Agricultor registra dados históricos da chuva em Alegria/RS

Com um caderno na mão e olhos no céu, o agricultor Olíbio Reidel, de 62 anos, é conhecido por muitos moradores de Alegria, no Noroeste gaúcho, como o "homem do tempo". Nas folhas amareladas de um caderno, está registrado o histórico de chuvas dos últimos 15 anos no município.

"Comecei a anotar a partir da amizade que tinha com a equipe da Emater. Coloquei o pluviômetro na propriedade e passei a registrar os dados por curiosidade e para ter um controle do volume de chuvas", conta o agricultor, que cultiva diversos produtos para autoconsumo como pepino, abóbora, melancia e mandioca. O interesse pelo tempo contagiou também a família. Quando Olíbio não está em casa, é a esposa, Ede Reidel, que registra. "É simples, e eu também gosto", conta.

O registro apresenta interessantes aspectos do clima em Alegria, município com cerca de 4.300 habitantes, segundo o último Censo do IBGE, sendo que 2.716 vivem no meio rural e garantem seu sustento na agricultura.

Localizado em um local aberto e alto, o pluviômetro registra dados desde 1997. A média histórica mensal de chuva, nos últimos 15 anos, revelada por meio do equipamento é de 195 mm. Em 1997, por exemplo, a média mensal de chuva foi de 260 mm. Em 2012, foi registrada a menor média desde que iniciaram os registros: 140,42 mm. No mês de março, o agricultior registro apenas 30 mm e, em maio, 16,5mm. O pico do volume de chuva foi em outubro, quando houve um acumulado de 425 mm.

As informações registradas tornaram-se fonte para diferentes entidades, prefeitura e curiosos. Até mesmo alunos de escolas realizam visitas ao local.

E o registro, pelo o que tudo indica, deve seguir por vários anos. "Quero continuar até o resto dos meus dias", afirma Olíbio.

De acordo com a extensionista da Emater/RS-Ascar Vera Waechter, embora os dados não sejam considerados oficiais, o controle é interessante para se ter uma noção das precipitações pluviométricas no município, pois não há nenhum medidor oficial. “São dados importantes para análise e proposição de ações que previnam momentos críticos de falta de água”, salienta a extensionista.