Predativa aposta em crisopídeos para controle biológico de pragas

O mercado já demonstrava interesse em utilizar inimigos naturais nas lavouras, mas a produção em larga escala desses predadores era limitada devido aos altos custos e desafios logísticos

10.06.2024 | 15:43 (UTC -3)
Revista Cultivar, a partir de informações de Kassiana Bonissoni

A startup mineira Predativa, sediada em Patos de Minas, está transformando a agricultura sustentável com tecnologia que utiliza crisopídeos, um inseto predador natural, para o controle biológico de pragas. Fundada por Pedro Camargo Tomaz e Bruno Mundim, a empresa desenvolve soluções que visam facilitar e baratear o uso de inimigos naturais nas lavouras.

A utilização de crisopídeos (Ceraeochrysa cubana e Chrysoperla externa), também conhecidos como "bicho-lixeiro", se destaca por ser eficaz no controle de várias pragas como afídeos, lagartas, ácaros, cochonilhas, moscas brancas e pulgões. Essas pragas atacam culturas importantes como soja, citros, algodão, hortaliças, café e eucalipto.

Segundo Pedro Camargo Tomaz, engenheiro ambiental e um dos fundadores da Predativa, o mercado já demonstrava interesse em utilizar inimigos naturais nas lavouras, mas a produção em larga escala desses predadores era limitada devido aos altos custos e desafios logísticos. A produção de crisopídeos em larga escala é particularmente desafiadora e exige um investimento significativo, além de enfrentar problemas de transporte devido à sensibilidade dos insetos.

Motivados pelos avanços tecnológicos, como o uso de drones na agricultura, Tomaz e Mundim decidiram apostar na produção de crisopídeos. “Alguns avanços tecnológicos nos motivaram, como por exemplo, uso de drones que estava cada vez mais forte na agricultura. No nosso caso era uma boa alternativa, pois a gente expede ovos de insetos nas lavouras, e por ser um produto muito leve, sua autonomia podia chegar a 600 hectares por dia, mil ovinhos por hectare”, explicou Tomaz.

Os drones oferecem várias vantagens, como a redução da entrada de máquinas e tratores nas lavouras, o que diminui o uso de defensivos químicos e a resistência das pragas. Essa tecnologia permite aplicar insetos em áreas maiores em menos tempo, proporcionando uma solução mais sustentável.

Para acelerar o desenvolvimento de sua tecnologia, os fundadores da Predativa se inscreveram no Programa Centelha, que oferece capacitações, recursos financeiros e suporte para projetos inovadores. Com o apoio financeiro recebido, desenvolveram os primeiros protótipos de equipamentos para produção de insetos. A entrada de novos sócios, especialistas em Inteligência Artificial e automação, também fortaleceu a equipe.

Em 2022, a Predativa deu um passo crucial ao ser selecionada pelo espaço Finep, que apoia a inovação em empresas de base tecnológica. Lá, a startup recebeu mentoria de marketing, suporte financeiro e desenvolveu biounidades para produção de insetos diretamente nas fazendas, reduzindo os custos de produção em quase 90%.

Além do apoio do Finep, a Predativa foi acelerada pela Cyklo, uma aceleradora de projetos agrícolas, que conectou a startup a agricultores do Oeste da Bahia. Essa conexão foi essencial para validar a tecnologia e entender melhor as necessidades dos produtores rurais.

A produção de biounidades permite que os agricultores produzam crisopídeos diretamente em suas propriedades, ocupando um espaço de apenas 5m² para atender até 500 hectares. A startup também desenvolve um software que permitirá aos agricultores acompanhar toda a produção e aplicação dos insetos.

Parceria acadêmica e futuro

Recentemente, a Predativa firmou parceria com a Universidade Federal de Lavras (UFLA) para desenvolver um dispensador automatizado de alimentação para crisopídeos, o que permitirá uma nutrição mais precisa e contínua dos insetos, facilitando a criação em massa. Essa tecnologia elimina a necessidade de produzir outro inseto, a anagasta kuehniella, como alimento, reduzindo custos e simplificando o processo.

Com essas inovações, a Predativa está preparada para expandir sua tecnologia, atendendo a um número crescente de agricultores e contribuindo significativamente para a agricultura sustentável no Brasil.

“Hoje a média que os agricultores pagam é de R$ 150 por hectare para utilizar o crisopídeo, nós já conseguimos com nossa tecnologia reduzir esse investimento para R$ 50 por hectare”, concluiu Tomaz. A startup espera, nos próximos dois anos, atender cerca de 5 mil hectares, promovendo uma agricultura mais sustentável e eficiente.

Pedro Camargo Tomaz
Pedro Camargo Tomaz

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