Infestação de nematoide afeta produção de tomate industrial em Goiás

Espécie de verme, causadora do fenômeno conhecido como “tomate travado”, tem prejudicado o crescimento das plantas e reduzido drasticamente a produtividade, com perdas estimadas em até 80%

28.05.2024 | 09:10 (UTC -3)
Revista Cultivar, a partir de informações de Anelise Macedo
Foto: Alice Duval e Henrique Carvalho
Foto: Alice Duval e Henrique Carvalho

Os cultivos de tomateiro destinados ao processamento industrial no estado de Goiás estão enfrentando uma séria ameaça. Uma espécie de nematoide, causadora do fenômeno conhecido como “tomate travado”, tem prejudicado o crescimento das plantas e reduzido drasticamente a produtividade, com perdas estimadas em até 80%. De acordo com especialistas, cerca de 554 hectares já foram afetados pela praga.

Os primeiros meses de 2024 trouxeram preocupações para os produtores de tomate industrial nos municípios de Silvânia, Vianópolis, Luziânia, Hidrolândia e Bela Vista de Goiás. Nesses locais, áreas significativas de cultivo apresentaram sintomas similares de atrofia radicular, prejudicando as plantações. Em resposta aos alertas dos produtores, a Embrapa Hortaliças identificou o fitonematoide como a provável causa do problema.

“O diagnóstico preliminar, baseado nos sintomas observados, sugere que os fitonematoides estão por trás do problema,” explicou Jadir Pinheiro, pesquisador responsável pelo laboratório de Nematologia da Embrapa Hortaliças.

Recomendações de Controle

Para lidar com a infestação, o pesquisador Jadir Pinheiro recomenda medidas preventivas rigorosas. Entre elas, estão:

  • Plantar mudas sadias em bandejas com substratos esterilizados.
  • Evitar terrenos previamente infestados.
  • Lavar os pneus de tratores e implementos agrícolas para remover partículas de solo.
  • Desinfestar máquinas e equipamentos agrícolas.
  • Limpar poços e canais de irrigação após o período chuvoso.

Além disso, Pinheiro destaca a importância de incorporar matéria orgânica ao solo e realizar o manejo adequado da irrigação. Também é crucial retirar e destruir restos de culturas contaminadas e adotar a rotação de culturas com plantas não hospedeiras, como a Crotalaria spectabilis, que além de não multiplicar o nematoide-das-lesões-radiculares, serve como adubo verde e condicionador do solo.

Diagnóstico do problema

O diagnóstico foi realizado por meio de ações integradas, incluindo coletas de solo, avaliações comparativas de patógenos e análises histológicas em parceria com a Universidade de Brasília (UnB). Essas iniciativas permitiram identificar o nematoide-das-lesões-radiculares (Pratylenchus brachyurus) como o causador do problema.

Pinheiro ressalta que a intensificação da agricultura no Brasil e a expansão de novas áreas de plantio têm exacerbado os danos causados por esse patógeno, que anteriormente era considerado de importância secundária para a cultura do tomate industrial.

Agravamento pela rotação de culturas

A pesquisa também revelou que a rotação de culturas com soja, milho e arroz agrava o problema, pois essas culturas são eficientes multiplicadores do P. brachyurus. “A soja, em particular, tem mostrado prejuízos expressivos, agravando ainda mais a situação nas áreas afetadas,” alerta Pinheiro.

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