9º Congresso Brasileiro do Algodão começa hoje

03.09.2013 | 20:59 (UTC -3)
Assessoria de Imprensa

Produtores de algodão já amargaram este ano prejuízo na ordem de R$ 10,7 bilhões por causa da praga da lagarta Helicoverpa spp, cujo ataque se intensificou no início deste ano nas lavouras dos principais polos da cultura no País. O levantamento das perdas foi revelado ontem (02/09), durante entrevista coletiva à imprensa realizada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) sobre o 9º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), que acontecerá de amanhã (03/09) até sexta-feira, no Hotel Royal Tulip Brasília Alvorada.

“Não podemos importar defensivos adequados por falta de estrutura dos órgãos do governo federal responsáveis pelos registros dos produtos”, reclamou Milton Garbugio, presidente do 9º CBA e da Associação Mato-grossense dos Produtores do Algodão (AMPA), realizadora do Congresso.

Segundo Garbugio, a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] proibiu a utilização de produtos contra a praga que já vêm sendo usados há muitos anos por outros grandes players do mercado do algodão em pluma, como os Estados Unidos e a Austrália.

Garbugio também explicou que a lagarta já está presente em todas as regiões produtoras do País, como Bahia, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. O quadro é mais grave no Oeste baiano, onde as perdas são estimadas em R$ 1,5 bilhão.

Essa edição do Congresso do Algodão aborda a questão da Helicoverpa spp dentro do tema geral “Algodão, Gestão e Otimização de Resultados”, que será dividido em duas etapas. “Adotamos estrutura diferenciada das outras edições, com dois dias dedicados ao Módulo Negócios e dois ao Módulo Científico, para dar mais dinâmica aos debates e garantir a participação maior dos congressistas”, disse Garbugio.

Decreto presidencial

Participante da entrevista coletiva, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Gilson Pinesso, afirmou que a solução ao impasse em torno da Helicoverpa spp será a edição pela presidenta Dilma Rousseff de um decreto presidencial. Essa medida poderá autorizar a importação dos defensivos testados no exterior com bons resultados no combate à Helicoverpa spp.

De acordo com o dirigente da entidade, o Mapa ficou sensível ao problema e editou uma ordem para permitir a importação dos defensivos comprovadamente eficientes para o controle da praga. No entanto, a iniciativa não foi endossada pela Anvisa.

“Os produtos autorizados para uso não possuem eficiência para combater a lagarta e os produtos capazes de eliminar a Helicoverpa existentes no mercado internacional não têm licença para a importação”, apontou Pinesso.

Para o dirigente da entidade, não procede, entretanto, a preocupação ambiental com a importação de defensivos já testados em outros países. “Estamos fazendo mais de dez aplicações quando, se tivéssemos as ferramentas adequadas, estaríamos realizando apenas duas, com menos impacto para o meio ambiente e menos custo para o produtor”, comparou.

O dirigente da Abrapa destacou que o Brasil é o quinto maior produtor mundial do algodão e contribui decisivamente para garantir matéria-prima à indústria têxtil nacional, uma das maiores fontes de geração de emprego no País.

“São cerca de R$ 30 bilhões gerados em toda a cadeia produtiva do algodão. São recursos que movimentam a sociedade”, destacou.

Reunião ministerial

Também presente na coletiva, o representante da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e integrante da Comissão da Agricultura da Câmara, deputado federal Oziel Oliveira (PDT-BA), afirmou que as perdas não são somente econômicas, mas já se refletem nas áreas social e ambiental.

“Na região Oeste da Bahia, onde o algodão emprega muitas pessoas, já se registra desemprego na cadeia produtiva, reflexo dos prejuízos causados pelas perdas no campo”, comentou o parlamentar.

Por isso, o deputado aprovou na Comissão da Agricultura uma convocação de ministros do governo federal para debater uma solução ao problema. Em resposta, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffman, ofereceu uma reunião de trabalho para tratar do tema, nesta quarta-feira no Palácio do Planalto.

Da reunião também vão participar os ministros da Agricultura, Antonio Andrade; da Saúde, Alexandre Padilha; do Meio Ambiente, Izabella Teixeira; e da Justiça, José Eduardo Cardozo.

A FPA promoverá um almoço nesta terça-feira, no Hotel Royal Tulip Brasília Alvorada, como parte da programação do 9º CBA.

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