Micróbios ajudam plantas a crescer em solos pobres em enxofre

Pesquisadores descobriram que competição libera substância que estimula o crescimento vegetal

13.10.2025 | 09:38 (UTC -3)
Revista Cultivar, a partir de informações do Scelse

Cientistas do Centro de Pesquisa em Biofilmes e Microbiomas (Scelse) e da Universidade Nacional de Cingapura (NUS) identificaram mecanismo biológico que permite às plantas crescer mesmo em solos com deficiência de enxofre. Seu estudo mostra que a competição entre bactérias do solo leva à liberação de glutationa, composto que melhora o crescimento vegetal em condições de limitação de enxofre.

O processo envolve o que os pesquisadores chamam de “troca de aptidão entre reinos”. Nesse equilíbrio, microrganismos perdem parte de sua capacidade de multiplicação, enquanto as plantas ganham vigor. Essa interação química no rizosfera forma uma estratégia natural de cooperação e competição.

A equipe desenvolveu uma comunidade sintética com 18 tipos de bactérias capazes de restaurar o crescimento de Arabidopsis e de uma hortaliça da família das brássicas em solo com baixo teor de enxofre. O benefício se manteve mesmo quando pares bacterianos competiam intensamente, o que reforçou a vantagem para as plantas.

Segundo Arijit Mukherjee, primeiro autor do estudo, compreender essas trocas entre plantas e microrganismos permite criar soluções biológicas mais eficazes para a agricultura. A descoberta oferece um caminho para reduzir o uso de fertilizantes químicos e fortalecer sistemas agrícolas frente à escassez de nutrientes.

O enxofre é essencial para a formação de proteínas, vitaminas e compostos de defesa vegetal. A redução da poluição atmosférica diminuiu a reposição natural desse elemento no solo, levando produtores a depender de adubos sintéticos. A nova abordagem propõe uma alternativa sustentável: usar consórcios microbianos que recuperam a produtividade de forma natural.

O grupo já registrou patente para aplicar o mecanismo em produtos agrícolas. Segundo o pesquisador Sanjay Swarup, o método poderá viabilizar biofertilizantes que reduzem a dependência de insumos químicos e reforçam a segurança alimentar global.

Outras informações em doi.org/10.1016/j.chom.2025.09.007

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