Em Cachoeira do Sul, município do interior do Rio Grande do Sul, está uma das áreas de plantio de noz pecan no país. De acordo com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Sul (Emater-RS), são cerca de 4 mil hectares cultivados com a fruta e mais de 1,1 mil famílias envolvidas no cultivo. Atentos a esta crescente demanda pelo fruto, tanto no mercado interno como internacional, que um grupo de amigos cachoeirenses de diferentes áreas de atividades decidiu investir nesta cadeia produtiva.
Formado por quatro médicos, um jornalista e um engenheiro eletrônico, o grupo de seis sócios plantou a primeira semente há 10 anos, quando criaram a Paralelo 30 Sul, um projeto audacioso que nasceu com o objetivo de atuar em toda cadeia produtiva, desde a produção até o beneficiamento. O primeiro passo do grupo foi buscar conhecimento e tecnologia para construir um pomar de classe mundial nas condições de clima e solo do Rio Grande do Sul.
A dedicação e o investimento valeram a pena. Hoje, a Paralelo 30 é uma referência quando o assunto é noz pecan, onde também atua na comercialização de mudas de nogueira pecan, assim como na consultoria para novos projetos. Na safra deste ano, a empresa conta com uma área de 200 hectares e deve atingir a maior produtividade de frutos por hectares em todo país. A expectativa dos administradores é colher em uma área de 80 hectares mais de 200 mil quilos de nozes. Isso representa uma média de 3 toneladas por hectare, com alguns talhões atingindo até 4 toneladas por hectare.
Para o sócio-proprietário da Paralelo 30, Eduardo Schuch, esse desempenho é a realização de objetivo traçado pelo grupo de sócios. “É uma realização de um sonho que se transformou em um plano de metas. O desafio de ter um pomar no Brasil com produtividade mundial, hoje podemos dizer que foi atingido. Isso é um incentivo muito grande para continuar fazendo que a pecanicultura brasileira atinja uma classe mundial”.
Colheita auditada e evento técnico
A colheita da noz pecan no Rio Grande do Sul começa a partir de abril e deve se estender por aproximadamente 60 dias. Neste ano, o desempenho produtivo e qualitativo atingido pelos pomares da Paralelo 30 fez com que os administradores da propriedade resolvessem realizar uma colheita auditada para oficializar os resultados atingidos no pomar.
“Conseguimos atingir um grau de excelência muito grande em nossos pomares, igualando a produtividade dos principais países produtores. Utilizamos um maior número de plantas por hectare, genética adaptada a região e um manejo específico de condução e o resultado foi excelente. Por isso, para comprovar esse desempenho vamos convidar algumas entidades para realizar uma colheita auditada”, destaca o engenheiro agrícola da Paralelo 30, Jorge Porto.
A colheita no pomar da Paralelo 30 será comemorada com a realização de um evento técnico festivo, no dia 27 de abril, para compartilhar os resultados e levar informações técnicas sobre a evolução e melhorias da cultura. Além de palestras, haverá estações técnicas para atender o público presente, demonstração de manejos e cuidados no cultivo da pecan. Os organizadores esperam reunir cerca de 350 produtores e interessados na noz pecan, que poderão participar da colheita da fruta.
Rentabilidade
Como grande produtor agrícola, o RS também encontra na pecanicultura uma alternativa para cultivar plantas que sejam menos atingidas pelas instabilidades climáticas. Os produtores convencionais de soja ou milho, por exemplo, nem sempre conseguem manter uma média de rentabilidade num período de 10 anos com essas culturas tradicionais, devido aos fatores de mercado ou climáticos.
De acordo com o engenheiro agrícola, Jorge Porto, a rentabilidade das culturas tradicionais como a pecuária, por exemplo, onde 250 a 300 quilos de boi por hectare equivale R$ 1.300 a R$ 1.500 por hectare, gera um lucro líquido de aproximadamente R$ 600 a R$ 700 por hectare, já na soja a rentabilidade líquida não passa de R$ 1 mil por hectares/ano na média, devido ao custo de produção.
“Já culturas como a noz pecan onde a partir de 8 ou 9 anos você pode ter rentabilidade anual média acima de 15 mil reais/ha por ano. Sendo essa uma projeção conservadora, porque se pegarmos um pomar com produção de 2,5 toneladas comercializadas a R$ 10 o quilo (valor considerado baixo no mercado), são 25 mil reais por hectare. Abatendo todo investimento com manejo, colheita e etc. deve sobrar entre R$ 15 a R$ 18 mil líquidos por hectare/ano”, garante Porto.
Paralelo 30 – referência no cultivo de noz pecan na América Latina
Com mais de 10 anos de atuação na pecanicultura, a Paralelo 30 é uma das empresas de referência na cultura. Instalada no município de Cachoeira do Sul, região Central do estado, a Paralelo 30 mantém seu pomar de nogueiras em cerca de 200 hectares, que foram plantados de forma escalonada entre 2009 e 2017.
A parte mais consolidada do pomar é de 80 hectares onde há árvores de 9 a 10 anos. O restante do pomar deve entrar em produção a partir de 2020, e até 2024, a expectativa é que todos os 200 hectares estejam produzindo atingindo um volume de aproximadamente 600 toneladas de nozes por ano.
Além da produção do fruto, a empresa também investe na comercialização de mudas de nogueiras e consultoria para a implantação de pomares no Brasil e na América Latina. A Paralelo 30 conta com um viveiro de uma área total de 6 mil metros quadrados com capacidade produtiva de 60 mil mudas enxertadas por ano.
“Essa expertise com a cultura da noz pecan está traduzido nos nossos pomares e na qualidade das mudas que são oferecidas ao mercado e com o conhecimento de mais de 10 anos. A Paralelo 30 é referência sul-americana em produção de nozes e mudas, que oferece conhecimento para projetos rentáveis e sustentáveis com a noz pecan”, destaca Jorge Porto.