Nesta semana, extensionistas, técnicos, imprensa e agricultores
não trabalharam e falaram em outro assunto a não ser a última geada ocorrida na
última semana e as possíveis perdas e prejuízos causados às culturas,
principalmente do trigo, no Rio Grande do Sul. Isso porque, de acordo com o Gerente de Planejamento
(GPL), Rogério Mazzardo, a principal cultura de inverno no Estado é o trigo,
que ocupa em torno de 920 mil hectares nesta safra, concentrada nas regiões
Norte, Noroeste, Central e Missões. “Estima-se nesta semana que 20% da área
está nos estágios reprodutivos, emissão de espigas, floração e formação de
grãos, ou seja, as fases mais sensíveis aos efeitos climáticos, em decorrência
das geadas que ocorreram há poucos dias”.
Diante
disso, pode-se afirmar que várias lavouras têm apresentado quebra de
produtividade, mas ainda difícil de mensurar quanto foi danificado, seja em
quantidade ou qualidade, o grão para esta safra. “Nos próximos dias, os
técnicos da Emater/RS continuarão a campo para acompanhar e verificar os
efeitos dessas perdas nas lavouras. Perdas pontuais e localizadas ocorreram,
mas ainda não foram quantificadas”.
De acordo
com o Informativo Conjuntural, produzido e divulgado pela GPL nesta
quinta-feira (27/08), a entrada de uma forte massa de ar frio provocou queda
brusca de temperatura e formação de geadas na semana anterior, que trouxeram
consequências ao trigo, devido aos estágios de desenvolvimento mais suscetíveis
às condições de frio. Na maioria das regiões, principalmente meio-norte do
Estado, a forte geada provocou danos nas lavouras em floração e em início do
enchimento de grão. Até mesmo nos Campos de Cima da Serra, as primeiras áreas
semeadas que já se encontram em fase de emborrachamento poderão apresentar
perdas significativas. Essas perdas só poderão ser mensuradas nos próximos dias
quando os danos puderem ser visualizados.
Na região
de Frederico Westphalen, as chuvas fortes, ventanias e queda de granizo
causaram tombamento em algumas áreas. Na sequência, as geadas também ampliam os
riscos de perdas às lavouras, a serem dimensionadas ao longo da semana. Na
regional de Pelotas, as geadas não causaram danos. Desde sábado (22/08), nas
áreas danificadas pela geada já era possível visualizar os efeitos de
queimadura de folhas, branqueamento de espigas e danos nos colmos,
principalmente próximo aos últimos entrenós.
Os cultivos
de canola se ressentiram dos efeitos das geadas na semana. Na regional de
Frederico Westphalen, 10% dos cultivos estão em floração e 90% em enchimento de
grãos. As chuvas fortes acompanhadas de vento e granizo da última sexta-feira
(21/08) causaram tombamento em algumas áreas; somado ao efeito da geada vão
reduzir a produtividade. Na de Ijuí, a maioria das lavouras está em floração. A
geada cobriu totalmente as flores e as síliquas, estruturas muito sensíveis da
planta. A fina camada de gelo provocou maiores danos nas síliquas e,
consequentemente, nos grãos em formação, que continham elevado teor de água. Na
região de Santa Rosa, haverá diminuição do rendimento em virtude dos danos provocados
pelas geadas de julho e agosto.
Lavouras de
aveia e cevada em estágio reprodutivo também sofreram danos pela ocorrência de
geadas. Além dessas, o milho que já estava em desenvolvimento vegetativo com
quatro folhas ou mais sofreu danos, como queimadura das folhas e morte de
plantas, com congelamento dos tecidos, sendo necessário replantar as áreas.
A formação
das geadas causou danos na floração de pessegueiros e ameixeiras precoces com
baixo requerimento de frio; a grande maioria das plantas estavam em floração e
início de formação dos frutos. Já nas variedades mais tardias, cujos acumulados
de horas de frio necessários são maiores, a ação das geadas não foi tão
expressiva. Na região de Caxias do Sul, cultivares superprecoces de pêssego já
se encontravam em plena frutificação, e as precoces na fase fenológica de
limpeza das frutinhas foram as mais afetadas pela ocorrência de baixas
temperaturas. A extensão dos prejuízos só será passível de mensuração
diagnóstica em algumas semanas, tempo necessário para as frutas e flores
evidenciarem os efeitos.
Nas regiões
onde videiras estavam em início de brotação são observados danos provocados
pelas geadas. Produtores de melancia da região de Soledade, os que haviam
realizado plantio precoce em estufins tiveram prejuízos com granizo. Na região
de Porto Alegre, em plantios precoces em cabaninhas onde baraços das mudas a
prosperarem além da área protegida que foram atingidas por geadas, queimando
parte destas ramas.