Grãos: produção brasileira deve somar 193,524 mi de T em 2013/14
Muitos agricultores e técnicos, ao observarem plantas de soja com problemas após a emergência, logo pensam em doenças como possíveis causas. Porém, alguns dos sintomas causados por herbicidas, por insetos e mesmo por estresses fisiológicos podem ser confundidos com danos causados por doenças, levando a erros de diagnóstico e, consequentemente, de manejo.
No Sul do Brasil, a principal doença, na fase inicial de desenvolvimento de soja, é o tombamento de plântulas causado por fitóftora. No início desta safra 2013/2014, foram registrados danos por fitóftora em lavouras do município de São Luiz Gonzaga, no Rio Grande do Sul, após chuvas na emergência. As plântulas afetadas emergem normalmente e, após alguns dias, apresentam menor porte, as folhas murcham e as plantas morrem. Todo o sistema radicular apodrece e se rompe com facilidade quando as plantas são arrancadas do solo. Em alguns casos, apenas a extremidade da raiz principal morre e a planta, para compensar, desenvolve raízes secundárias mais superficiais, o que faz com que a planta torne-se menos vigorosa e mais sensível a períodos de estiagem. O principal dano, nesta fase, é a necessidade de replantar grandes áreas.
As condições mais favoráveis para o aparecimento deste problema são chuvas no período de emergência (ou aplicação de irrigação artificial neste período); cultivares de soja sem resistência à fitóftora; solo pesado e compactado; e temperaturas altas, entre 25 °C e 30 °C no sulco de semeadura. Na maior parte do Brasil, o uso de cultivares de soja com resistência a esta doença resolve o problema. Também a drenagem e a descompactação do solo podem auxiliar no controle. Outros métodos, como rotação de culturas e tratamento químico da semente ou da parte aérea, não apresentam sucesso.
Os herbicidas são, em sua maioria, seguros para soja, mas aplicações mal realizadas podem resultar em injúrias. As causas diagnosticadas para problemas mais comuns são diversas, sendo as principais: presença no solo de resíduo de herbicidas aplicados no inverno (como o metsulfurom-metil para controlar buva); associações de produtos como inseticidas, fungicidas e micronutrientes no tratamento de sementes; e mistura de herbicidas, fungicidas, inseticidas, fertilizantes e adjuvantes em aplicações pós-emergentes da soja. Os sintomas variam entre forte inibição de germinação; supressão de crescimento; trifólios amarelados, lanceolados e/ou encarquilhados; meristemas amarelados ou mortos; brotações laterais; e, em casos mais severos, morte de plantas. O uso de mistura de agrotóxicos, para aplicação em sementes ou no tanque do pulverizador, é usado na tentativa de reduzir o número de entradas nas lavouras, mas as reações químicas que podem ocorrer quando se misturam esses compostos são, de certa forma, imprevisíveis e por isso, não se recomenda misturar esses produtos.
Quanto aos insetos, grande parte das ocorrências está associada a condições de estresses. Os sintomas mais comuns são desfolhamento, murcha e morte de plântulas ao acaso, resultando em falhas de estande de plantas. Besouros desfolhadores são comuns no início do desenvolvimento, mas as plantas de soja normalmente toleram estes danos e raramente são necessárias intervenções com inseticidas. Em períodos de deficiência hídrica, frequentemente observam-se plantas mortas por lagarta-elasmo, com sintomas muito parecidos com a morte por fitóftora. Já o tamanduá-da-soja pode afetar plântulas ao acaso, se a soja for cultivada em área infestada na safra anterior, enquanto que em área com rotação de culturas, o ataque inicial irá concentrar-se nas plantas da bordadura. Normalmente, a ocorrência destas pragas dá-se em baixos níveis populacionais. Porém, quando ocorrem altas populações, além do tratamento de sementes, pode ser necessária a aplicação de inseticidas em pulverização. O mais importante é o monitoramento frequente da lavoura para verificar a quantidade e o tipo de insetos pragas presentes na área e, só então, com base no tamanho da população, tomar a decisão mais adequada.
Para a Helicoverpa armigera, inseto recentemente observado no Rio Grande do Sul, o monitoramento é fundamental para evitar danos elevados na cultura. Na fase inicial da soja, o monitoramento deve ser feito planta a planta, observando-se as brotações novas, pois é neste local que as larvas geralmente estão localizadas. O nível de ação recomendado para controle, no estádio vegetativo, é de 4 lagartas menores que 1,5 cm por metro linear, em média. Atingido este número, recomenda-se usar inseticidas de maior seletividade a inimigos naturais como, por exemplo, os reguladores de crescimento.
Finalmente, os problemas iniciais da cultura de soja podem estar relacionados a doenças, a herbicidas e a insetos. Técnicos e produtores devem sempre considerar o herbicida usado, as misturas aplicadas nas sementes, a presença de insetos e as condições climáticas predominantes, além da resistência da cultivar a doenças. Esses dados são decisivos para a correta diagnose e para a solução de muitos problemas que ocorrem na fase inicial de desenvolvimento de plantas de soja.
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