Giberela e brusone: como identificar em trigo

Diferenciação precisa permite o manejo eficaz

03.07.2025 | 14:17 (UTC -3)
Revista Cultivar
Giberela - Foto: Marcelo Madalosso
Giberela - Foto: Marcelo Madalosso

Giberela e brusone, apesar de apresentarem sintomas semelhantes possuem etiologias diferentes e requerem estratégias distintas de controle. A identificação precisa permite o manejo eficaz.

A giberela, também conhecida como fusariose, afeta principalmente espigas e grãos. É causada por fungos do gênero Fusarium, especialmente Fusarium graminearum, cuja fase sexual é chamada Gibberella zeae.

A brusone, por outro lado, tem como agente o fungo Pyricularia grisea e é mais recente no cenário brasileiro, sendo detectada pela primeira vez em trigo no Paraná, em 1985, e em cevada no início dos anos 2000.

Giberela: espigas esbranquiçadas e grãos com micotoxinas

A giberela manifesta-se por espiguetas despigmentadas, de cor esbranquiçada ou palha, que contrastam com o verde das sadias. Grãos afetados aparecem chochos, enrugados e com coloração branco-rosada. O problema agrava-se com a produção de micotoxinas, como a vomitoxina, prejudiciais à saúde humana e animal.

Essa doença ganhou força no Sul do Brasil nas últimas décadas. Condições de alta umidade por mais de 48 horas e temperaturas entre 20°C e 25°C favorecem o patógeno. Eventos como o El Niño intensificam a incidência.

O manejo conservacionista, que mantém os restos culturais na superfície do solo, contribui para a permanência do inóculo na lavoura. Além disso, a giberela atinge outras culturas do sistema produtivo, como milho, triticale, aveia e soja.

Brusone - Fotos: Augusto Goulart
Brusone - Fotos: Augusto Goulart

Brusone: lesão no ráquis e branqueamento da espiga

Na brusone, o sintoma mais evidente surge nas espigas: descoloração prematura da porção superior, acima do ponto de infecção no ráquis. Grãos dessas áreas mostram-se menores e deformados. A doença também pode atacar folhas, com lesões elípticas de centro claro e borda marrom.

Altas temperaturas, dias nublados, orvalho prolongado e umidade acima de 90% favorecem o fungo. Disseminado pelo vento, o patógeno encontra ambiente ideal no Centro-Oeste, onde o clima úmido e a presença de hospedeiros como arroz e milheto aumentam a pressão da doença. Em cevada, surtos causaram perdas de até 35% em grãos de qualidade superior.

Anomalias que confundem o diagnóstico

Diversos fatores podem causar sintomas semelhantes. Geadas, granizo, pragas como broca-do-colmo e percevejos, e até problemas fisiológicos como a esterilidade, geram espigas brancas ou grãos malformados. Esses sinais confundem técnicos e produtores, dificultando a tomada de decisão.

Exemplos incluem a broca-do-colmo, que provoca secamento da espiga com colmo perfurado, e o coró, que danifica raízes e impede o enchimento dos grãos. Outro caso comum é a barriga-branca, ligada ao estresse hídrico e térmico, que produz grãos opacos e esbranquiçados.

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