Congresso Mercosul e Latino Americano de Aviação Agrícola projeta renovação e crescimento

24.06.2011 | 20:59 (UTC -3)

Cerca de 900 pessoas passaram pelos estandes, palestras e painéis do XX Congresso Mercosul e Latino Americano de Aviação Agrícola, que movimentou o Costão do Santinho, em Florianópolis, de 15 a 17 de junho. No balanço do evento, empresários, pesquisadores, fornecedores e pilotos enfatizaram boa perspectiva de crescimento para o setor, que no Brasil deve chegar a 30% nos próximos três anos. O Congresso também mostrou a disposição dos operadores aeroagrícolas em qualificar a gestão.

A pauta abrangeu desde o cenário mundial do agronegócio e palestras técnicas sobre motores de aeronaves até políticas governamentais para o setor e abordagem psicológica das atividades dos pilotos. Um dos destaques entre os palestrantes foi o ex-ministro da Agricultura do governo Lula, Roberto Rodrigues. Segundo ele, a produção mundial de alimentos deverá ser dobrada em 18 anos, para atender a demanda. ”E isso vai depender muito do emprego de alta tecnologia”, ressaltou.

Justamente onde se encaixam os aviões. “O Brasil tem hoje 49 milhões de hectares plantados com grãos. Se tivéssemos hoje a mesma produtividade de há dez anos, seriam necessários mais 57 milhões de hectares para colher a mesma quantidade de produtos”, comparou o ex-ministro. E é aí que a aviação agrícola ganha força também na questão ambiental.

Se as aeronaves já possibilitavam reduzir em um terço a aplicação de defensivos, seu emprego ajuda a impedir que a fronteira agrícola avance sobre áreas de preservação. Sem falar no emprego do avião para o plantio de florestas e combate a incêndios florestais, aspectos também lembrados no encontro em Florianópolis.

Argumentos que estão intrínsecos nos dois DVDs lançados pelo Sindag no Congresso. Um deles para divulgação da aviação agrícola ao público em geral e outro destinado a escolas agrícolas e faculdades agronômicas. O material foi entregue a todos os associados do Sindicato, que devem receber também cópias de artes para anúncios em publicações. A intenção é que as empresas aeroagrícolas utilizem o material na Semana da Aviação Agrícola (de 15 a 21 de agosto), em uma espécie de mutirão de propagandas em jornais locais por todo o País. “O Sindag não tem recursos para uma campanha publicitária nacional. Mas se todos os associados abrangerem sua região, poderemos ter quase o mesmo efeito”, argumentou o presidente Júlio Kämpf.

Não só o potencial de crescimento, mas a perspectiva de renovação da frota brasileira e latinoamericana também permearam os debates e as negociações no Congresso Aeroagrícola do Sindag. O Brasil tem a segunda maior frota mundial de aviões agrícolas, com mais de 1,5 mil aeronaves (atrás apenas dos Estados Unidos). A brasileira Embraer, que produz o avião Ipanema, entrou 2011 projetando vender 40 aviões. Já vendeu 56. E mais um no Congresso em Florianópolis.

Já o norte-americano Jim Hirsch, presidente da Air Tractor Inc., veio ao evento pregando renovação. Ele aposta que deve ocorrer por aqui o que aconteceu nos últimos anos nos Estados Unidos, onde aviões menores, a pistão, estão sendo substituídos pelas aeronaves turbo hélices que ele fabrica. O segredo estaria na melhor performance e redução dos custos operacionais no longo prazo.

“Em 2010, produzimos 123 aviões em nossa fábrica nos Estados Unidos. E 56% deles foram vendidos para o Brasil e outros países da América do Sul”, comentou. “Para 2012, nossa produção será de 170 aeronaves”, completou Hirsch.

Os empresários aeroagrícolas também saíram do encontro em Santa Catarina comemorando boas notícias quanto à regulamentação do setor. É que a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) confirmou que o novo Regulamento Brasileiro de Aviação Civil (RBAC) 137 deve ser publicado até agosto. O documento chega depois de dez anos de tratativas entre o Sindag e a ANAC, e com pelo menos 90% dos pleitos do setor aeroagrícola atendidos.

Entre as mudanças, está a regulamentação de aeronaves para uso de etanol. O Congresso teve a participação também de entidades e empresários da Argentina, Uruguai e Paraguai, que já são parceiros frequentes nos eventos do Sindag. E o evento serviu para aproximar ainda mais os quatro vizinhos de representantes do setor aeroagrícola de países como Colômbia, Bolívia, Equador e Estados Unidos.

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