Fusarium graminearum

09.05.2025 | 16:59 (UTC -3)

Fusarium graminearum é um fungo ascomiceto altamente patogênico, pertencente ao Fusarium graminearum species complex (FGSC), que agrupa espécies geneticamente próximas, como F. asiaticum e F. meridionale.

Este patógeno destaca-se por causar doenças severas em culturas de importância econômica global, especialmente trigo e milho, comprometendo a produtividade e a qualidade dos grãos.

Sua relevância na agricultura brasileira e mundial é amplificada pela produção de micotoxinas, como o desoxinivalenol (DON), que afetam a saúde humana e animal e reduzem o valor comercial dos produtos agrícolas.

Biologia e ciclo de vida

F. graminearum apresenta um ciclo de vida complexo, com fases sexuais e assexuais.

Na fase sexual, o fungo forma estruturas chamadas peritécios, que produzem ascósporos, disseminados pelo ar até as espigas das plantas hospedeiras. A infecção ocorre principalmente durante o florescimento, quando os esporos germinam em condições de alta umidade e temperatura moderada (26–28°C).

Na fase assexual, o patógeno gera conídios, que contribuem para a propagação secundária da doença.

Trata-se de um fungo hemibiótrofo: inicia a infecção alimentando-se de tecidos vivos (fase biotrófica) e depois torna-se necrotrófico, degradando tecidos mortos para completar seu ciclo.

Sua capacidade de sobreviver em restos culturais e no solo por períodos prolongados, aliada à transmissão via sementes, facilita sua persistência nos agroecossistemas.

Doenças causadas e sintomas

As principais doenças associadas a F. graminearum incluem:

  • Giberela da espiga do trigo (Fusarium Head Blight - FHB): caracterizada pelo branqueamento prematuro das espiguetas, despigmentação, coloração esbranquiçada ou de palha, e escurecimento das glumas. Essa doença reduz a produtividade e contamina os grãos com micotoxinas, comprometendo a segurança alimentar.
  • Podridão da espiga do milho: manifesta-se por alterações na cor dos grãos (de leve escurecimento a marrom intenso), lesões no colmo e na espiga, além de redução na viabilidade das sementes.
  • Podridão do colmo e raiz: afeta o sistema vascular das plantas, causando necrose, enfraquecimento do colmo e tombamento, especialmente em condições de alta umidade e temperaturas entre 28–30°C.
  • Murcha em plântulas: originada de sementes contaminadas, leva à morte precoce das plantas jovens devido à podridão do colmo e raiz.

Condições ambientais favoráveis

A proliferação de F. graminearum depende de condições climáticas específicas.

Temperaturas entre 15–29°C e umidade elevada são ideais para sua germinação e infecção.

Chuvas frequentes durante o florescimento das culturas criam microambientes propícios para a liberação de esporos e a penetração do fungo nos tecidos vegetais.

Estratégias de controle e manejo integrado

O combate a F. graminearum requer abordagens multifacetadas, pois o uso isolado de fungicidas ou outras práticas raramente é suficiente. As principais estratégias incluem:

  • Aplicação de fungicidas e bioestimulantes: fungicidas triazóis e estrobilurinas, aplicados em momentos críticos (como o florescimento), reduzem a infecção. Além disso, fosfitos de potássio e manganês (0,2–1 mL/L) inibem o crescimento do patógeno.
  • Cultivares resistentes: a seleção de genótipos com resistência genética reduz a severidade da doença e a acumulação de micotoxinas. No entanto, é importante ressaltar que, atualmente, não existem cultivares de trigo ou milho totalmente resistentes a F. graminearum no Brasil. Embora haja genótipos com diferentes níveis de suscetibilidade, o desenvolvimento de variedades mais resistentes continua sendo um objetivo de pesquisa.
  • Manejo de restos culturais: incorporação ou remoção de resíduos infectados minimiza a fonte primária de inóculo.
  • Monitoramento e detecção precoce: métodos laboratoriais, como meios semi-seletivos, permitem identificar o patógeno em sementes antes do plantio, viabilizando decisões preventivas.
  • Práticas culturais: controle de plantas daninhas, manejo da umidade do solo e adequação do espaçamento entre plantas reduzem o microclima favorável ao fungo.
  • Rotação de culturas: alternar culturas suscetíveis (como trigo e milho) com espécies não hospedeiras interrompe o ciclo do patógeno, diminuindo sua sobrevivência no solo e em restos culturais.
  • Tratamento de sementes: fungicidas à base de difenoconazol, triadimenol e fludioxonil mostram eficiência de 61–100% no controle do fungo em sementes.

Veja aqui a lista de pesticidas registrados para o controle de Fusarium graminearum

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