Agricultora, empresas e associações mostram experiências com ESG no setor sucroenergético

Durante webinar realizado pela Fundação Solidaridad, audiência teve acesso a casos práticos de sustentabilidade na cadeia da cana-de-açúcar

13.12.2021 | 09:52 (UTC -3)
Kassiana Bonissoni

A Fundação Solidaridad realizou na última semana o webinar ESG: Casos práticos de sustentabilidade na cadeia da cana. Na oportunidade, empresas do setor, associações de produtores e profissionais falaram sobre suas experiências de sucesso na implementação do conceito em seus negócios. Uma das palestrantes foi a produtora rural Paula Bellodi Santana, titular da Fazenda Belo Horizonte, localizada em Jaboticabal (SP).

A mesa de debatedores do evento on-line ainda foi composta pelo diretor de negócios agrícolas da Raízen, Ricardo Berni, o coordenador de operações de carbono para Brasil e Argentina da Bayer CropSciences, Carmino Bertolino, o superintendente da Associação dos Fornecedores de Cana de Guariba (Socicana), Rafael Kalaki, o diretor no Brasil da Fundação Solidaridad, Rodrigo Castro, e a gerente de projetos de cana-de-açúcar da instituição, Aline Silva.

ESG na prática

Formada em administração, a produtora é a quarta geração de uma família de canavicultores. Após o falecimento de seu pai há nove anos, ela e as irmãs assumiram as rédeas dos negócios da família. “Coube a mim atuar no campo, comendo poeira e dando continuidade ao legado profissional do meu pai. Digo legado porque, quando ainda não se falava em restauração ambiental, meu pai já restaurava. Meu único mérito é estar dando continuidade a este lindo trabalho”, disse.

Paula Bellodi Santana -- Foto: Fellipe Abreu
Paula Bellodi Santana -- Foto: Fellipe Abreu

A fazenda de Paula Santana possui 175 hectares, dos quais cerca de 100 HA são destinados ao cultivo de cana-de-açúcar e 26 HA para Áreas de Preservação Permanente (APP) e Áreas de Reserva Legal (ARL). “Para mim, ESG (Environmental, Social and Corporate Governance) é um conjunto de práticas que visam a construção de um negócio próspero, mas consciente, que visa um mundo melhor”, comentou Paula. Entre as ações realizadas na propriedade destacadas pela administradora, a principal é o amor e respeito ao meio ambiente. Prova disso foi a restauração de 15% da propriedade ao longo dos últimos 40 anos.  “Não somos donos da terra, cuidamos dela”, lembra.

Com foco no social, a fazenda tem grande respeito à legislação trabalhista, segurança e saúde do trabalhador. Para a letra G de Governança, a produtora destacou a importância de pagar em dia não apenas os salários, mas também todas as obrigações de seus colaboradores. Além disso, boas práticas contábeis e transparência nas práticas administrativas são fundamentais.

Empresas e associações

Durante o webinar, Ricardo Berni ressaltou sua experiência e posicionamento da empresa. “Para a Raízen, a sustentabilidade é uma base estratégica desde sua fundação, somos líderes no setor e precisamos ser exemplo. O ESG é para nós o perfeito equilíbrio, entre sustentabilidade, social e uma governança cada vez mais transparente. Mais do que um modismo, é uma tendência sem volta”, disse.

Berni ainda mencionou o programa ELO, que desde 2014 é desenvolvido em parceria com a Solidaridad junto aos fornecedores de matéria-prima da Raízen. “Este é um programa de impacto. Não de prateleira. Ele muda a vida das pessoas, dos produtores. Nos previne não só dos problemas legais, mas sobretudo tem como pano de fundo um mundo melhor e de melhores práticas, além do que determina as legislações”, detalhou o executivo.

Carmino Bertolino comentou sobre a o programa Bayer Carbono Brasil, com iniciativas como o Pro Carbono, que incentiva o agricultor a ter uma produção sustentável. Inicialmente desenvolvido para grãos, o projeto passou a ser desenvolvido também para a cultura da cana. “Em linhas gerais, contempla protocolo de aferição do carbono em solo e incentivo de práticas de sustentabilidade visando o aumento de produtividade e rentabilidade”, explicou.

Por parte das associações, Rafael Kalaki discorreu sobre o apoio que a Socicana fornece para a sustentabilidade nas propriedades associadas. “Temos o papel de orientar, levar ferramentas e soluções, capacitar, facilitando a vida do produtor. Além disso, mostramos que ele muitas vezes já pratica a sustentabilidade, em outras ele só precisa de uns ajustes. E o mais importante: ele faz no momento dele, com os recursos que tem disponíveis”, disse. Ele também destacou a importância do trabalho que vem sendo desenvolvido junto à Solidaridad para o sucesso das iniciativas de sustentabilidade da entidade.

Fechando as apresentações, Rodrigo Castro, destacou que cada elo da cadeia e cada ator nela inserido estão unidos pelo desafio da sustentabilidade. “Um depende do outro para que a gente possa avançar de forma eficiente com o ESG no setor da cana de forma eficiente. Cada um tem uma contribuição gigantesca para a melhoria contínua da cadeia”, afirmou.

Lançamento de vídeo

A Fundação Solidaridad ainda promoveu o lançamento oficial de seu vídeo institucional sobre a cultura de cana-de-açúcar, com a qual mantém atuação há mais de uma década. Atualmente, a Solidaridad tem um papel importante na cadeia canavieira, por meio de vários projetos que apoiam práticas sustentáveis nas propriedades, integram produtores aos programas de melhoria contínua das usinas e associações e trabalham para melhorar as condições de trabalho dos trabalhadores e trabalhadoras.

De acordo com Aline Silva, gerente de projetos de cana-de-açúcar da Solidaridad, o webinar superou as expectativas. “Foi muito bom poder conversar sobre os projetos da Solidaridad com nossos parceiros e ver a relevância dessas iniciativas para o desenvolvimento de uma cadeia sustentável da cana no Brasil. Esse trabalho só é possível com o engajamento dos atores”, avaliou. Ela ainda destacou o engajamento do público: foram cerca de 150 inscritos e quase 80 participantes.

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