PR Safra 2024/25: geadas comprometem a produtividade do milho
Colheita do milho 2ª safra avança para 40%, mas perdas são registradas em áreas de silagem
Representantes do agronegócio brasileiro reuniram-se nesta terça-feira (15), em Brasília, com ministros e secretários do governo federal para discutir os impactos da decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. O encontro contou com a presença dos ministros Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), além de líderes de importantes cadeias produtivas como carne bovina, frutas, suco de laranja e café.
Durante a reunião, os representantes do setor manifestaram apoio às tratativas do governo federal junto às autoridades norte-americanas e apresentaram um cenário preocupante caso o tarifaço entre em vigor a partir de 1º de agosto. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Roberto Perosa, a taxação tornaria inviável a exportação de carne bovina para os EUA. Ele afirmou que frigoríficos já começaram a suspender a produção e alertou que cerca de 30 mil toneladas de carne estão em trânsito, entre portos e embarques já realizados.
“Nossa sugestão imediata é prorrogar o início da vigência da tarifa. Existem contratos em andamento. O setor já paga cerca de 36% em taxas; aumentar para 50% inviabiliza completamente as exportações”, destacou Perosa.
A situação também preocupa os produtores de frutas. O presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Guilherme Coelho, relatou o impacto direto da medida sobre os exportadores de manga. De acordo com ele, cerca de 2,5 mil contêineres já foram contratados para o envio da fruta aos Estados Unidos, e a mudança abrupta nas regras pode comprometer toda a operação.
“Não há como redirecionar essa produção à Europa de forma imediata. Falta estrutura logística. E jogar essa manga no mercado interno vai colapsar os preços. Precisamos de uma definição rápida para evitar perdas e desemprego em massa”, afirmou Coelho.
Outro setor atingido é o de suco de laranja. Segundo o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), Ibiapaba Netto, os EUA representam 40% das exportações brasileiras da fruta, e cerca de 70% do suco de laranja consumido pelos norte-americanos tem origem no Brasil. Netto defendeu o diálogo e a busca por uma solução diplomática.
O segmento do café, responsável por um terço do consumo norte-americano, também participou da mobilização. O presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcio Ferreira, reforçou a competitividade do café brasileiro e agradeceu os esforços do governo para manter o acesso a mercados estratégicos.
O setor agro apoia as negociações conduzidas pelos ministros Geraldo Alckmin e Carlos Fávaro, e reforça que alimentos e produtos agrícolas sejam retirados da lista de itens tarifados. A expectativa é que, com articulação e diplomacia, o Brasil consiga reverter a decisão ou ao menos adiar sua aplicação, evitando prejuízos à cadeia exportadora.
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