Criação do mercado de crédito de carbono traz mais segurança para os investimentos, diz especialista do Demarest

Para Fernanda Stefanelo, sócia da área ambiental, país ganha destaque em negócios sustentáveis

19.05.2022 | 14:14 (UTC -3)
Claudia Rolli

O governo federal deve editar decreto de lei para regulamentar o mercado de crédito de carbono no país, segundo anunciou o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, durante o congresso Mercado Global de Carbono -- Descarbonização & Investimentos Verdes, realizado no Rio de Janeiro.

Para Fernanda Stefanelo, sócia da área ambiental do Demarest Advogados, a regulamentação do mercado de crédito de carbono no Brasil vai propiciar maior segurança para os investimentos nesse ativo sustentável.

“A criação do mercado de créditos de carbono coloca o Brasil em um cenário de destaque no mundo, papel esse que seria compatível com as muitas ofertas possíveis de negócios sustentáveis que podem ser gerados envolvendo setores produtivos, de prestação se serviços, instituições financeiras, entre outros. A regulamentação vai propiciar maior segurança para os investimentos nesse ativo sustentável”, diz a advogada.

De acordo com Fernanda Stefanelo, no congresso ficou claro que o governo federal busca impulsionar o papel do Brasil não só em âmbito nacional, mas internacional. “Isso principalmente ao destacar as diversas possibilidades de negócios envolvendo créditos de carbono, trazendo stakeholders de diferentes setores econômicos, como agências de fomento, instituições financeiras, CEOs e empreendedores”, afirmou a especialista do Demarest.

Durante o evento, o presidente do BB (Banco do Brasil), Fausto de Andrade Ribeiro, anunciou também um fundo de investimento com aporte inicial de R$ 2 milhões para o crédito de carbono e potencial de R$ 50 milhões. O objetivo é oferecer a possibilidade de um investimento com remuneração atrelada à sustentabilidade.

Mercado Global de Carbono

A estimativa é que até 2030, o país pode gerar até R$ 100 bilhões em receitas com créditos de carbono nos setores de agronegócio, florestas e energia, segundo projeção da WayCarbon e da International Chamber of Commerce (ICC) Brasil. Esse montante atenderia entre 2% e 22% do mercado regulado global.

O Congresso Mercado Global de Carbono -- Descarbonização & Investimentos Verdes é promovido pelo Banco do Brasil e pela Petrobras, com o apoio do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Banco Central.

"O ministro Paulo Guedes e eu criamos hoje o mercado regulado de carbono. Com inovações como o mercado de metano, carbono de vegetação nativa e carbono do solo, alinhado com o modelo produtivo brasileiro, e o carbono azul, relacionado à indústria naval. Essa regulamentação permitirá a negociação desses ativos no mercado global", afirmou o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite.

Ainda de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, o Brasil será o maior vendedor de créditos de carbono do mundo, com diferenciação em relação ao resto do mundo pelo custo dos projetos, qualidade dos créditos com impacto social positivo e a multiplicidade de fontes de geração dos créditos.

O debate sobre ações por uma economia de baixo carbono ficou mais intenso após a COP26, conferência sobre o clima do mundo que reuniu líderes de 197 países em novembro de 2021, em Glasgow (Escócia).

Atualização em 20/05/2022: foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União, o Decreto 11.075/22, que "estabelece os procedimentos para a elaboração dos Planos Setoriais de Mitigação das Mudanças Climáticas, institui o Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa e altera o Decreto nº 11.003, de 21 de março de 2022". Seu texto integral pode ser lido aqui.

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