Produtores enfrentarão clima quente e seco no inverno de 2025, prevê Inmet
Boletim do instituto indica temperaturas acima da média e chuvas irregulares nas principais regiões agrícolas do país
A safra de soja 2024/25, em Mato Grosso, registrou menores problemas com pragas em comparação com o ano anterior, mas com alguns desafios pontuais. Um ano climaticamente mais regular contribuiu para reduzir as infestações, segundo avaliação de Paulo Degrande, professor titular aposentado da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), que acompanha anualmente a situação de pragas Brasil adentro.
"Foi um ano relativamente menos problemático nas questões de controle de pragas desta leguminosa", afirmou durante o 25º Encontro Técnico de Soja, promovido pela Fundação MT, em Cuiabá.
Em 2023/24, o clima favoreceu a mosca-branca e intensificou a presença de percevejos no final do ciclo.
De outro lado, na safra 2024/25 “tivemos a presença de lagartas no início, adultos de percevejo em seguida e, em algumas localidades, problemas com cascudinho-da-soja”, citou o professor. Ele também apontou a ocorrência de Spodoptera frugiperda próxima ao florescimento e um aumento do percevejo barriga-verde em relação ao percevejo-marrom, o que poderia aumentar o risco em áreas com cultivo de milho de segunda safra.
Estas duas pragas têm preocupado pela persistência no final do ciclo e pelo risco de dispersão para culturas subsequentes, como milho e algodão. “No final do ciclo, pode haver abandono de controle destes percevejos, o que pode gerar impacto direto na safra em sucessão”, alertou Degrande.
O manejo integrado de pragas tem avançado no estado. De acordo com o especialista, cresce a consciência sobre o momento certo de aplicar defensivos químicos ou biológicos graças ao monitoramento mais cuidadoso, além da busca por maior precisão e qualidade nas aplicações. “As equipes têm se qualificado mais. Produtos, processos e serviços (pessoas) na mais alta qualidade fazem uma grande diferença”, ressaltou.
Entre os erros mais ocorrentes no campo, Degrande aponta falhas não intencionais, como o controle insuficiente ao final do ciclo de algumas pragas e a presença de soqueiras, rebrotas e tigueras, que afetam os cultivos posteriores, como milho e algodão, que favorecem a sobrevivência de pragas como o percevejo-barriga-verde e o bicudo-do-algodoeiro.
A chegada dos pesticidas biológicos ao manejo tem sido positiva. “Os biológicos são importantes para a atingir patamares superiores de sustentabilidade. Desde que sejam funcionais e sejam acompanhados de controle de qualidade, isto é muito bem-vindo”, destacou o professor. Ele vê uma tendência de fortalecimento das marcas mais confiáveis de produtos biológicos com padrões elevados de qualidade, o que contribui para eliminar produtos de baixa eficácia do mercado, como se separasse o "joio do trigo".
Para a próxima safra, as atenções se voltam à ampliação da uma segunda geração de soja Bt e a novos inseticidas. “Teremos novas ferramentas em uso. Mas cabe lembrar que tecnologia boa é aquela bem utilizada dentro das boas práticas agrícolas, para tal pessoas treinadas são essenciais”, concluiu.
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