Estudo revela como plantas se adaptam a estressores ambientais
Sinalização de imunidade das plantas pode auxiliar no desenvolvimento de tolerância a estressores abióticos, como a alta salinidade
No rastro das mudanças climáticas em todo o mundo, com reflexos na produção agrícola, na Europa há ondas de calor e secas no sul do continente e os invernos tornaram-se mais amenos e úmidos no Norte. São tendências que já afetam a agricultura e a segurança alimentar, e terão mais ênfase no futuro. Pesquisadores de 24 instituições de 15 países europeus, liderados pela Universidade de Aarhus, da Dinamarca, começam a se debruçar sobre o problema buscando meios de contornar as dificuldades que já começam a surgir.
Até agora existiam apenas experimentos de campo e diferentes modelos de cultivos usados para avaliar medidas de adaptação às variações climáticas, uma abordagem com limitações. Por isso foram reunidos especialistas de 15 países em busca de precisão, explica o professor do departamento de Agroecologia da Universidade de Aarhus, Jørgen E. Olesen. Os primeiros resultados estão publicados no European Journal of Agronomy.
Foram consultados especialistas entre os que se dedicam à pesquisa de campo, já afeitos às mudanças climáticas em suas regiões. O ponto de partida foram cinco culturas: trigo, colza, milho, batata e uva, as mais cultivadas e importantes da Europa. Todas as mudanças observadas estão mapeadas, assim como os padrões de cultivo. O mais importante: está em análise o quanto das mudanças pode ser atribuído às alterações climáticas.
Olesen diz que já se nota diferenças regionais claras nas ações observadas nas cinco culturas. Embora a Europa geograficamente não seja tão grande, alterações do clima afetam o continente de maneiras diferentes. No Norte o calendário do trabalho de campo mudou e novas culturas e variedades foram introduzidas. Ele explica que uma das mudanças mais significativas no futuro será uma estação de crescimento mais longa. As temperaturas sobem até no Norte e há mudanças em especial nos meses de inverno, que será mais ameno. Mas as mudanças maiores virão mesmo é no Sul, que já sente efeitos de seca, calor extremo e chuvas irregulares.
Basicamente haverá mais seca e temperaturas mais altas no Sul e centro da Europa e as pessoas estão fazendo ajustes em termos de gestão de água e solo. Já se introduzem variedades de culturas com melhor tolerância à seca. Mas não há lavouras que cresçam sem água. E com o aumento do calor surgirá necessidade de mais água e a pressão de evaporação também aumentará, diz. A maioria das adaptações são encontradas na região mediterrânea.
Importante, salienta Olesen, é que são necessárias abordagens mais avançadas para o gerenciamento integrado de pragas e sistemas de alerta precoce em toda a Europa agora e ainda mais no futuro, mas é importante estar ciente das diferenças de riscos e extremos em diferentes regiões. Espera-se que as mudanças no calendário e nos métodos de gestão do campo, fertilização, proteção das plantas e novos métodos de conservação da humidade do solo se tornem medidas de adaptação proeminentes em toda a Europa. O estudo mostra que, particularmente no sul, já estão implementadas e planejadas medidas para ajudar a garantir o futuro da produção de alimentos. Mas é preciso fazer mais, pois não é apenas a escassez de água e as altas temperaturas que causarão problemas para a agricultura futura na Europa.
"As ervas daninhas, doenças de plantas e infestações de fungos também vão causar problemas, então precisamos trabalhar nisso também. E aqui temos outro desafio, pois teremos que eliminar os pesticidas ao mesmo tempo. Outro problema serão os insetos, que proliferam em temperaturas mais altas. Os insetos vão afetar nossos sistemas de cultivo, e precisamos encontrar novas maneiras de limitar seus efeitos nocivos", diz Olesen.
E salienta que existe simplesmente a necessidade de uma política agrícola centrada em todos os desafios que a agricultura europeia irá enfrentar e que isso não pode ser alcançado apenas por uma orientação global da União Europeia, mas que é necessário um foco regional para abarcar as diferenças marcantes na forma como as alterações climáticas irão afetar as diferentes regiões do continente.
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