Florada marca nova fase do café no Instituto Biológico

Com mais de duas mil plantas, o maior cafezal urbano do mundo celebra o ciclo produtivo e a biodiversidade

08.10.2025 | 08:18 (UTC -3)
Caíque Ribeiro de Sousa

O maior cafezal urbano do mundo, manejado pelo Instituto Biológico (IB-Apta), da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, fica na Vila Mariana, zona sul da capital paulista, e está novamente coberto por flores brancas e perfumadas. A segunda florada do ano começou na última segunda-feira, 6 de outubro, e está marcando um período essencial para o desenvolvimento dos grãos que serão colhidos em maio.  

De acordo com a pesquisadora Harumi Hojo, responsável pelo cafezal, “a importância da florada está diretamente ligada ao potencial de produção do café. A quantidade e a qualidade das flores nos dão uma perspectiva sobre como será a colheita”. O fenômeno, que normalmente ocorre entre setembro e novembro, dura poucos dias e transforma o espaço em um espetáculo natural de perfume doce e intenso.

Além da beleza, a florada é um lembrete da importância dos polinizadores. Abelhas e marimbondos, ao buscarem néctar, transportam grãos de pólen de uma flor para outra, promovendo a fertilização. “Esses insetos contribuem não apenas para a qualidade e quantidade dos grãos, mas também para a biodiversidade local”, explica Harumi. “Eles são fundamentais para a polinização cruzada e até mesmo para a autopolinização, fortalecendo a robustez genética do cafezal.”  

Durante a florada, o Instituto também realiza pesquisas para identificar quais espécies de polinizadores atuam no cafezal e de que forma contribuem para a produção. Segundo Harumi Hojo, abelhas nativas têm papel fundamental nesse processo, pois ajudam a uniformizar o tamanho dos frutos e aumentar seu teor de doçura. Para isso, os pesquisadores utilizam redes entomológicas e armadilhas coloridas – em tons de branco, amarelo e azul – com uma solução de água e sabão que atrai os insetos sem causar impacto significativo ao ambiente.  

O Instituto Biológico mantém cerca de 2.200 pés de café em uma área de dez mil metros quadrados, abrigando seis variedades, entre elas o bourbon amarelo, mundo novo e catuaí. Criado na década de 1950 para pesquisas sobre doenças e pragas em cafezais, o espaço hoje é também um ponto turístico, educativo e cultural.  

Anualmente, o IB realiza o evento Sabor da Colheita, que já soma mais de 17 edições e celebra o ciclo do café, aproximando o público urbano das origens do grão. As visitas ao cafezal são gratuitas e devem ser agendadas via formulário disponível  nas redes sociais do Cafezal Urbano. 

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