Safra global de trigo deve atingir novo recorde em 2025/26
Alta oferta global e concorrência entre exportadores pressionam preços no mercado internacional
A soja mantém estabilidade no mercado internacional. A safra dos Estados Unidos avança com 68% das lavouras em condição boa ou excelente. A produção deve alcançar 117,5 milhões de toneladas, ligeiramente abaixo da estimativa oficial. Em Chicago, os contratos curtos seguram os US$ 10 por bushel. As posições para julho de 2026 operam entre US$ 10,70 e US$ 10,80. A incerteza sobre compras chinesas impede novos avanços.
No Brasil, o produtor finaliza a compra de insumos. A comercialização da safra 2025 chegou a 67,7%, abaixo da média e do percentual do ano anterior. Mesmo assim, o volume vendido é recorde: 115 milhões de toneladas, restando 55 milhões em aberto. As exportações já superam 74 milhões de toneladas no ano. A soja lidera a pauta exportadora, com receita próxima de US$ 5,5 bilhões em julho.
A área plantada deve ultrapassar 50 milhões de hectares na nova safra. A soja deve ocupar terras antes destinadas ao milho verão, arroz, feijão e pastagens degradadas, com potencial produtivo de até 180 milhões de toneladas.
O milho também tem safra promissora nos EUA. Mais de 60% das lavouras estão em floração, com 74% em boas condições. O rendimento pode ultrapassar 403 milhões de toneladas. No Brasil, a colheita da safrinha chegou a 60%. A comercialização está em 43%, abaixo da média histórica.
A alta da soja reduziu a pressão sobre os preços do milho. O porto compra entre R$ 64 e R$ 68 por saca. Em Chicago, setembro mantém os US$ 4. O déficit global de milho deve passar de 15 milhões de toneladas em 2025. O milho de 2026 já apresenta prêmios de até 15% em dólar.
As exportações de milho podem não alcançar os 4 milhões de toneladas esperados para julho, mas seguem fortes. Há potencial para embarques de até 40 milhões de toneladas nesta temporada.
O sorgo segue como alternativa viável na segunda safra. A produção pode bater recorde de 6 milhões de toneladas. A China, tradicional compradora dos EUA, pode abrir espaço para o produto brasileiro.
O trigo mantém preços estáveis em Chicago, entre US$ 5,50 e US$ 6,00. A colheita do hemisfério norte avança. A qualidade do trigo americano continua baixa, com impacto direto na oferta global.
No Brasil, as importações cresceram no acumulado do ano. O plantio recuou no Paraná e Rio Grande do Sul. A área paranaense caiu cerca de 30%. A gaúcha, entre 10% e 15%. O mercado interno opera entre R$ 1.300 e R$ 1.480 por tonelada.
O arroz ensaia recuperação. Os preços já alcançam R$ 70 na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. O arroz nobre varia entre R$ 65 e R$ 68. O varejo deve repassar os reajustes. Os pacotes mais baratos tendem a desaparecer. Produtores do Centro-Oeste seguram estoques na expectativa de valorização em 2026.
O feijão carioca também reage. O padrão superior já atinge R$ 230 em Minas Gerais e R$ 240 em São Paulo. Os estoques em câmaras frias só devem ir ao mercado com preços acima de R$ 250. O feijão preto, com foco na exportação, ainda enfrenta mercado lento, com preços entre R$ 130 e R$ 140 no Sul.
A demanda por arroz e feijão segue firme no varejo. Marcas alternativas ganham espaço. O empacotador prepara-se para o aumento do consumo em agosto. Promoções devem desaparecer, com os preços se ajustando entre R$ 5 e R$ 8 por quilo no varejo.
Por Vlamir Brandalizze - @brandalizzeconsulting
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