Soja e milho: como o mercado se comportou - 13/02/2023

Cotações brasileiras da soja poderão ter uma semana de queda, prevalecendo a desvalorização do dólar e a evolução da colheita, enquanto as previsões climáticas vão se confirmando

13.02.2023 | 15:26 (UTC -3)
Ruan Sene, Grão Direto
Cotações brasileiras da soja poderão ter uma semana de queda, prevalecendo a desvalorização do dólar e a evolução da colheita, enquanto as previsões climáticas vão se confirmando; Foto: Wenderson Araujo/CNA
Cotações brasileiras da soja poderão ter uma semana de queda, prevalecendo a desvalorização do dólar e a evolução da colheita, enquanto as previsões climáticas vão se confirmando; Foto: Wenderson Araujo/CNA

Para soja, a última semana foi marcada pela atualização dos números de oferta e demanda mundial pelo USDA, pelas reduções de expectativas de produção na Argentina e exportações norte-americanas. Diante disso, o contrato com vencimento em março/23 encerrou a semana sendo cotado a U$15,43 o bushel (+0,72%) e o com vencimento em maio/23, a U$15,33 o bushel (+0,46%).

O relatório de Estimativas de Oferta e Demanda Agrícola Mundial (WASDE), divulgado no último dia 08/02, apresentou atualizações em alguns números. Por conta da baixa demanda de exportações norte-americanas, houve um aumento de 6,5% nos estoques finais dos EUA. Na Argentina, aconteceu mais um decréscimo da expectativa de produção, de 4,5 milhões de toneladas, refletindo a adversidade climática que o país vem sofrendo. Essa diminuição também impactou no volume de exportações de 1,5 milhões de toneladas, consequentemente, passando essa demanda para o Brasil, que teve um aumento de 1 milhão de toneladas nas estimativas de exportações.

Ainda sobre o país vizinho, de acordo com a Bolsa de Rosário, em seu último relatório de estimativas de produção, houve mais uma redução da produção de 7%, em relação a fevereiro, podendo ser a menor safra desde 2009. Os dados mostram que houveram poucas alterações climáticas no país, contribuindo para uma possível confirmação do relatório dos Estados Unidos, que apresentou pessimismo em relação à Argentina.

Em relação às exportações norte-americanas, a China se mostrou bastante presente nas compras, sendo responsável por cerca de 65% do total de 1,8 milhões de toneladas. Esse número representa uma queda de 7% em relação à semana anterior. A soja brasileira, nesse momento, está mais atrativa do que a soja norte-americana.

O dólar teve uma semana de muita oscilação, apresentando uma valorização de (+1,36%), finalizando a sexta-feira sendo cotado a R$ 5,22. O cenário brasileiro foi o principal impulsionador da alta, diante de conflitos políticos com o Banco Central a respeito das políticas monetárias vigentes, reforçando os riscos fiscais do país. Além disso, no cenário externo, após a divulgação dos dados de emprego aquecidos, o representante do Banco Central dos EUA, informou que poderá retomar um ritmo acelerado dos aumentos das taxas de juros dos Estados Unidos nas próximas reuniões.

Com a alta do dólar e Chicago, as cotações brasileiras tiveram uma valorização, em relação à semana anterior.

O que esperar do mercado para soja?

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) continua indicando muita chuva para boa parte do país nesta semana, inclusive no Rio Grande do Sul, que vem sofrendo com a seca. Na região Central do Brasil, a continuidade das precipitações poderá provocar mais atrasos na colheita de soja, que se intensificará em todo o país a partir da primeira quinzena de fevereiro. Já na Argentina, o clima irá continuar seco e quente, agravando ainda mais a situação das lavouras.

Com a evolução da colheita no Brasil, os números de exportações devem continuar crescendo durante o mês de fevereiro, podendo marcar o início de uma demanda maior da soja brasileira. A China deverá ser o principal destino da oleaginosa.

O dólar, apesar da alta na semana anterior, poderá continuar com sua tendência principal de queda. A manutenção da taxa de juros no Brasil em níveis elevados, somado ao arrefecimento do aperto monetário do Banco Central dos EUA, mantém o Brasil bastante atrativo.

Diante desse cenário, as cotações brasileiras poderão ter uma semana de queda, prevalecendo a desvalorização do dólar e a evolução da colheita, enquanto as previsões climáticas vão se confirmando.

Milho

A semana passada foi marcada pela continuidade do atraso no plantio da safrinha 2023, condições climáticas desfavoráveis na América do Sul e atualização dos números de oferta e demanda mundial pelo USDA. Sendo assim, as cotações de Chicago finalizaram a semana sendo cotadas a U$6,81 o bushel (+0,59%) para o contrato com vencimento em março/23.

O relatório de Estimativas de Oferta e Demanda Agrícola Mundial (WASDE), divulgado no último dia 08/02, apresentou atualizações em alguns números. Por conta da baixa demanda de exportações norte-americanas, houve um aumento em torno de 2% nos estoques finais dos EUA. Na Argentina, aconteceu mais um decréscimo de 5 milhões de toneladas da expectativa de produção, refletindo a adversidade climática que o país vem sofrendo. Essa diminuição também refletiu no volume de exportações, consequentemente passando essa demanda para o Brasil, que teve um aumento de 3 milhões de toneladas nas estimativas de exportações.

Os dados de exportação divulgados pelo relatório do USDA, se mostraram recuados com um volume exportado menor em relação à semana passada. Porém, o que prevaleceu no cenário internacional, foi a escalada da guerra e sanções europeias à Rússia. As exportações do cereal tiveram seu ritmo desacelerado, principalmente pelas dificuldades que a Ucrânia tem tido no corredor de exportação, amplificadas pelos recentes ataques ao país.

O atraso na colheita da soja brasileira continua atrasando o plantio do milho safrinha 2023. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o plantio da safrinha segue com atraso de 11,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Mato Grosso semeou apenas 19,8% da sua área, contra 42,6% do ano passado.

O que esperar do mercado para milho?

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) continua indicando muita chuva para boa parte do país nesta semana, inclusive no Rio Grande do Sul, que vem sofrendo com a seca. Na região Central do Brasil, a continuidade das precipitações poderá provocar mais atrasos na colheita de soja, que consequentemente, impacta no plantio de milho na safrinha 2023. Já na Argentina, o clima irá continuar seco e quente, agravando ainda mais a situação atual das lavouras e potencialmente gerar um aumento na demanda brasileira.

Os números de exportações devem diminuir nas próximas semanas, porém, o cenário de oferta do cereal deve continuar apertado devido a quebra de safra na Argentina e redução da safra da Ucrânia, somado aos problemas ocasionados pelo conflito geopolítico. Esse cenário deve continuar até o início da colheita na Europa.

Tensões envolvendo Rússia e Ucrânia, que impactam as exportações de milho, poderão trazer muita oscilação em Chicago, diante do cenário apertado citado anteriormente.

Sendo assim, as cotações brasileiras poderão ter uma semana de valorização em relação à semana anterior.

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