Epagri e UFSM publicam livro que aponta caminhos para aumentar a produção do milho em SC
SC busca aumentar a produção de milho através do aumento da produtividade de grãos nas áreas já utilizadas
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas. São cerca de 39,4 milhões de toneladas produzidas ao ano. A segunda principal região produtora brasileira é o Nordeste, que responde por 26% da produção, onde também estão situados, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quatro dos estados em que a fruticultura assume grande importância no país: Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco e Bahia.
Esse panorama da exportação nacional de frutas é representado, basicamente, por aquelas produzidas em condições tropicais irrigadas, em particular no Semiárido. Conhecimento e tecnologia gerados pela pesquisa agropecuária, mais especificamente pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que completa 50 anos no dia 26 de abril, voltados à realidade do bioma, foram fundamentais para essa posição de liderança assumida na fruticultura.
As pesquisas e tecnologias geradas na instituição viabilizaram o desenvolvimento do maior polo de fruticultura irrigada do País, no Submédio do Vale do São Francisco, responsável pela exportação de 91% da manga e 98% da uva produzida no Brasil. A ciência mostrou que, com técnicas de plantio, manejo e irrigação, é possível produzir no Semiárido em todas as épocas do ano e exportar frutas tropicais de qualidade para o mundo inteiro.
Instalada em 10 de março de 1975, no coração do sertão nordestino, na cidade de Petrolina-PE, a Embrapa Semiárido vem executando, ao longo de sua história, um amplo programa de pesquisa e inovação para o desenvolvimento sustentável das áreas semiáridas do Brasil. A região abrange 12% do território nacional e engloba municípios em todos os estados do Nordeste, parte de Minas Gerais e do Espírito Santo.
O centro de pesquisa tem sido protagonista em projetos e ações que diversificaram as possibilidades produtivas, ajudando a superar a visão de combate à seca e firmar a de convivência com o Semiárido. Essa mudança de percepção foi decisiva e orientou muitas das ações governamentais, sendo até hoje base para a construção de políticas públicas, como ressaltado por Maria Auxiliadora Coêlho, chefe-geral da Instituição.
No momento de sua criação, nos anos 1970, o panorama vigente no Semiárido era de deficiência de conhecimentos tecnológicos e de infraestrutura, principal entrave para o desenvolvimento da agropecuária regional. À época, a principal solução para o enfrentamento dos problemas relacionados a irregularidades das chuvas era a distribuição de água por meio de carros-pipa. Nesse cenário, o centro de pesquisa atuou de modo a transformar as adversidades em diferencial produtivo.
O desenvolvimento tecnológico foi decisivo no fortalecimento dos sistemas produtivos nas áreas dependentes de chuvas. Para essas localidades, a Unidade lançou cultivares tolerantes ao déficit hídrico e às altas temperaturas; promoveu tecnologias para o aproveitamento das águas pluviais; desenvolveu sistemas de produção integrados, associando o potencial forrageiro das espécies nativas e adaptadas à atividade pecuária; estudou e disponibilizou formas para exploração sustentável da biodiversidade da Caatinga, apresentou e difundiu práticas de manejo para a produção animal, em especial a caprinovinocultura.
Em 50 anos de história, a Embrapa apresentou o grande potencial agrícola, econômico e ambiental do Semiárido, contribuindo com a melhoria de vida de milhares de famílias da zona rural do sertão. Contudo, os desafios ainda são muitos diante da heterogeneidade da Caatinga. Nessa perspectiva, a atual agenda de pesquisa tem buscado promover a sustentabilidade da produção para as próximas décadas por meio de estratégias de inovação e da construção de novos arranjos institucionais.
“A Embrapa Semiárido é um centro de pesquisa ecorregional, com uma realidade de trabalho complexa, e a missão de atingir diferentes estados do Semiárido brasileiro, que possuem contextos distintos e demandas variadas”, diz Maria Auxiliadora Coêlho. “Para que possamos continuar a colaborar com o desenvolvimento regional, a convergência de esforços e atuação conjunta com outras instituições é fundamental, viabilizando a articulação dos projetos de PD&I, a validação e transferência de tecnologias e a prospecção de demandas reais para a programação de pesquisa da instituição”, completa.
A Unidade concentra suas pesquisas em três grandes áreas: agropecuária dependente de chuva, agricultura irrigada e recursos naturais. As ações contemplam uma diversidade de temas, com destaque para a mangicultura (cultura da mangueira), olericultura, produção animal, recursos naturais, vitivinicultura, convivência com o Semiárido e diversificação de cultivos.
Entre as tecnologias mais marcantes desenvolvidas pelo Centro estão as recomendações e estratégias de aplicação de reguladores vegetais na cultura da mangueira, que tornou possível a floração e, consequentemente, a produção em qualquer época do ano. É uma das principais vantagens competitivas da região, com a possibilidade de planejar colheitas para épocas de preços favoráveis no mercado.
A técnica, acrescida de outras que aprimoram os sistemas de irrigação, o manejo da copa, a nutrição das plantas, a colheita e a pós-colheita, permitiram à fruticultura do Semiárido conquistar posição de liderança nas exportações brasileiras. A Unidade também foi uma das principais articuladoras do programa de Produção Integrada (PI) para as culturas da manga, uva e melão.
Dentre as mais recentes e relevantes contribuições está o desenvolvimento do porta-enxerto BRS Guaraçá, resistente ao nematoide-das-galhas da goiabeira, um dos agentes mais nocivos à cultura em todas as regiões do Brasil.
Para a uva, a Embrapa Semiárido contribuiu como a adaptação de cultivares às condições de solo e clima, recomendações de manejo, de controle de pragas e doenças, pós-colheita e processamento, e mais recentemente o lançamento da variedade de uva de mesa branca sem sementes BRS Tainá.
O centro de pesquisa tem apostado também na diversificação de culturas, trazendo novas alternativas para o mercado, a exemplo da maçã, caqui e pera, que já vêm sendo introduzidas em áreas comerciais do Vale e de outras regiões do Semiárido.
A atuação da Embrapa Semiárido se destaca, ainda, no desenvolvimento e recomendação de práticas agropecuárias, métodos para multiplicação de parasitóides exóticos para o controle biológico de mosca-das-frutas, manejo integrado de pragas do melão e de podridões na manga.
Outra grande contribuição do programa de pesquisa da Empresa para o Semiárido está relacionada ao aproveitamento das águas de chuvas para o consumo humano e a produção agrícola.
Programas e políticas públicas de promoção do desenvolvimento regional foram desenvolvidos com base em seus resultados de pesquisas, como o P1+2, programa que utiliza cisternas para o uso humano, animal e pequenas hortas e pomares. Outro exemplo é o Programa Água Doce, que consiste na instalação de dessalinizadores em inúmeros pontos do Semiárido, tornando a água potável para a utilização humana e tendo seu rejeito utilizado para produção.
A instituição vem se dedicando ao desenvolvimento e lançamento de variedades mais adaptadas ao cultivo comercial na região, como a cebola BRS Alfa São Francisco, apta a temperaturas elevadas, cultivares de feijão-caupi tolerantes à seca e com maior teor de proteína nos grãos, clones de umbuzeiro, além da primeira variedade de maracujá-da-caatinga, a BRS Sertão Forte.
No que se refere à pecuária, especialmente à caprinovinocultura e à bovinocultura de leite, o centro de pesquisa tem atuado na Política Nacional de Integração Lavoura Pecuária Floresta, com a utilização de espécies de forrageiras nativas para alimentação dos rebanhos, compondo uma estratégia de maior resistência às inconstâncias pluviométricas da região.
As tecnologias e as formas de manejos reprodutivo, sanitário e alimentar dos rebanhos permitem índices de produtividades superiores aos obtidos com a pecuária extensiva tradicional, que tem na Caatinga a fonte quase exclusiva de forragem para os animais.
Os estudos apoiam o cultivo comercial de espécies frutíferas nativas, como o umbuzeiro e maracujá do mato, com o objetivo de desenvolver uma fruticultura para as áreas de sequeiro. Nesse trabalho, também são desenvolvidas formas simplificadas de processamento dos frutos que possam ser adotadas pelas agroindústrias familiares
Como forma de incrementar a agricultura familiar, que se constitui como uma das principais atividades produtivas na região, a Unidade de Petrolina-PE realiza, a cada dois anos, a feira Semiárido Show, levando ao público um portfólio de mais de 100 tecnologias desenvolvidas pela pesquisa agropecuária em temas estratégicos para a convivência produtiva com o Semiárido brasileiro.
A Embrapa Semiárido atua, ainda, em pesquisas voltadas para identificação, conservação e uso racional das riquezas físicas (água e solo) e biológicas (plantas, insetos e microrganismos) da Caatinga, bioma único e também um dos mais degradados.
Estudos buscam identificar plantas nativas com potencial forrageiro, florestal, melífero, frutífero e medicinal, bem como prospecção de genes que conferem às plantas resistência a estresses hídricos e temperaturas elevadas, além de ações de preservação da fauna e flora nativa.
O centro de pesquisa mantém, ainda, uma rede de estações climáticas automatizadas que registram, em tempo real, vários parâmetros climáticos. As informações são disponibilizadas gratuitamente aos agricultores e empresas, e ajudam na tomada de decisão visando à racionalização do manejo de irrigação e a aplicação de defensivos nos pomares.
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