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O pesquisador Nilton Junqueira, da Embrapa Cerrados (Brasília, DF), teve o nome eternizado em uma nova espécie de maracujá, a Passiflora junqueirae. A planta, nativa da flora brasileira, foi descrita por Daniela Cristina Imig, professora do Centro Universitário Campos de Andrade (Uniandrade), de Curitiba (PR), e pelo seu orientador de mestrado Armando Carlos Cervi, pesquisador do Departamento de Botânica da Universidade Federal do Paraná, a partir de coletas no Parque Nacional do Caparaó, na divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo. O artigo "A new species of Passiflora L. (Passifloraceae), from Espírito Santo, Brazil", foi publicado na edição nº 186 do periódico internacional online de taxonomia botânica Phytotaxa (http://www.mapress.com/phytotaxa/).
"É uma forma de reconhecimento da comunidade científica. Quando sai uma espécie assim, o mundo inteiro fica sabendo, pois é preciso enviar material para diferentes herbários. Isso acaba levando junto o nome da instituição" diz Junqueira, que é engenheiro agrônomo com mestrado e doutorado em fitopatologia pela Universidade de Viçosa. O pesquisador foi admitido na Embrapa em 1979, e está na Embrapa Cerrados desde 1990, realizando pesquisas com espécies frutíferas tropicais para alimentação e produção de agroenergia.
A P. junqueirae também está presente na coleção do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Embrapa Cerrados, e foi o pesquisador que indicou aos autores do artigo a existência de um maracujá até então desconhecido. "Quando vi a planta florida, não tive dúvida de que se tratava de uma nova espécie", lembra Daniela Imig. "Dr. Nilton é de uma simpatia plena, e está sempre nos ajudando com informações novas, tanto do campo quanto da coleção da Embrapa Cerrados. Já havíamos decidido que ao encontrarmos uma espécie nova, ela se chamaria P. junqueirae. Ficamos muito felizes por ele ter aceitado a homenagem", diz a professora do Uniandrade.
O material botânico (typus) da nova espécie deverá ser encaminhado para os principais herbários brasileiros, como o Herbário da Universidade Federal do Espírito Santo, Estado de origem da espécie, o Museu Botânico Municipal de Curitiba, o Herbário da Universidade Federal do Paraná, o Herbário da Uniandrade e o BAG da Embrapa Cerrados. Segundo Daniela, a ideia é também enviar amostras para herbários de Paris, Genebra, Kew (Inglaterra) e Nova York e de países onde haja pesquisadores trabalhando com a família das passifloráceas.
Maracujá perna de aranha
O gênero Passiflora é o maior da família das passifloráceas, reunindo pelo menos 525 espécies. No Brasil, há 141 espécies descritas, sendo 85 delas endêmicas. Ainda há pouca informação sobre a P. junqueirae, que até o momento só foi encontrada no Parque Nacional do Caparaó e arredores. Como não apresenta muitos indivíduos, a espécie é possivelmente rara. Várias características distinguem a nova espécie das outras já descritas, como o formato dos lóbulos das folhas e dos filamentos da corona e a coloração das pétalas.
A P. junqueirae é uma planta herbácea e trepadeira. As folhas são inteiras, mas trilobuladas. As flores são solitárias e vistosas, com sépalas e pétalas brancas e a corona de filamento em múltiplas séries, que vão da coloração vinho escuro a lilás claro no ápice, bandeados de branco – a beleza das flores, que se abrem pela manhã, confere à espécie potencial ornamental. Os frutos são do tipo baga, de formato alongado com sementes revestidas por polpa de sabor levemente ácido, mas agradável ao paladar, segundo os pesquisadores.
Um fato que chama a atenção é o tamanho das aristas, que são projeções das sépalas. A estrutura é relativamente comum nas espécies do gênero Passiflora, medindo de 1 cm a 1,5 cm de comprimento. Mas em Passiflora junqueirae as aristas medem entre 2 cm a 3,5 cm, e no período de pré-floração ultrapassam o tamanho dos botões florais, lembrando as pernas de uma aranha. Devido a essa característica, a espécie foi apelidada de "maracujá perna de aranha".
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