Sistema Plantio Direto tem desafios e metas a serem atingidas nos próximos 10 anos

Conferência de lançamento do 1º Encontro Mundial do Sistema Plantio Direto e do 18º Encontro Nacional de Plantio Direto na Palha será ministrada no dia 27 de outubro

26.10.2021 | 20:59 (UTC -3)
Imprensa Conexão Agro

Prática que revolucionou a agricultura brasileira, o Sistema Plantio Direto (SPD) teve avanços significativos em seus quase 50 anos de existência, mas ainda enfrenta desafios e metas a serem atingidas, como saltar dos 36 milhões de hectares de Plantio Direto em 2020 no País para 48,5 milhões de hectares nos próximos 10 anos.

Com foco na sustentabilidade do ambiente produtivo, a conferência com o tema "Sistema Plantio Direto preservando o solo, a vida e as gerações futuras" marca nesta quarta-feira, dia 27 de outubro, o lançamento oficial do 1º Encontro Mundial do Sistema Plantio Direto e do 18º Encontro Nacional de Plantio Direto na Palha, a serem realizados em 2022. Os eventos têm promoção da Federação Brasileira do Sistema Plantio Direto (FEBRAPDP) e da Confederação de Associações Americanas para Agricultura Sustentável (CAAPAS).

Para ministrar a conferência de lançamento, em formato on-line, a comissão organizadora convidou uma personalidade com representatividade em sua área de atuação, o professor João Carlos de Moraes Sá (Juca Sá), também presidente da Comissão Técnico-Científica da FEBRAPDP e coordenador do Projeto Nacional "Sistema Plantio Direto: base para Agricultura Sustentável" da Federação Brasileira do Sistema Plantio Direto em parceria com o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa).  A palestra é gratuita e será exibida às 15 horas, nas páginas da FEBRAPDP no Facebook (disponível aqui) ou no YouTube (disponível aqui).

"O evento mundial será um marco histórico porque vamos celebrar 50 anos do Sistema Plantio Direto na América Latina, prática que começou em 1972 com o produtor Herbert Bartz, de Rolândia-PR, e, desde então, se espalhou pelo Brasil como uma das principais estratégias para a sustentabilidade do ambiente produtivo",  afirma Juca Sá.

De 1972 para cá, houve fases marcantes na evolução do Sistema Plantio Direto, desde as preocupações em conseguir controlar a erosão, desenvolver máquinas para o plantio e manejo da palhada, fazer o controle de plantas daninhas, o manejo da acidez do solo através uso da calagem, a adaptação de cultivos de cobertura e rotação de cultivos para os distintos ambientes e a postulação dos princípios fundamentais que regem o SPD.

A partir de 2012, a qualidade do SPD veio à tona e  isso deixou muito claro que para ter sucesso com o Plantio Direto era preciso praticar os seus princípios, que são basicamente os três grandes pilares: o  não revolvimento do solo (restrito à linha de semeadura ou covas para mudas), a cobertura permanente do solo com plantas vivas ou palhada e, a diversificação de plantas na rotação de cultivos.

A assistência técnica ao produtor rural teve papel fundamental neste processo, bem como a atuação de cooperativas e entidades de produtores de diversos locais, em especial da FEBRAPDP, que motivadas conseguiram articular e implementar várias ações. "Nesses 50 anos tivemos preocupações e incertezas, mas hoje passamos a entender o sistema como uma estratégia de produção de alimentos em harmonia com a natureza. Esse é o principal ganho", afirma o professor Juca Sá.

"Estamos conscientes de que para aumentar a produção em SPD não precisamos derrubar sequer um pé de árvore. Temos informação e tecnologias para gerar um crescimento vertical e colocar o sistema nessa integração harmonizado com a natureza, ou seja, dentro desta visão mais recente de que preservar o ambiente é fundamental", explica Juca Sá.

Dos 36 milhões de hectares em Plantio Direto no País em 2020, somente entre 10% a 15% praticam o SPD fundamentado nos três pilares. Cerca de 85% a 90% da área, que hoje é contabilizada como Plantio Direto, aplica um ou dois pilares. "Isto significa que uma parcela expressiva dos produtores não está aplicando os três princípios fundamentais  adequadamente",  afirma, acrescentando que a consequência da ocorrência da compactação e erosão dos solos têm sido noticiados.

Com o evento, diz o professor, a FEBRAPDP quer dar mais um pontapé para que o País chegue em 2030 com 12,54 milhões de hectares a mais em Plantio Direto. "E se chegarmos em 2030 a 48,5 milhões de hectares em Plantio Direto de grãos, sendo 35% a 50% em SPD (fundamentado nos três pilares) e não 10% a 15% como é hoje, daremos um passo gigante na agricultura brasileira",  prevê.

Dentro deste contexto, o professor vislumbra outros benefícios com o aumento da área em Sistema Plantio Direto. "Ampliando a área, teremos recuperação da vida e biodiversidade do solo, maior produtividade, sequestro de carbono, mitigação dos Gases de Efeito Estufa (GEE) e redução do impacto ambiental.  O SPD tem uma contribuição fabulosa nessa mitigação", acrescenta.

Juca Sá destaca números relevantes sobre a Emissão de Gases de Efeito Estufa no Brasil, contabilizados no Relatório da Secretaria de Assuntos Estratégicos do Mapa (2020). As emissões de 2019, contabilizadas em 2020, eram de 2,17 bilhões de toneladas de CO². Desse montante, as emissões envolvendo a mudança de uso da terra (basicamente referente ao desmatamento) responderam por 44%.

O relatório aponta que toda cadeia do agronegócio foi responsável por 592,3 milhões de toneladas de CO² equivalente, ou seja, 28%; a energia respondeu por 19%, ou 409 milhões de toneladas; a indústria por 5%, ou 101 milhões de toneladas de CO²; resíduos 4%.

"A boa notícia é que em 2020 o Plantio Direto, da forma como ele está, contribuiu para mitigar 59,5 milhões de toneladas de CO², ou seja, 10,4% das emissões do agronegócio. E, se praticarmos o sistema SPD na sua plenitude, podemos chegar a 211 milhões de toneladas de CO²;  o que corresponderia a 35% do que o agro está emitindo", enfatiza.

Juca Sá defende a implementação de um plano maciço de treinamento com o intuito de mostrar de uma forma consolidada, robusta e bem fundamentada para o setor do agronegócio, que é possível ganhar dinheiro preservando o meio ambiente. "Sem treinar as pessoas nós não vamos ter efetividade na implantação do SPD'', alerta.

Para isso, a FEBRAPDP trabalha com foco no treinamento e ao mesmo tempo no desenvolvimento de "sistemas sustentáveis de produção sem a necessidade de derrubar uma árvore e colaborar na preservação ambiental e das gerações futuras".

Os sistemas sustentáveis, destaca Juca Sá, são aqueles que tecnicamente produzem muito, economicamente têm uma elevada lucratividade, ambientalmente preservam os recursos naturais e socialmente são justos e beneficiando a sociedade local, estadual e nacional.

"Não tem como falar em sustentabilidade se você abdicar de um desses pontos. É isso que temos que trabalhar, um sistema com essa visão, porque se aliarmos alta produtividade com preservação ambiental, às gerações futuras terão o legado do solo para se desenvolver", complementa Juca Sá.

Serviço

Lançamento oficial do 18°Encontro Nacional do Plantio Direto na Palha e 1° Encontro Mundial do Sistema Plantio Direto

Data: 27 de outubro de 2021

Horário: 15 horas (horário de Brasília)

Onde: Facebook: aqui / YouTube: aqui

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