Yara apresenta soluções para nutrição de milho e soja na edição 2015 do Dia de Campo C. Vale
Faltando poucas semanas para a chegada da soja da nova safra ao mercado brasileiro, as negociações continuam travadas, com produtores ainda esperando uma melhora dos preços e compradores apostando numa queda, diante de uma safra recorde, apontaram especialistas nesta sexta-feira.
Isso se reflete em um atraso na comercialização. As vendas da soja da safra 2014/15 até o final de dezembro atingiram 31 por cento do volume total esperado, contra um índice de 43 por cento no mesmo estágio da safra 2013/14, disse a consultoria AgRural em um relatório nesta sexta-feira.
A colheita de algumas lavouras de soja precoce já começou em pontos de Mato Grosso e do Paraná, mas os trabalhos deverão ser mais intensos na segunda metade de janeiro e em fevereiro.
Os valores pedidos pelos produtores rurais para fechar a venda da soja que será colhida em breve têm ficado acima do que os compradores estão dispostos a pagar.
Em Goiás, por exemplo, esmagadoras têm oferecido 55,50 reais por saca e tradings aceitam pagar 56,50 reais, mas os produtores fecham negócio apenas acima de 60 reais, disse Vitor Carettoni, chefe da mesa de agronegócio do escritório de investimentos Lifetime, de São Paulo.
"Nos últimos anos, se trabalhou nesse nível de preços (60 reais por saca), e com a escalada recente do dólar o produtor tem o sentimento de que o preço alcançará novamente esse patamar", disse ele.
Além disso, os produtores estão capitalizados por uma sequência de anos de alta rentabilidade e têm poder para endurecer as negociações.
Desde novembro, os preços da soja na bolsa de Chicago giram em torno de 10 dólares por bushel, após tocarem 9 dólares em outubro, menor patamar em quatro anos e meio.
Por outro lado, a queda nas cotações internacionais foi parcialmente compensada pela alta de mais de 10 por cento do dólar frente o real entre o início de outubro e 16 de dezembro, quando a moeda norte-americana atingiu sua maior cotação de fechamento em quase uma década, a 2,7355 reais.
A desvalorização da moeda brasileira torna mais rentáveis as exportações de commodities como a soja, com influência direta no mercado no interior do país. No entanto, o dólar já caiu 1,15 por cento desde o pico de dezembro até a véspera.
"Com as recentes quedas (na cotação do dólar e no preço da soja em reais) os números entre vendedor e comprador ficaram distantes", disse um corretor de Maringá, no Paraná.
Vendedores na região têm pedido 64 reais por saca, enquanto compradores oferecem 59 a 60 reais.
No porto de Paranaguá (PR), houve sinalização de compradores, mas ainda não houve registro de negócios realizados, disse nesta sexta o Cepea.
"Os line-ups dos portos de Santos e Paranaguá não apontam navios previstos para chegar e embarcar soja por enquanto", disse o centro de pesquisas ligado à Universidade de São Paulo, em relatório.
Enquanto produtores apostam numa recuperação de preços, na esteira do dólar valorizado, compradores confiam no efeito da chegada de uma safra recorde ao mercado para derrubar as cotações nas próximas semanas.
"O grosso mesmo (das negociações), ocorrerá com a entrada da safra", ressaltou Carettoni.
O clima perto do favorável tem ajudado o desenvolvimento das lavouras na maior parte do país nos últimos meses. O país caminha para uma colheita recorde de 95,92 milhões de toneladas, disse nesta sexta a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
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