Liberações do Funcafé chegam a quase R$ 600 milhões
As pragas causam cerca de 40% de danos à produção vegetal. Os agentes causais de doenças (fungos, bactérias, vírus, nematóides, fitoplasmas etc.) são responsáveis por, aproximadamente, 15% destes danos. Em regiões de clima tropical, como o Brasil, é maior o número e a severidade das pragas - plantas daninhas, insetos, fungos etc. Há necessidade de se utilizar medidas de manejo integrado (MIP), entre as quais se destaca o uso de defensivos agrícolas - herbicidas, inseticidas, fungicidas etc., para a sustentabilidade da produção de alimentos, agroenergia, fibras, ornamentais, especiarias e medicinais.
O setor de defensivos agrícolas no Brasil é representado pelas indústrias e canais de distribuição. Atualmente existem 84 fabricantes de defensivos, cuja representação sindical está a cargo do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola, SINDAG. Entre as entidades do setor se destaca a Associação Nacional de Defesa Vegetal, ANDEF, que reúne as empresas que realizam Pesquisa & Desenvolvimento e relacionadas à CropLife, além da ABIFINA (genéricos) e AENDA (genéricos). A distribuição de defensivos agrícolas é realizada pelas revendas (6.000), representadas pela ANDAV, e cooperativas agrícolas (1.500), representadas pela OCB.
O inpEV é a instituição que gerencia a destinação adequada de embalagens vazias de defensivos agrícolas, dispondo de 412 unidades de recebimento. Em 2009, foram recolhidas 28,7 mil toneladas de embalagens; 94% das embalagens plásticas foram coletadas, colocando o Brasil em 1º lugar no mundo. Embalagens descontaminadas são recicladas, gerando 14 diferentes produtos; embalagens contaminadas são incineradas. Em termos de sequestro de carbono, a ação desenvolvida pelo inpEV, de 2002 a 2008, equivale a 816 mil árvores que deixaram de ser cortadas.
A partir de 2005, esta instituição lidera a retirada de produtos obsoletos ou impróprios da área rural, tendo eliminado 584 toneladas deste passivo ambiental. Estão registrados, no Brasil, 1500 produtos comerciais (424 i.a.), sendo 476 herbicidas (100 i.a.), 398 inseticidas (98 i.a.), 383 fungicidas (106 i.a), 160 acaricidas (52 i.a.), 26 nematicidas (10 i.a.), 15 bactericidas (6 i.a.) e 18 inseticidas biológicos (7 i.a.) e 6 cupinicidas (3 i.a.). Destes, cerca de 673 estão no mercado; 56% são moderadamente ou pouco tóxicos (classes III e IV, faixas azul e verde, respectivamente).
Em 2009, foram comercializadas 725 mil toneladas de produtos formulados. As principais classes são os herbicidas com 59% (429.693 toneladas), seguido por inseticidas e acaricidas com 21% (150.189 toneladas), fungicidas com 12% (89.889 toneladas) e outros com 8% (55.806 toneladas). Considerando os ingredientes ativos, foram comercializadas 335.816 toneladas, das quais 61% (202.554 toneladas) foram herbicidas, 18% (61.254 toneladas) inseticidas e acaricidas, 11% (37.934 toneladas) fungicidas e 10% (34.074 toneladas) outras classes.
A soja é a principal cultura (48%), seguida por milho (11%), cana (8%), algodão (7%), HFF (4,3%), café (4%), citros (3%) etc.
O Mato Grosso é o Estado líder em vendas (20%), seguido por São Paulo (15%), Paraná (14%), Rio Grande do Sul (11%), Goiás (10%) e Minas Gerais (9%).
O mercado de defensivos agrícolas no Brasil, em 2009, foi de US$ 6,6 bilhões (R$ 12,9 bilhões), 7% a menos que 2008. Deste valor, o mercado de herbicidas representou 38% (US$ 2,5 bilhões), seguido por inseticidas e acaricidas, com 31% (US$ 2,1 bilhões), fungicidas com 27% (US$ 1,8 bilhões) e outros, com 4% (US$ 0,3 bilhões).
A previsão para 2010 é que o mercado cresça 10% em relação ao ano anterior. Observa-se consistente sazonalidade nas vendas de defensivos agrícolas. As maiores vendas ocorrem no segundo semestre: 71% em 2009, 66% em 2008 e 72% em 2007.
Os defensivos agrícolas genéricos vêm ocupando maior mercado comparado às especialidades. Dos 673 defensivos que vem sendo comercializados, 374 são genéricos e 299 especialidades. Considerando o valor do mercado de 2008 (US$ 7,12 bilhões), 54,1% foram dos genéricos (US$ 3,85 bilhões) e 45,9% (US$ 3,27 bilhões) das especialidades. Neste mesmo ano, das 673.892 toneladas de produtos comerciais vendidos, 79,7% (537.134 toneladas) foram genéricos e 20,3% (136.758 toneladas) especialidades.
O uso da tecnologia de defensivos agrícolas no Brasil ainda é relativamente baixo, de US$ 88/ha, comparado com a França, cujo consumo é de US$ 197/ha e do Japão, US$ 851/ha. Por outro lado, o custo para o agricultor brasileiro é bem menor quando comparado a outros países: no Brasil, gasta-se US$ 7,40/tonelada produzida, enquanto os EUA gastam US$ 9,41/tonelada produzida, a França, US$ 22,14/tonelada produzida e o Japão US$ 72,87/tonelada produzida.
Deve-se ressaltar a maior necessidade de utilização de defensivos no Brasil, como nas culturas da soja (ferrugem), milho (lagarta-do-cartucho, manchas foliares) e algodão (manchas foliares, bicudo).
Aproximadamente 50% das vendas são feitas pelas revendas, sendo as vendas diretas de 26% e pelas cooperativas de 24%. Em relação ao financiamento, aproximadamente, 57% é feito por meio da indústria de defensivos, com 183 dias de prazo. De acordo com estudo do PENSA, Centro de Conhecimento em Agronegócios, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, trata-se de um mercado concentrado, de grande concorrência, com franja competitiva, não havendo indícios de cartelização. São 84 indústrias concorrendo; um dos resultados é a redução dos preços em cerca de 40%, desde 2003. A relação de troca (número de sacos do produto agrícola para aquisição da cesta de defensivos) vem sendo, em geral, favorável para os produtores rurais.
Tanto a ANDEF como as Associadas têm investido em educação e treinamento. Nos últimos 20 anos a ANDEF realizou 450 eventos, em 160 regiões do Brasil, capacitando mais de 31.000 multiplicadores. São utilizados materiais de alta qualidade, desenvolvidos pela própria ANDEF (manuais, DVD's, livros, etc.) abordando os sete hábitos de uso correto e seguro de defensivos. As ações de educação, treinamento e responsabilidade socioambiental das indústrias, canais de distribuição e inpEV são consolidadas no Prêmio ANDEF de Mérito Fitossanitário. Trata-se de incentivo e reconhecimento às empresas, profissionais e projetos desenvolvidos, que se realiza desde 1997. A partir de 2005, houve a inclusão da FEALQ - USP/ESALQ, como auditor do processo. O número de pessoas capacitadas, em cada ano vem aumentando (460.000 a 1.100.000). Em 2009 foram quase 1.100.000 agricultores treinados, aprimorando as Boas Práticas Agrícolas, produção de alimentos saudáveis e cuidados com o homem e ambiente.
A ANDEF e Associadas têm apoiado, decisivamente, a Produção Integrada, incluindo a racionalização do uso de defensivos agrícolas. A legislação brasileira atribui ao Poder Executivo (Ministérios da Agricultura, Saúde e Meio Ambiente) o desenvolvimento de ações que estimulem o uso seguro e eficaz dos defensivos, reduzindo seus efeitos prejudiciais. Considerando que existe cerca de 20.000 a 25.000 extensionistas públicos no Brasil, a incorporação de aproximadamente 40.000 da iniciativa privada (revendas, cooperativas, indústria, associações de produtores rurais), poderá contribuir para que as ações de educação e treinamento sejam mais efetivas. O setor lidera, por meio do SINDAG, o Programa de Combate aos Defensivos Ilegais (falsificados e contrabandeados), já tendo apreendido, de 2001 a 2010, mais de 373 toneladas, com cerca de 631 suspeitos, 37 condenações e 310 toneladas incineradas. Com estas apreensões, 5,5 milhões de ha de soja, trigo, milho, arroz, algodão, batata e feijão deixaram de ser tratadas com produtos ilegais, contribuindo para a melhor qualidade de 14 milhões de toneladas de produtos vegetais.
Quanto à inovação e desenvolvimento científico-tecnológico, para que um novo defensivo chegue ao mercado são necessários aproximadamente 12 anos de pesquisa, envolvendo as áreas de química, biologia/agronomia, toxicologia e meio ambiente. Durante a criação de um novo defensivo, inicia-se com 200.000 moléculas e investe-se cerca de US$ 300 milhões. O setor de defensivos agrícolas é um dos que mais investe em P&D em relação às vendas: cerca de 12%, enquanto o setor petrolífero, por exemplo, investe menos de 1%. Este alto custo de produção de novos defensivos é uma das principais razões das fusões e aquisições que ocorreram entre as empresas. Graças a este esforço em inovação tecnológica, comparando-se os defensivos lançados recentemente com os lançados na década de 1960, houve uma redução de cerca de 90% na dose, 160 vezes na toxicidade aguda, além de surgimento de novos mecanismos de ação e menor impacto ambiental.
Para que um defensivo seja utilizado pelo agricultor é necessário, ainda, que seja registrado. Trata-se de um rigoroso processo, envolvendo avaliação pelos Ministérios da Agricultura, Saúde (ANVISA) e Meio Ambiente (IBAMA). O tempo médio para registro de um defensivo agrícola é de 33 meses, embora a legislação fixe em cinco meses. O custo de registro de um novo defensivo é de US$ 40-50 milhões. O defensivo deve também ser cadastrado em cada Estado onde for utilizado. Desta forma, os defensivos agrícolas, incluindo os fungicidas são fatores importantes para a sustentabilidade econômica, ambiental e social do agronegócio brasileiro.
- USP/ESALQ/LFN, Piracicaba-SP, e-mail:
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- SINDAG, São Paulo-SP, e-mail:
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- HMAgroninformática, Brasília-DF, e-mail:
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- USP/ESALQ/LFN, Piracicaba-SP, e-mail:
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- USP/ESALQ/LFN, Piracicaba-SP, e-mail:
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