Cultivares de plantas biofortificadas chegam à região Sul do Pará

Doze unidades de multiplicação de sementes e mudas foram instaladas de forma inédita nos municípios de Xinguara e Santa Maria das Barreiras

03.06.2024 | 15:09 (UTC -3)
Ana Laura Lima
Foto: Ronaldo Rosa
Foto: Ronaldo Rosa

Agricultores familiares da região Sul do Pará já têm acesso às cultivares biofortificadas desenvolvidas pela Embrapa. Doze unidades de multiplicação de sementes e mudas de feijão-caupi, milho, macaxeira e batata-doce foram instaladas neste mês de maio nos municípios de Xinguara e Santa Maria das Barreiras. “É a primeira vez que ações da Rede Biofort chegam ao sul do estado do Pará”, afirmou Daniel Mangas, supervisor do Núcleo da Embrapa na região.

As unidades foram instaladas nas áreas das Secretarias de Agricultura dos dois municípios e contam com o apoio do Sebrae, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater-PA) e de cooperativas de agricultores familiares da região. O objetivo, segundo o analista Jaime Carvalho, da Embrapa Amazônia Oriental, é fazer do local um polo irradiador de informações e material genético dos biofortificados para estudantes, agricultores e técnicos da região.

A Rede BioFORT é responsável pela biofortificação de alimentos no Brasil. Coordenada pela Embrapa, busca diminuir a desnutrição e garantir maior segurança alimentar e nutricional, além de desenvolver produtos agroindustriais e novas embalagens para conservação dos micronutrientes. 

A biofortificação é resultado de um processo de cruzamento de plantas da mesma espécie, gerando cultivares mais nutritivas. “É importante ressaltar que não é alimento transgênico (onde há incorporação de genes de outro organismo no genoma da planta) e que o próprio produtor tem a autonomia para reproduzir sua semente ou muda", explica Jaime Carvalho, da Embrapa Amazônia Oriental.

As cultivares de milho BRS 4104; de macaxeiras BRS Dourada, BRS Gema de Ovo e BRS Jari; de batata-doce BRS Beauregard; e de feijão-caupi BRS Aracê implantadas nas unidades de multiplicação possuem elevados teores de ferro, zinco e betacaroteno, que é o precursor da vitamina A, quando comparadas aos materiais genéticos utilizados no campo.

Para o agricultor Antônio Miranda Neto, da Cooperativa da Agricultura Familiar e Assistência Técnica de Carajás (Coafatec), de Santa Maria das Barreiras, os produtos biofortificados podem alavancar a agricultura familiar da região, que já conta com a sinalização do poder público local de inserção na merenda escolar. “Vamos trabalhar para multiplicar essa semente dentro do município. A unidade de biofortificados vai melhorar a nossa base alimentar e gerar renda para as famílias”, afirma.

Os produtos biofortificados já estão presentes em 46 unidades de referência tecnológica no estado do Pará. São vitrines em áreas de agricultores familiares e prefeituras, localizadas em 15 municípios paraenses. O trabalho iniciou em 2016 e já formou 360 multiplicadores das variedades biofortificadas.

Atuação em rede

Além da bovinocultura de leite e apicultura, a Embrapa amplia agora seu trabalho em conjunto com o Sebrae na região sul do Pará, de acordo com Luis Lustosa Júnior, analista do Sebrae-PA. “Além de boa aceitação no comércio local, os biofortificados atendem a duas questões importantes: a melhoria na questão nutricional das famílias e a possibilidade de geração de renda”, acredita.

Tanto em Xinguara quanto em Santa Maria da Barreiras, os gestores locais sinalizaram a relevância dos produtos biofortificados para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) “Essa ação prevê não somente a geração de trabalho e renda, mas também o combate à fome oculta e à desnutrição”, diz o secretário de Economia Urbana e Rural de Xinguara, Fábio Queiroz. 

“Acreditamos que é possível criar e fortalecer redes com cooperativas de agricultores, instituições e com o poder público local para que esses produtos cheguem cada vez mais longe e possam ser introduzidos na merenda escolar”, exemplifica o analista da Embrapa, Jaime Carvalho. 

“A gente espera que essa semente plantada aqui no Sul do Pará traga bons resultados para os agricultores familiares, principalmente na questão nutricional, e a partir daí seja uma fonte de geração de renda para a população mais carente”, finaliza Daniel Mangas, da Embrapa.

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