Produtores dos vinhedos utilizam tecnologia europeia para potencializar produtividade

Bioinsumo desenvolvido na Irlanda reforça resistência à estiagem

09.11.2020 | 20:59 (UTC -3)
Comunicação AgroUrbano

Na serra gaúcha, o trabalho nos parreirais não para. Mas a dedicação de um ano inteiro nem sempre é suficiente para garantir uma boa colheita de uvas. Até o momento, a chuva vem sendo suficiente, mas com a confirmação do fenômeno La Niña, a possibilidade de um segundo verão com estiagem acende o sinal de alerta entre os vitivinicultores.

Enquanto alguns vinhedos estão em plena floração, em outros essa fase recém encerrou. “Aqui já limpou, agora já estão todas com o grãozinho”, conta Fernando Gromowski, que cultiva oito hectares de uvas no distrito de Tuiuty, em Bento Gonçalves. Terceira geração de uma família dedicada ao cultivo de uvas, ele se diz atento às previsões do tempo e trabalha para manter as plantas em boas condições e superar a safra passada. “Em 2020 eu tive que colher mais cedo porque ela (a uva) veio forçada, então perdeu um pouco por causa do peso, conseguimos 200 mil quilos. Esse ano, se não der seca forte, vai ser melhor. Faz parte da vida do agricultor”.

Fernando aposta em uma tecnologia europeia para que o vinhedo supere as intempéries. Desde o início do ciclo, utiliza o fortalecedor de plantas Super Fifty no cultivo, onde predominam as variedades Bordô, Isabel comum e Isabel precoce. “Comecei quando os brotos tinham cinco centímetros e eu aplico mais ou menos a cada dez dias. Nesse tempo, eu notei o pegamento de flor, as parreiras ficaram mais vigorosas, os cachos alongaram, ficaram de palmo. E as folhas bem mais verde escuras, muito bom o produto”, comemora o pequeno produtor, que destina toda a produção para a Cooperativa Vinícola Aurora, referência nacional na produção de sucos e vinhos.

“Aqui no Rio Grande do Sul temos uma variação climática muito grande, o Super Fifty é uma ferramenta que ajuda o produtor a minimizar o estresse oxidativo da planta. Ele atua neutralizando os radicias livres, principalmente nas fases definitivas para a planta, como reprodução e divisão celular, que podem afetar a produtividade. É uma ferramenta de grande complemento, fornece uma série de vantagens para que essa planta se desenvolva muito bem onde quer que ela esteja”, explica Francisco Bino, consultor técnico da BioAtlantis, empresa irlandesa de biotecnologia que está no mercado desde 2007.

Períodos como chuva insuficiente, dias com grande incidência solar e temperaturas acima dos 30 graus, provocam o estresse oxidativo, que pode resultar declínio no crescimento, no desenvolvimento e na produtividade de um parreiral. Essas condições desfavoráveis podem ser melhor suportadas pelas plantas com o auxílio do Super Fifty. A tecnologia de origem natural, disponível ao mercado, tem comprovada eficácia na redução dos danos induzidos pelo estresse oxidativo em plantações (EU-Crop Strength Project 2019). Se aplicado três a cinco dias antes de um evento de estresse previsto, a planta terá tempo para se mobilizar e preparar suas próprias reservas para lidar com a dificuldade e se desenvolver como se estivesse em condições normais. Ele ativa a fotossíntese e produz antioxidantes.

A aplicação pode ser feita em situações variadas. “A gente não fica só na questão do estresse, o produto também tem o efeito bioestimulante e é em cima dos bioativos que o nosso produto é diferenciado. Alguns produtores optaram por aplicações em fases pontuais, só na florada, ou para o alongamento de cacho, outros vão aplicar no chumbinho e na ervilha, pensando no enchimento da baga. O produto pode ser utilizado também em mudas e enxertos, visando o crescimento. Mas quem utiliza o Super Fifty desde o início do ciclo e vem trabalhando com o produto no manejo, vem obtendo excelentes resultados”, acrescenta Bino.

Em Flores da Cunha, o uso do Super Fifty pela família Zilli começou depois de um problema com as cebolas. “Eu usei herbicida e acabou tendo fito na cebola. Meu cunhado recomendou Super Fifty e deu resultado, consegui recuperar a sementeira”, comemora o agricultor Ivan Zilli, que decidiu estender as aplicações a um parreiral. “Eu resolvi testar em uma área da Bordô, porque ela não é uma uva que faz um cacho grande, mas sim um monte de cachos, mais miúdos. Em cinco aplicações, o resultado já é notável, dá diferença de uns três ou quatro centímetros nos cachos”, afirma.

“Eu vi que funcionou e eu aí comecei a aplicar em tudo”, conta Zilli, que produz uvas Isabel, Bordô e Niágara em seis hectares, junto com a esposa e os pais, na localidade de Mato Perso. “Dá pra ver que, onde foi aplicado, ela não está sentindo tanto a pouca chuva. O vigor da planta melhorou bastante, também deu umas quatro folhas a mais no galho, em cobertura de folha e está mais viçosa”. O pequeno produtor também considera positivo poder contar com um consultor da BioAtlantis sempre que necessário. “Às vezes a gente tem dúvida, então não adianta só vender, tem que dar assistência técnica e, qualquer coisa que eu preciso, ele está presente e nos ajuda”, elogia.

Embora não se saiba se a quantidade de chuvas será ou não suficiente nos próximos meses, o certo é que a preocupação pode ser menor para quem se prevenir, finaliza Bino.

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