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As estradas vicinais – vias não pavimentadas que conectam áreas rurais entre si e a centros urbanos – foram tema de um levantamento divulgado nesta quarta-feira (8/10) pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O estudo identificou quais trechos demandam prioridade em manutenção e recuperação, considerando sua importância logística para o agronegócio, responsável pelo transporte de cerca de 1,4 bilhão de toneladas de produtos anualmente.
O Brasil possui aproximadamente 2,2 milhões de km de estradas vicinais distribuídas em 557 microrregiões. Desse total, 367 mil km são estradas terciárias – largas o suficiente para dois veículos – e 1,8 milhão de km (84,5%) são vias estreitas, classificadas como “não classificadas”, onde só passa um veículo por vez.
Essas estradas conectam propriedades rurais a grandes corredores logísticos, permitindo o escoamento de cana-de-açúcar, cereais, leguminosas, oleaginosas, frutas, lavouras permanentes e temporárias, leite, madeira, milho, soja e produção animal.
O levantamento utilizou o Índice de Priorização das Estradas Vicinais (Inpev), elaborado com apoio do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-Log). Para adequar 177 mil km de estradas terciárias em regiões prioritárias seriam necessários R$ 4,9 bilhões por ano, considerando um custo de manutenção de R$ 35 mil por km/ano.
Segundo Elisangela Pereira Lopes, da Comissão Nacional de Logística e Infraestrutura da CNA, o investimento não é apenas viável, mas estratégico: “representa menos de um terço do prejuízo anual de R$ 16,2 bilhões causado pelas más condições dessas vias. Com esse aporte, seria possível melhorar a qualidade de vida no campo e garantir o escoamento de alimentos com mais segurança e eficiência”, avalia.
Para elevar todas os 367 mil km de estradas terciárias ao padrão mínimo, o investimento necessário chega a R$ 10 bilhões por ano. Já a melhoria de 101 mil km de estradas “ruins” para “superiores” em regiões prioritárias demandaria R$ 12,6 bilhões, com custo de manutenção de R$ 131 mil por km/ano.
A CNA ainda estima que a modernização da malha vicinal poderia reduzir em R$ 6,4 bilhões anuais os custos operacionais, hoje em R$ 16,2 bilhões. Além disso, estradas em padrão de “alta qualidade” poderiam cortar 1 milhão de toneladas/ano de emissões de CO₂.
Em março, a CNA e a Esalq-Log visitaram oito microrregiões em Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará e Paraná, percorrendo mais de 1.200 km e ouvindo 150 pessoas, entre produtores rurais e gestores municipais. Buracos, erosões, atoleiros e pontes em más condições foram alguns dos problemas identificados.
O estudo também apontou obstáculos à melhoria das estradas, como orçamento público limitado, extensão elevada da malha e falta de mão-de-obra qualificada.
A CNA propõe aprimorar a logística de distribuição de materiais, fortalecer a articulação público-privada e criar canais de comunicação diretos com os produtores para registrar demandas. O estudo reforça ainda a necessidade de capacitação técnica e a formação de equipes especializadas em manutenção de estradas vicinais.
Entre as medidas estruturadas, o levantamento cita a aprovação do Projeto de Lei n.º 1146/2021, que cria a Política Nacional de Mobilidade Rural e Apoio à Produção – Estradas da Produção Brasileira, e a implementação efetiva do Programa Nacional de Estradas Vicinais (Proner), do Ministério da Agricultura.
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