Conferência aborda defesa agropecuária como questão de soberania nacional

26.04.2012 | 20:59 (UTC -3)
Fonte: Secretaria da Agricultura, Irriga

“Um país que pretende ser a maior potência na produção de alimentos precisa ter uma defesa agropecuária eficiente”. Foi com essas palavras que o secretário estadual de Agricultura do Estado, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, abriu a III Conferência Nacional de Defesa Agropecuária (CNDA), evento que será encerrado nesta sexta-feira (27) no Centro de Convenções de Salvador. A III CNDA, realizada pela Sociedade Brasileira de Defesa Agropecuária (SBDA) e organizada pela Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) traz cerca de 1.300 participantes de 17 Unidades da Federação, 80 palestrantes, 24 moderadores, 13 relatores, 200 trabalhos científicos e 36 instituições de pesquisa, ensino e defesa agropecuária do país.

O Secretário de Agricultura representou o governador Jaques Wagner e destacou o caráter da defesa agropecuária brasileira como a responsabilidade compartilhada entre os setores público e privado para liderar o ranking mundial da produção de alimentos até 2020. “As barreiras sanitárias estreitam cada vez mais as barreiras comerciais no mundo todo. E, se queremos ver o Brasil como celeiro do mundo, temos que eleger a defesa agropecuária como política pública com foco na questão da soberania nacional”, apontou Salles, ressaltando a defesa agropecuária do Estado.

A Bahia possui 56 milhões de hectares, tem 24% do PIB originário da agropecuária, a maior população rural do país e é o Estado com o maior número de agricultores familiares do Brasil, totalizando 665 mil famílias. “Fazemos divisa com países onde existem pragas de alto risco para nossos rebanhos e lavouras. Se não tomarmos o devido cuidado, as conseqüências podem comprometer toda a agropecuária baiana”, enfatizou o Secretário que recentemente esteve em viagem ao Norte do país, visitando as barreiras sanitárias do Brasil na região, acompanhado pelo diretor geral da Adab, Paulo Emílio Torres.

Para o diretor geral da Adab, diante do cenário mundial da agropecuária não há espaço para amadorismo na defesa. “Temos que estabelecer estratégias que integrem todos os elos da defesa agropecuária de maneira universal. Dessa forma conseguiremos a celeridade necessária para agir, combater e controlar pragas e doenças, cumprindo com nosso papel de defender o negócio agropecuário em todo o país”, disse Paulo Emílio Torres, lembrando que a antecipação da vacinação do rebanho contra a febre aftosa, pleito solicitado pela Seagri e aceito pelo Ministério da Agricultura, teve como objetivo proteger o rebanho baiano contra a seca que afeta 212 municípios do Estado.

O Deputado Federal e ex-ministro da Agricultura Reinhold Stephanes fez a “palestra magna” e falou sobre a importância de “Uma Agenda para a Agricultura”, ressaltando desafios para o setor nos próximos anos. “Somos o país cuja agricultura, nos últimos 10 anos, mais cresceu em eficiência. E nos próximos 20 anos teremos que produzir o dobro em termos agrícolas para sermos uma potência mundial na produção de alimentos”, apontou.

O ex-ministro e economista defendeu a criação e consolidação de uma Agenda para a Agricultura, participativa e disseminada entre a sociedade, capaz de estabelecer direcionamentos estratégicos para o desenvolvimento da agropecuária no Brasil. Durante sua apresentação, Reinhold Stephanes elencou os principais eixos dessa Agenda: pesquisa com mais investimentos; sistema de defesa com mais recursos e integração entre os estados; revisão na política agrícola e segurança jurídica no campo. “Mas todos esses aspectos precisam ser tratados independentemente de conjunturas políticas, abrindo a possibilidade de criar um ambiente minimamente favorável à continuidade das ações”, disse.

Segundo ele, o Brasil tem todas as condições para desenvolver ainda mais o segmento se superar alguns entraves relacionados às áreas de transporte, logística e fertilizantes. “O caminho da para o crescimento da agropecuária brasileira é a união entre produtividade e tecnologia”, acrescentou Reinhold Stephanes. “Isso, aliado à participação dos produtores agrícolas nas decisões nacionais é que pode colocar o país numa posição de destaque perante o mercado mundial”.

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