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O I Congresso Brasileiro de Florestas Energéticas, na programação da Superagro Minas 2009, terminou sexta-feira (05/06), no complexo Expominas, e deixou uma boa impressão nos participantes.
O congresso abordou, durante quatro dias, temas relevantes para o desenvolvimento de tecnologias na produção de energia a partir de florestas plantadas. Segundo o presidente do congresso e pesquisador da Embrapa Florestas, Antônio Bellote, a crise não tirou o brilho do evento, que conseguiu atingir o número esperado de participantes e ainda impressionou com trabalhos de qualidade.
"Nós achamos que a crise iria prejudicar o congresso, mas isso não aconteceu. A nossa meta foi atingida com mil e seis participantes. Além disso, a inscrição de profissionais da área e os trabalhos com temas relevantes e pesquisadores renomados garantiram o sucesso do congresso", avaliou.
Ao longo de quatro dias, quatro eixos temáticos foram debatidos no congresso: a ampliação da base florestal para aumento da produção de energia; inovações tecnológicas em processos energéticos tradicionais; o desenvolvimento de novas tecnologias para a produção de energia; além de aspectos sociais, tais como a sustentabilidade econômica e ambiental da produção de energia a partir da biomassa. Segundo Bellote, mais do que meras discussões, o congresso poderá render frutos em breve na sociedade. "Nós definimos os desafios para que a biomassa tenha um aumento na matriz energética do Brasil. De agora em diante podemos determinar as demandas das pesquisas e as necessidades para se avançar nessa área", analisou.
Para o professor Ismael Pires, professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e diretor científico da Sociedade de Investigações Florestais (SIF), as discussões apresentadas no congresso são de suma importância para a sociedade brasileira e a iniciativa pode incentivar mais discussões na área. "O congresso foi o primeiro, mas devido ao sucesso nós já estamos projetando o segundo, provavelmente daqui a dois anos. Além disso, o sucesso desse evento pode ajudar na retomada do Congresso Florestal Brasileiro, que discute o meio-ambiente de forma mais ampla, mas atualmente está parado".
Superagro 2009 - O I Congresso Brasileiro de Florestas Energéticas foi promovido pela Embrapa Florestas, Embrapa Agroenergia e Sociedade de Investigações Florestais a partir de uma parceria entre Embrapa e Governo de Minas Gerais.
No I Congresso Brasileiro de Florestas Energéticas, encerrado sexta-feira (5) um dos temas abordados foi a pesquisa para a produção de etanol a partir da madeira e outras fontes. O chamado etanol de segunda geração é aquele produzido a partir de técnicas que fogem às convencionais e o tema foi levantado pelo professor Flávio Teixeira da Silva, que leciona na Escola de Engenharia de Lorena, da USP. As pesquisas do professor apontam para a obtenção do etanol a partir da celulose de materiais lignocelulósicos, tais como o bagaço da cana-de-açúcar. "Além do bagaço de cana ele pode ser obtido a partir de qualquer tipo de madeira, resíduos agrícolas, casca de arroz, sabugos de milho e outras gramíneas que produzem resíduos", explica.
Atualmente, o Brasil é um dos grandes produtores mundiais de etanol e tem, nos próximos 10 anos, a meta de duplicar sua produção. O etanol brasileiro, contudo, é produzido quase que exclusivamente a partir da sacarose da cana-de-açúcar. Segundo o professor, pesquisas sobre etanol de segunda geração são necessárias tanto para suprir a demanda mundial, cada vez maior para a produção de etanol, quanto para evitar desperdícios desnecessários, no caso do Brasil, em relação à cana-de-açúcar. Um exemplo dado na palestra foi a produção brasileira de etanol em 2004, ano no qual foram produzidos 350 milhões de litros e gerados 98 milhões de toneladas de bagaço. O bagaço atualmente é utilizado para fonte de energia dentro das próprias usinas, mas o professor reitera que, com a devida tecnologia, poderia ser aproveitado também para produção de etanol.
Flávio Teixeira afirma que o processo químico, que faz a retirada do etanol da celulose desses resíduos, ainda apresenta certas complicações técnicas, mas ressalta que é muito importante investir nessa linha de pesquisa. Segundo o professor, o Brasil vive um momento ideal para reafirmar sua liderança no mercado mundial de produção de etanol. "Eu acho que é difícil prever um tempo para uma ação comercial. O que eu posso dizer é que o mundo inteiro está trabalhando intensivamente para obter esse biocombustível em um tempo mais curto possível. E o Brasil, que praticamente abandonou as pesquisas com álcool após o boom da década de 1970, começa a retomar essa função devido a essa grande demanda mundial", concluiu.
Mais informações:
Vanúsia Duarte, Rodrigo Moinhos e Guilherme Brasil
Assessoria de imprensa
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