em uma área de 27.787 hectares para cultivo de arroz irrigado no período chuvoso, e para soja (produção de semente), milho, feijão e melancia no período seco. Devido à falta de manutenção de sua infraestrutura, o projeto passou por um momento de comprometimento de seu pleno funcionamento e, agora, passa por estudos de revitalização para que sejam restabelecidas as condições originais das infraestruturas de uso comum. Após este processo, será criado um Distrito de Irrigação, para que deste modo os irrigantes sejam responsáveis pela administração, operação e manutenção.
A produção de alimentos é prioridade do Governo do Estado, mas as ações desenvolvidas nos projetos de irrigação recaem ao Tocantins um caráter significativo na proteção da biodiversidade, como explica o diretor de Sustentabilidade do Agronegócio da Seagro, Corombert Leão de Oliveira. “O resultado direto é a proteção da biodiversidade e o indireto é a produção agrícola. Porque enquanto não planta, há um aumento das reservas hídricas de solo, diminuição da mortalidade de peixes e animais, constância da condição climática em termos de umidade relativa para manutenção da vegetação”, explica o diretor.
Os projetos também possibilitam outras atividades econômicas na região, como turismo ecológico, o fotográfico, o esportivo/náutico (barco, jet ski e vela) e a produção de peixes (piscicultura). Segundo Corombert, a implantação dos projetos de irrigação propicia mais resultados imediatos dentro da questão ambiental, do que da produção de grãos. “O objetivo final é a produção agrícola, porque sem água não se produz, mas vamos colhendo outros benefícios no decorrer do tempo”, acrescenta.
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