Genômica do eucalipto no Congresso de Florestas Energéticas

05.06.2009 | 20:59 (UTC -3)

O Brasil é o líder mundial em melhoramento genético de eucalipto. Com estas palavras, o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Dário Grattapaglia, abriu a palestra “Mapeamento genético do eucalipto no Brasil”, no I Congresso Brasileiro de Florestas Energéticas.

O evento encerrou sexta-feira (05/06), em Belo Horizonte/MG, promovido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Embrapa e Governo de Minas Gerais, com a realização, em parceria, da Embrapa Florestas (Colombo/PR), Embrapa Agroenergia (Brasília/DF) e Sociedade de Investigações Florestais - SIF.

Durante a palestra, o pesquisador falou sobre o projeto Genolyptus. O projeto se baseia na geração de uma plataforma integrada de recursos experimentais e bases de dados genômicos para descobrir, mapear, validar e entender a variação subjacente nos genes e regiões genômicas de importância econômica em Eucalyptus, com ênfase no processo de formação da madeira e resistência a doenças.

Estes trabalhos de mapeamento, aliados à base de dados de sequenciamento abrem perspectivas concretas para a seleção direta de genes controladores das características de relevância silvicultural e industrial com um impacto significativo em todo o processo industrial. Desenvolver métodos de seleção de clones superiores, utilizando técnica de análise de DNA, reduz de 8 a 10 anos o aproveitamento desta espécie. Hoje, o objetivo é buscar árvore mais eficiente que combine o crescimento volumétrico com qualidade da madeira, por exemplo, maior teor de lignina. Esta característica é de grande importância para o foco de pesquisa da Embrapa Agroenergia (Brasília/DF), que visa maior eficiência nos processos de conversão da biomassa à energia.

Na palestra, Dário Grattapaglia falou que cerca de 50% do genoma já está sequenciado. “A floresta é extremamente valorizada e, com isso, o melhoramento genético nesta área é fundamental”, garante o pesquisador.

“Um dos grandes desafios para a geração sustentável de bioenergia no futuro é a compreensão das bases moleculares do crescimento e adaptabilidade de plantas perenes úteis para a produção de energia” diz.

O Projeto

O ‘Genolyptus’, iniciado em 2002, se baseia em uma parceria entre o governo federal através do Ministério da Ciência e Tecnologia (FINEP- Fundo Setorial Verde Amarelo), o setor acadêmico representado por sete Universidades e de pesquisa com diversas unidades da Embrapa, além do setor privado, atualmente, com 14 empresas florestais, 13 brasileiras e uma portuguesa.

A formação desta rede representou um posicionamento estratégico importante das empresas brasileiras do setor na área de biotecnologia. “Dificilmente cada uma delas individualmente teria fôlego tecnológico para sustentar um esforço concentrado na área de ciências genômicas que se caracteriza pela novidade constante, complexidade técnica, necessidade de equipes especializadas e uma imprevisão do retorno efetivo de curto a médio prazo do investimento realizado”, salienta Grattapaglia.

Além dos resultados do projeto, um avanço extraordinário alavancado pelo projeto Genolyptus em nível internacional, foi à aprovação da proposta de sequenciamento completo do genoma do eucalipto enviada em 2007 para o centro de sequenciamento de DNA (Joint Genome Institute) do Departamento de Energia dos EUA. Ele trará um enorme benefício para o avanço da pesquisa genômica do eucalipto no mundo todo além de uma perfeita complementação e alavancagem do que já vem sendo realizado no âmbito do Genolyptus.

A rede Genolyptus tem provocado um impacto importante na biotecnologia florestal nacional, posicionando o Brasil internacionalmente. Iniciado com a participação de doze das maiores empresas do setor florestal do Brasil, mais duas empresas ingressaram ao longo do projeto o que agregou recursos e permitiu a ampliação de metas técnicas e científicas.

Eucalípto

O eucalipto á uma árvore que reúne crescimento rápido, ampla adaptabilidade, e excelente madeira para vários fins industriais. Ele é plantado em mais de 100 países tropicais e sub-tropicais, e cumpre um papel essencial de floresta de substituição para a produção de papel, celulose, energia e madeira sólida de forma sustentável. “Existem muitos mitos equivocados sobre a planta. O eucalipto na verdade tem uma tripla função altamente benéfica para o meio ambiente, sequestra carbono da atmosfera, é fonte eficiente de produção de fibras e bioenergia e contribui para a recuperação de áreas degradadas” afirma Grattapaglia.

O Brasil é reconhecido mundialmente como um dos líderes no desenvolvimento e aplicação de inovações na área de genética e propagação florestal, notadamente de eucalipto.

Ganhos extraordinários em produtividade e qualidade das florestas industriais de eucalipto tem sido feitos nos últimos vinte anos no Brasil aplicando-se os princípios da genética quantitativa aliados a uma revolução nos procedimentos silviculturais, com destaque para a clonagem em larga escala de árvores elite.

O que se espera da genômica é outro salto equivalente que permitirá, por exemplo, a seleção precisa de clones elite em idade precoce com base na identificação direta da constituição genômica superior para características fisico-químicas da madeira.

Plantações florestais de rápido crescimento constituem um recurso renovável de fundamental importância para atender a demanda global crescente por produtos derivados de biomassa lenhosa.

Nas próximas décadas, produtividades florestais crescentes e refinamentos na qualidade dos produtos de madeira por meio de melhoramento genético, tornar-se-ão cada vez mais estratégicos para todos os setores industriais de base florestal, conclui Dário Grattapaglia.

Daniela Garcia Collares

Embrapa Agroenergia

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