Alta do dólar tende a favorecer o agronegócio, avalia coordenador do Cepea
A opinião é do coordenador científico do Cepea/USP (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo), Geraldo Barros
A fazenda Platina, localizada na cidade de Santa Carmen, na região médio-norte de Mato Grosso, se tornou referência quando o assunto é sistema de integração Lavoura-Pecuária (ILP). Hoje a fazenda tem suas atividades bem definidas, 50% da propriedade produz soja e os outros 50% está destinada a atividade de criação bovina.
A implantação do sistema começou em meados dos anos 2000. De acordo com o gestor técnico, Juliano Antoniolli a fazenda Platina foi pioneira na implantação do sistema no Estado com a integração com arroz. Em 2004, inseriram a soja. “Também já fizemos a ILP com bovinocultura de corte, mas atualmente por uma questão de estratégia, seguimos outro caminho, também lucrativo e com muitos benefícios gerados”, diz Antoniolli.
Segundo o gestor técnico da fazenda, os benefícios da ILP são muitos. Além de gerar mais dinheiro no bolso, agronomicamente falando, proporciona um aumento de matéria orgânica e da atividade biológica do solo, como enxofre, cálcio e potássio. Além disso, o manejo integrado promove ainda, ótima conservação do solo, evitando lixiviação de nutrientes e erosão hídrica e eólica. “Podemos dizer ainda que contribui para manter uma temperatura mais amena no período de plantio, além da reciclagem de nutrientes, supressão de plantas daninhas e a quebra do ciclo de pragas e doenças”, detalha o produtor.
Com tudo isso a produtividade da fazenda aumentou. Nas últimas três safras, a média da propriedade com a oleaginosa foi de 66.8 sacas por hectare, enquanto a média nacional, segundo a Conab, foi de 56 sacas por hectare na safra 2018/2019. Ou seja, Antoniolli colhe 10 sacas a mais que o índice no restante do País.
Além disso, hoje 100% da área da fazenda é mecanizada e está apta a receber lavouras. “Esse sistema permite que a propriedade produza o ano todo em toda a fazenda, além da diversificação de renda. Se um negócio não vai bem, tenho o outro lado que segura, ou podem ir todos bem. Além de vender carne, vendemos grãos também, dentre outras opções que o sistema nos dá”, destaca Antoniolli.
O sistema de funcionamento da ILP no caso da fazenda Platina é bem estruturado. Durante a entressafra, de março a outubro, 100% da área de produção, os 2.400 hectares, viram pastagem dedicada as 2.200 matrizes da raça Nelore em reprodução. “Nossa taxa de prenhes é de 85% por meio somente de inseminação artificial. A primeira realizamos com sêmen Nelore. As que não emprenharam são inseminadas novamente, dessa vez com a raça Angus. Vendemos os machos, e as melhores fêmeas retemos para a reposição. As vacas que não emprenham e novilhas que não atendem ao padrão também são comercializadas”, diz o produtor. Assim como pretende a ILP, após a entressafra, sai o gado e entra o cultivo de soja na metade da área de produção.
Outra importante consequência que a ILP pode trazer para o produtor é a melhora ou recuperação do solo. Antes de iniciar o sistema, Antoniolli conta que a terra na fazenda tinha alto índice de acidez, estava degradada e tomada por plantas daninhas. “Utilizávamos também muita mão de obra para roçada de pastagem e limpeza. Ainda assim as daninhas sempre voltavam pela falta de controle químico eficiente. Então optamos na época em plantar arroz para ajudar nesse preparo do solo e depois inserir a pastagem. Vimos que dava resultado e que a qualidade do pasto era outra. Toda essa adubação e essa correção de solo para a agricultura foi benéfico para a pastagem também”, conta o gestor.
A partir desse primeiro teste, eles não pararam mais e hoje em vez de gradear e revirar a terra, optam por inserir a agricultura e na safra seguinte estão com a pastagem renovada. Com pasto de qualidade, das 1.500 cabeças de gado iniciais, hoje já são mais de 3 mil na média anual.
As pastagens da fazenda são compostas hoje por 80% de Brachiaria BRS Piatã, 10% de Panicum BRS Zuri e 10% de Brachiaria BRS Ipyporã. As sementes forrageiras utilizadas são da Sementes Oeste Paulista (Soesp). “Essa parceria começou em 2014. Além de usar, recomendo os produtos da empresa por conhecê-la, saber quem são os proprietários, ter conhecimento da índole da companhia e da filosofia dela também. São sementes de extrema qualidade. Qualquer problema é resolvido rapidamente”, aponta Antoniolli.
Outro ponto destacado pelo produtor é a qualidade das sementes, que são dotadas de tecnologia Soesp Advanced, com blindagem. “A pureza das sementes faz com que possamos utilizar o mesmo maquinário de plantio de grãos no plantio da pastagem. O produto consegue nos fornecer precisão e qualidade na hora de semear, além da segurança da semente tratada”, completa Antoniolli.
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