Pesquisa voltada para a promoção da saúde em debate na Embrapa Hortaliças

02.08.2011 | 20:59 (UTC -3)
Marcos Esteves

As frutas e hortaliças estão entre os alimentos mais importantes para a promoção da saúde. Elas são ricas em diversas vitaminas e em substâncias não nutrientes, chamadas fitoquímicos, como antioxidantes, carotenóides e compostos fenólicos, que atuam na prevenção de doenças, como diabetes, hipertensão, osteoporose e câncer.

A riqueza nutricional desses alimentos já é conhecida, mas ainda há um vasto campo de estudo quando se pergunta como as substâncias benéficas presentes em frutas e hortaliças agem para promover a saúde humana. “Há uma demanda por pesquisas que esclareçam os efeitos dessas substâncias em seres humanos”, afirma o chefe geral da Embrapa Hortaliças, Celso Moretti.

A pesquisa visando a promoção da saúde humana foi tema de debates na Embrapa Hortaliças (Brasília-DF). Os desafios e as oportunidades da dessa área foram discutidos entre pesquisadores da Unidade e o diretor do Fruit and Vegetable Improvement Center (Centro de Aprimoramento de Frutas e Hortaliças) da Universidade do Texas (EUA), Bhimu Patil.

O cientista apresentou as linhas de pesquisa da universidade norte-americana e destacou a preocupação com a realização de estudos focados nos benefícios nutricionais de frutas e hortaliças. O centro de pesquisa atua na área de melhoramento genético, processamento industrial e compostos bioativos. Segundo ele, as pesquisas realizadas atualmente vão além da caracterização e quantificação de compostos benéficos à saúde humana presentes em frutas e hortaliças. O desafio para o futuro é determinar a eficácia dessas substâncias nos organismos e como garantir que elas não se degradem durante o processamento ou o armazenamento. Para isso, ressaltou a necessidade de os institutos de pesquisa agronômica realizarem parcerias nas áreas de nutrição e saúde.

Necessidade reforçada por Celso Moretti. “Trata-se de um campo que vai além da pesquisa agronômica, por isso as parecerias são tão importantes”. Segundo ele, até 2003, os estudos realizados na Embrapa Hortaliças limitavam-se à caracterização e à quantificação desses compostos nos alimentos. Esse trabalho, aliado ao melhoramento genético, viabilizou o desenvolvimento de cultivares com melhores teores nutricionais, como tomates com mais licopeno (pigmento vermelho associado à prevenção do câncer) e de cenouras com maiores teores de pró-vitamina A.

Mas, conforme explica Celso Moretti, novas pesquisas estão indo além e procurando determinar como esses nutrientes são absorvidos pelo organismo e sua eficácia para a manutenção da saúde. O chefe geral cita três projetos de pesquisa realizados em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) como exemplos desse trabalho.

O primeiro estudo, já com resultados publicados, confirmou que o consumo de alicina, o composto ativo mais comum do alho, pode reduzir do colesterol e prevenir o infarto agudo do miocárdio. Outro projeto em andamento tem como objeto de estudo a abóbora gila, que é rica em sufoniluréias, compostos que promovem a liberação de insulina e são utilizados em medicamentos para diabetes tipo 2.

Celso Moretti explica que os teores dessas substâncias já foram determinados pela Embrapa Hortaliças, bom como a melhor forma de preservar esses compostos no processamento. O resultado foi o desenvolvimento de um pó rico em sufoniluréias, que será encapsulado e testado pelo Hospital Universitário de Brasília em voluntários que apresentem quadro de diabetes.

Outra pesquisa em parceria com a UnB, ainda em fase inicial, vai estudar a citrulina, uma substância presente na melancia que atua no combate à hipertensão. O projeto tem como objetivo produzir um chá a partir das sementes dessa hortaliça.

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