Leguminosa gliricídia é excelente opção em sistemas integrados no NE

Fonte de proteína, resistente à seca e prática, é ótimo alimento para bovinos, caprinos e ovinos no Nordeste

27.10.2022 | 14:33 (UTC -3)
Embrapa
Gliricídia no campo; Foto: Fernanda Birolo
Gliricídia no campo; Foto: Fernanda Birolo

Testada pela Embrapa em diversas pesquisas, a leguminosa gliricídia foi, junto com a palma forrageira, uma das duas únicas plantas verdes que restaram na lavoura após um longo período de deficiência hídrica em Sergipe, em 2013. Originária do México e América Central, a Gliricidia sepium vem sendo objeto de diversas pesquisas lideradas pela Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE) com foco em sistemas integrados para a região Nordeste.

Esses estudos já começam a resultar em soluções tecnológicas sustentáveis que integram a planta arbustiva como componente de múltipla aplicação em sistemas de Integração Lavoura - Pecuária - Floresta (ILPF), com destaque para o seu valor proteico, rápido crescimento, multiplicação por estacas e resistência a seca, com aptidão para formação de cerca viva, fixação de nitrogênio no solo e componente alimentar para os animais.

Denominado GliriTec, o conjunto de soluções em sistemas integrados engloba GliriNutri (incorporada como componente de nutrição animal) , GliriCoco (introduzida como componente arbóreo em integração com coqueiro), GliriCitrus (componente florestal integrado à citricultura) e GliriILPF (sistema de integração total com lavoura, animais e árvores).

“A gliricídia resiste bem à seca e é uma boa fonte de proteína para os animais”, afirma o pesquisador José Henrique Rangel, da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE), que lidera projetos de ILPF para o Nordeste, desenvolvendo soluções adaptadas tanto ao litoral e agreste, áreas mais úmidas, quanto no Semiárido, onde as chuvas são escassas.

A leguminosa é muito prática. Além de se reproduzir por meio de semente, basta uma estaca em uma cova e forma-se uma nova planta, que em pouco tempo estará repleta de folhas comestíveis para os animais. 

Na prática

Neste vídeo, o veterinário Samuel Figueiredo, analista da Embrapa Tabuleiros Costeiros, mostra como produzir mudas da leguminosa gliricídia tanto através de sementes como de estaca.

Para alimentar bovinos, caprinos e ovinos, a gliricídia pode ser picada com capim elefante, milho e até com tronco de bananeira e colocada em cochos, com técnicas de silagem e fenação. A gliricídia é uma árvore que pode crescer até 15 metros.

Por isso, a gliricídia é considerada o componente arbóreo ou florestal em sistemas ILPF, pesquisados e desenvolvidos pela Embrapa e parceiros em todas as regiões do país. Ao integrar a gliricídia, há também ganhos como aumento da diversidade da fauna atraindo mais abelhas, insetos polinizadores e abrigando nos seus galhos pássaros e ninhos. 

Evandro Muniz, outro pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, especialista em nutrição animal, detalha no vídeo “Gliricídia é um ótimo alimento para os animais” as múltiplas funcionalidades dessa leguminosa, inclusive mostrando como integrar a leguminosa com a pecuária e lavoura. 

Múltipla aplicação

A Embrapa Tabuleiros Costeiros pesquisou o plantio de gliricídia de várias formas de integração e integrando diversas práticas agropecuárias. Uma delas é o de alameda, junto com o pasto, milho ou feijão. Já é uma boa economia com ureia com a nitrogenação do solo. 

No sistema de alamedas, o ideal é o espaçamento de 4x2 metros, onde o gado pode passar com facilidade. O produtor pode optar pelo plantio adensado, se quiser alimentar os animais com gliricídia (20.000 a 30.000 plantas/ha) como forragem, feno e silagem ou até usar suas folhas e ramos como adubo verde.

Nesse caso, não é possível o pastejo, pois não há espaço para o gado transitar. No entanto, é muito produtivo, pois é possível o corte a cada 70 dias na estação chuvosa e a cada 120 dias, na estação seca. Um hectare pode produzir em torno de 20 toneladas de folhas comestíveis para o gado, em cada corte. 

São 80 toneladas anuais por hectare. O produtor pode também formar um banco de proteína. Os animais são colocados para comer as folhas da gliricídia uma hora pela manhã e outra hora pela tarde e no tempo restante, o gado come outro tipo de pasto. Esse processo é recomendado para vacas de leite, pois o manejo dos animais é mais constante. 

Utilizada com ILPF, a gliricídia ainda tem os méritos de fixar nitrogênio no solo, aumentar o teor de matéria orgânica e de nutrientes nas áreas profundas do solo diminuindo assim o uso de fertilizantes químicos.

O pesquisador Humberto Rollemberg Fontes, também da Embrapa Tabuleiros Costeiros, indica a gliricídia como adubo verde em cultivo consorciado com coqueiro híbrido. 

“Ao depositar a parte aérea da gliricídia na zona de coroamento do coqueiro híbrido, duas vezes ao ano, pode-se substituir totalmente ou parte dos fertilizantes nitrogenados durante a fase de crescimento, proporcionando economia e maiores ganhos ambientais em função da redução do uso de insumos químicos”. 

Compartilhar

Newsletter Cultivar

Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura

LS Tractor Fevereiro