Artigo: Desafios na gestão de uma propriedade agrícola

12.11.2012 | 21:59 (UTC -3)
Amélio Dall’Agnol

Muito se tem comentado sobre a necessidade de o agricultor utilizar-se de modernas técnicas de produção para continuar ativo num mercado cada vez mais competitivo. O mercado, todos sabem, descarta os ineficientes e é insensível ao seu fracasso. No âmbito agrícola, ele não tem, e nem nunca terá, piedade daqueles agricultores que não conseguem produtividade e rentabilidade suficientes para desfrutar de uma sobrevivência digna no campo.

Mas há agricultores que sobrevivem e prosperam na atividade agrícola, como resultado do uso intensivo e eficiente da tecnologia. Não fosse assim, certamente já teriam abandonado o campo, como o fizeram muitos dos seus antigos parceiros de roça, a maioria vivendo, hoje, marginal e precariamente na periferia de alguma cidade.

Contudo, mesmo para o agricultor sobrevivente, já não basta ser eficiente no processo produtivo, dentro da porteira. Ele precisa, além de obter boa produtividade, ser eficiente na utilização das modernas ferramentas de gestão do negócio agrícola, pois o lucro maior da safra poderá vir, não da produção, mas das estratégias de aquisição dos insumos e da comercialização da safra.

Ao produtor, o que mais importa não é o quanto ele produz, mas o quanto ele lucra. Produzir bem é parte do sucesso, mas dependendo das condições do mercado, poderá ser mais rentável optar por uma produção menor, investindo menos em insumos, do que obter alta produtividade, mas com altos custos de produção e menor lucro. Coisas do mercado.

Além de produzir bem, o agricultor moderno precisa entender como funcionam os mecanismos que regem o mercado e aproveitar-se deles para comprar melhor os insumos, máquinas e equipamentos, assim como, para vender com mais vantagens a produção. Neste momento de vacas gordas, com os preços da soja, do milho e do trigo bombando no mercado doméstico e mundial, tudo é alegria. Mas cuidado, porque tudo o que sobe, um dia desce e as vacas magras poderão voltar ao pasto.

É fundamental, para uma maior rentabilidade do campo, que o produtor esteja alerta sobre fatos que indicam o momento mais adequado de comercializar a produção e a forma mais vantajosa para adquirir as máquinas e os insumos de produção.

Por exemplo, na comercialização da safra, seria mais conveniente vender escalonadamente ao longo de todo o ano, ou vender tudo antes do plantio - aproveitando um momento excepcional de alta - ou, ainda, esperar a colheita para só depois comercializá-la, aproveitando momentos de euforia do mercado nos meses subsequentes? Saber identificar essas instâncias não é tarefa para amadores, mas, tampouco, é impossível não captar dicas de mercado que auxiliarão a aproveitar oportunidades para fazer bons negócios, desde que antenado e pronto para aproveitá-las.

Quanto aos insumos, todos sabem que o melhor é comprá-los antecipadamente e pagá-los à vista. Assim procedendo, o produtor lucrará com os vultosos descontos que o mercado concede a esse tipo de operação, além de deixar o produtor livre para comercializar a própria safra, quando e para quem ele quiser. Mas, para isto, o produtor precisará capitalizar-se. Caso contrário, restará a ele trocar os grãos que colherá pelos insumos que utilizará para produzi-los ou financiar os insumos.

Na hipótese de escambo dos grãos pelos insumos, o produtor pagará por estes o preço que o fornecedor quiser, além de ficar seu refém na comercialização do produto, quando colhido. Na hipótese de optar pelo financiamento bancário, ele será livre para comercializar a produção, mas arcará com as pesadas taxas da instituição financeira, que, a depender das condições de preços do mercado, poderá ficar com a maior parte do lucro, se houver.

Boa sorte produtor, a escolha é sua. A próxima safra está a caminho, esperando pelas suas decisões.

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