Emater-RS indica perdas significativas nas lavouras de soja do Rio Grande do Sul

Perdas crescentes decorrem de debulha natural, grãos germinados e avariados e falhas na trilha, todas exacerbadas pelo excesso de umidade; colheita do milho avançou

06.06.2024 | 17:36 (UTC -3)
Revista Cultivar, a partir de informações da Emater-RS

Os recentes períodos secos e ensolarados proporcionaram algum avanço na colheita das lavouras de soja no Rio Grande do Sul, melhorando as condições físicas e sanitárias dos grãos. No entanto, a colheita foi impactada pelas intensas precipitações após o dia 29 de abril, que resultaram em perdas significativas. As informações são da Emater-RS.

Em regiões como Noroeste, Alto Uruguai, Nordeste e parte do Planalto, a colheita foi concluída com sucesso. Já nas regiões Sul e Campanha, ainda restam muitas lavouras a serem colhidas, o que resultou em perdas de produção e econômicas elevadas. No geral, estima-se que 96% das áreas de soja no estado foram colhidas.

As lavouras enfrentaram perdas crescentes devido à debulha natural, grãos germinados e avariados e falhas na trilha, todas exacerbadas pelo excesso de umidade. Antes das chuvas intensas, a produtividade era considerada satisfatória, com picos de 5.400 kg/ha e média acima de 3.300 kg/ha. No entanto, a impossibilidade de colheita imediata das lavouras maduras e o contínuo amadurecimento das restantes alteraram negativamente a perspectiva de produção e produtividade, afetando cerca de 24% das áreas.

A Emater-RS estimou em novembro de 2023 uma produção de 22.246.630 toneladas em uma área de 6.681.716 hectares, com produtividade de 3.329 kg/ha. As chuvas afetaram 1.490.505 hectares, resultando em uma perda de 2.714.151 toneladas. Assim, a nova estimativa de produção estadual é de 19.532.479 toneladas, com produtividade reduzida para 2.923 kg/ha.

Após a retirada da soja, os produtores começaram a reparar as erosões do solo e a adicionar corretivos de acidez e nutrientes para recuperar a fertilidade. Na região administrativa de Bagé, a colheita avançou, mas os produtores enfrentaram dificuldades devido à umidade do solo e grãos avariados. Em cidades como Rosário do Sul, Dom Pedrito, Candiota e Hulha Negra, a colheita variou entre 70% e 95%.

Em outras regiões, a colheita foi igualmente desafiadora. Em São Borja e Maçambará, na Fronteira Oeste, a produtividade foi variável e a qualidade dos grãos decaiu. Em Caxias do Sul, 10% das lavouras foram abandonadas. Em Erechim e Frederico Westphalen, a colheita foi finalizada com produtividade satisfatória. Já em Passo Fundo, 3% das áreas não foram colhidas, mas a produtividade foi excelente, com 4.000 kg/ha.

Na região de Pelotas, o tempo seco permitiu algum avanço, mas a proporção de grãos comercialmente viáveis foi inferior a 15%. Em Santa Maria, a expectativa de produtividade caiu de 3.269 kg/ha para cerca de 2.500 kg/ha após as enchentes. Em Santa Rosa, a colheita foi concluída, mas com uma redução de 4,4% na produtividade final. Em Soledade, 75% das áreas foram colhidas antes das enchentes, com produtividade normal; as áreas restantes, entretanto, sofreram deterioração.

O preço médio da soja no Rio Grande do Sul caiu 0,81% na última semana, passando de R$ 123,09 para R$ 122,09 por saca de 60 quilos, conforme levantamento semanal de preços da Emater-RS.

Situação do milho

As recentes melhorias nas condições climáticas permitiram um avanço significativo na colheita do milho no Rio Grande do Sul. Pequenos produtores, que dependem da operação manual, aproveitaram o período de tempo seco, enquanto áreas com colheita mecanizada avançaram à medida que os grãos atingiram níveis ideais de umidade. No entanto, apesar do progresso na colheita, a qualidade e a produtividade do milho foram severamente impactadas pelas condições climáticas adversas anteriores.

Na metade norte do estado, a colheita está praticamente concluída, alcançando 94% da área cultivada. Segundo a Emater-RS, a estimativa inicial em novembro de 2023 indicava uma área plantada de 812.795 hectares, com uma produção prevista de 5.202.976 toneladas e produtividade de 6.401 kg/ha. Contudo, as chuvas e enchentes iniciadas em maio afetaram 113.700 hectares, resultando em uma perda de 354.189 toneladas. Agora, a produção é projetada em 4.848.786 toneladas, com produtividade reduzida para 5.966 kg/ha.

Desafios nas diferentes regiões:

• Bagé: na região administrativa da Emater-RS de Bagé, os cultivos destinados ao autoconsumo ainda estão sendo colhidos. As contínuas chuvas provocaram podridões nas espigas e nos grãos, especialmente em áreas afetadas por cigarrinha e em híbridos com problemas de empalhamento. Em Candiota, o excesso de umidade causou a germinação dos grãos nas espigas.

• Caxias do Sul: o tempo seco favoreceu a colheita, mas a qualidade dos grãos remanescentes foi severamente comprometida, com alta incidência de grãos germinados, ardidos e mofados. A produtividade média caiu para 6.590 kg/ha.

• Frederico Westphalen: colheita concluída com produtividade média de 6.644 kg/ha, uma redução de 26% em relação à expectativa inicial, devido a altas precipitações, ventos fortes e doenças.

• Ijuí: com 99% da área colhida, a produtividade e a qualidade dos grãos têm caído progressivamente.

• Pelotas: a colheita avançou lentamente, com apenas 44% das lavouras colhidas. As perdas de qualidade são significativas devido ao excesso de umidade, com produtividade atual de 2.578 kg/ha.

• Santa Maria: a colheita está quase finalizada, mas a produtividade caiu de uma expectativa inicial de 5.734 kg/ha para 3.942 kg/ha, resultando em uma perda de cerca de 56 mil toneladas.

• Santa Rosa: com 98% da área colhida, a produtividade média foi reduzida de 8.590 kg/ha para 5.520 kg/ha devido às condições climáticas adversas.

• Soledade: a colheita alcançou 73% da área cultivada. Os produtores aguardam períodos mais prolongados de tempo firme para reduzir o teor de umidade dos grãos, essencial para a colheita mecânica e para a qualidade do armazenamento.

A comercialização da saca de 60 quilos de milho apresentou uma leve redução de 0,07% em relação à semana anterior, passando de R$ 57,34 para R$ 57,30, conforme levantamento da Emater/RS-Ascar.

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