Emater continua verificação dos efeitos da geada no RS

Afirma-se que várias lavouras apresentaram quebra de produtividade, mas ainda difícil de mensurar quanto foi danificado

28.08.2020 | 20:59 (UTC -3)
Taline Schneider/Emater/RS-Ascar

Nesta semana, extensionistas, técnicos, imprensa e agricultores não trabalharam e falaram em outro assunto a não ser a última geada ocorrida na última semana e as possíveis perdas e prejuízos causados às culturas, principalmente do trigo, no Rio Grande do Sul. Isso porque, de acordo com o Gerente de Planejamento (GPL), Rogério Mazzardo, a principal cultura de inverno no Estado é o trigo, que ocupa em torno de 920 mil hectares nesta safra, concentrada nas regiões Norte, Noroeste, Central e Missões. “Estima-se nesta semana que 20% da área está nos estágios reprodutivos, emissão de espigas, floração e formação de grãos, ou seja, as fases mais sensíveis aos efeitos climáticos, em decorrência das geadas que ocorreram há poucos dias”. 

Diante disso, pode-se afirmar que várias lavouras têm apresentado quebra de produtividade, mas ainda difícil de mensurar quanto foi danificado, seja em quantidade ou qualidade, o grão para esta safra. “Nos próximos dias, os técnicos da Emater/RS continuarão a campo para acompanhar e verificar os efeitos dessas perdas nas lavouras. Perdas pontuais e localizadas ocorreram, mas ainda não foram quantificadas”. 

De acordo com o Informativo Conjuntural, produzido e divulgado pela GPL nesta quinta-feira (27/08), a entrada de uma forte massa de ar frio provocou queda brusca de temperatura e formação de geadas na semana anterior, que trouxeram consequências ao trigo, devido aos estágios de desenvolvimento mais suscetíveis às condições de frio. Na maioria das regiões, principalmente meio-norte do Estado, a forte geada provocou danos nas lavouras em floração e em início do enchimento de grão. Até mesmo nos Campos de Cima da Serra, as primeiras áreas semeadas que já se encontram em fase de emborrachamento poderão apresentar perdas significativas. Essas perdas só poderão ser mensuradas nos próximos dias quando os danos puderem ser visualizados. 

Na região de Frederico Westphalen, as chuvas fortes, ventanias e queda de granizo causaram tombamento em algumas áreas. Na sequência, as geadas também ampliam os riscos de perdas às lavouras, a serem dimensionadas ao longo da semana. Na regional de Pelotas, as geadas não causaram danos. Desde sábado (22/08), nas áreas danificadas pela geada já era possível visualizar os efeitos de queimadura de folhas, branqueamento de espigas e danos nos colmos, principalmente próximo aos últimos entrenós.

Os cultivos de canola se ressentiram dos efeitos das geadas na semana. Na regional de Frederico Westphalen, 10% dos cultivos estão em floração e 90% em enchimento de grãos. As chuvas fortes acompanhadas de vento e granizo da última sexta-feira (21/08) causaram tombamento em algumas áreas; somado ao efeito da geada vão reduzir a produtividade. Na de Ijuí, a maioria das lavouras está em floração. A geada cobriu totalmente as flores e as síliquas, estruturas muito sensíveis da planta. A fina camada de gelo provocou maiores danos nas síliquas e, consequentemente, nos grãos em formação, que continham elevado teor de água. Na região de Santa Rosa, haverá diminuição do rendimento em virtude dos danos provocados pelas geadas de julho e agosto. 

Lavouras de aveia e cevada em estágio reprodutivo também sofreram danos pela ocorrência de geadas. Além dessas, o milho que já estava em desenvolvimento vegetativo com quatro folhas ou mais sofreu danos, como queimadura das folhas e morte de plantas, com congelamento dos tecidos, sendo necessário replantar as áreas.

A formação das geadas causou danos na floração de pessegueiros e ameixeiras precoces com baixo requerimento de frio; a grande maioria das plantas estavam em floração e início de formação dos frutos. Já nas variedades mais tardias, cujos acumulados de horas de frio necessários são maiores, a ação das geadas não foi tão expressiva. Na região de Caxias do Sul, cultivares superprecoces de pêssego já se encontravam em plena frutificação, e as precoces na fase fenológica de limpeza das frutinhas foram as mais afetadas pela ocorrência de baixas temperaturas. A extensão dos prejuízos só será passível de mensuração diagnóstica em algumas semanas, tempo necessário para as frutas e flores evidenciarem os efeitos.

Nas regiões onde videiras estavam em início de brotação são observados danos provocados pelas geadas. Produtores de melancia da região de Soledade, os que haviam realizado plantio precoce em estufins tiveram prejuízos com granizo. Na região de Porto Alegre, em plantios precoces em cabaninhas onde baraços das mudas a prosperarem além da área protegida que foram atingidas por geadas, queimando parte destas ramas. 

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