Ações institucionais contra as pragas

20.01.2015 | 21:59 (UTC -3)

O Brasil possui grande potencial para entrada de diferentes pragas que podem vir a se estabelecer e causar grandes prejuízos a nossa agropecuária. Essa ameaça, que sempre existiu, é cada vez maior, uma vez que a globalização proporcionou um maior volume de negociações e trânsito de diferentes commodities, por ser um país com dimensões continentais, temos extensas fronteiras, tanto seca quanto úmida. Somos também um dos principais destinos turísticos no mundo pelos excelentes atrativos como praias, montanhas, rios, pantanal, Floresta Amazônica. E atraímos grandes eventos como shows, competições esportivas, reuniões com lideranças mundiais, eventos religiosos, etc., o que cria um cenário de facilidade ao fluxo de pessoas.

Com essa visão é que a Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) se preocupa em alertar o Governo e toda a sociedade sobre os cuidados que o País deve tomar, visando retardar a entrada de diferentes pragas nas lavouras e áreas de pecuária. Apoiamos, então, juntamente com a Sociedade Brasileira de Defesa Agropecuária (SBDA) e organismos de defesa vegetal, a realização de uma série de eventos intitulados "Ameaças Fitossanitárias". O primeiro evento foi realizado em São Paulo. Imaginávamos um evento para 70 pessoas, devido à importância do tema e à qualidade dos palestrantes, mas o evento teve a presença de 320 profissionais. A partir disso, começou a surgir o interesse em realizar esse evento em outras regiões. Foram sete workshops realizados, com participação muito expressiva de público.

Conseguimos reunir uma gama de cientistas de organismos de pesquisa, universidades, instituições privadas e profissionais de empresas e associações das empresas que pesquisam e desenvolvem inovações tecnológicas, além de alunos de diferentes cursos, promovendo excelentes eventos, com palestras técnicas altamente esclarecedoras sobre todos os aspectos que envolvem as ameaças fitossanitárias que rodeiam o Brasil.

Parcerias - O que podemos afirmar com toda certeza é que o País possui excelentes profissionais para promover programas de monitoramento e alertas. Trabalhando em parceria, o Governo, as instituições de pesquisas e o setor privado podem oferecer ao Brasil medidas de vigilância, prevenção e, se necessário for, também o controle efetivo das pragas, visando evitar a disseminação de possíveis alvos biológicos que possam entrar.

O País nunca discutiu tão seriamente sobre este assunto como nos últimos dois anos. Com publicações em jornais de grande circulação e com a amplitude que essa preocupação atingiu em diversos países, demos um excelente passo para que o Governo continue levando este assunto como uma preocupação constante. Como é de conhecimento de todos, nossa agricultura possui um papel importantíssimo no PIB nacional, e esse patrimônio deve ser defendido como questão de segurança nacional. Precisamos de uma política de longo prazo para a defesa fitossanitária no Brasil, envolvendo todos os setores da cadeia produtiva.

De acordo com Luís Eduardo Pacifici Rangel, diretor do Departamento de Sanidade Vegetal do Ministério da Agricultura, desde o ano 2000, pelo menos 41 espécies de pragas entraram no Brasil. E algumas das quais se tornaram problemas importantes, como a ferrugemda- soja, a ferrugem-alaranjada-da-canade- açúcar, a lagarta Helicoverpa armigera, a cochonilha-rosada e, mais recentemente, a mosca Drosophila suzukii, que se juntam a outras pragas que já estão há muitos anos no Brasil, como mosca-domediterrâneo e a broca-do-café. Todas essas pragas têm em comum o fato de terem vindo de outras partes do mundo, se estabeleceram e trouxeram consequências negativas para todas as cadeia produtivas e de comercialização de alimentos, fibras e energia.

Possuímos excelentes profissionais no nosso Ministério da Agricultura, que devem ser incentivados e ter as condições para desenvolver seus trabalhos. O País precisa aumentar o seu quadro de fiscais para atender a grande demanda em portos, aeroportos, hidrovias, barreiras nas fronteiras secas, estradas e rodovias. A Defesa Sanitária Vegetal do Ministério da Agricultura é fundamental para impedir ou pelo menos retardar a entrada de novos alvos biológicos que possam vir a causar danos às nossas lavouras.

Temos exemplos bem sucedidos como o combate à mosca-da-carambola na Região Norte, e a erradicação da Cydia pomonella na Região Sul. Esses resultados ocorrem após árduo trabalho de monitoramento, uma vez que é importante detectar o alvo biológico assim que chega ao País, pois quanto mais cedo forem adotadas as medidas adequadas, maiores as chances de êxito para impedir a disseminação. A Andef coloca-se como parceira do Governo e dos cientistas para colaborar nas medidas corretas que venham a ser tomadas por nossas autoridades.

Praticidade do QR-code - Visando também colaborar e promover o aumento no nível de informações sobre pragas presentes e pragas quarentenárias, como ferramenta de suporte, a Andef, juntamente com a SBDA, lançou o site www.defesavegetal.net, onde são colocadas para visitação fichas técnicas referentes às principais pragas que causam danos econômicos às nossas lavouras. Lançamos também uma série de livretos de bolso que utilizam a tecnologia do QRcode, assim, o visitante tem acesso direto ao site e consulta a ficha técnica de cada praga que deseja conhecer melhor.

Na ficha técnica, o visitante encontrará o nome comum da praga, nome científico, classificação, biologia (ciclo de vida), hospedeiros em geral, informações para o manejo da praga e informações sobre controles biológicos e químicos devidamente registrados pelo Ministério da Agricultura, além de fotos das diferentes fases do desenvolvimento. O primeiro livreto atende tomate, batata, pimentão, pepino e cenoura. Nesse primeiro livreto, procuramos reunir as culturas que apresentavam algum problema de utilização de defensivos não registrados apontados nos programas oficiais de monitoramento de resíduos de agroquímicos nos alimentos. De posse das informações contidas no livreto e no site, os interessados poderão ter à mão informações importantes para o seu dia a dia.

Segundo o Departamento de Sanidade Vegetal do Ministério da Agricultura, desde 2000, pelo menos 41 espécies de pragas entraram no Brasil e algumas se tornaram problemas importantes, como a lagarta Helicoverpa armigera

Em breve lançaremos, em parceria com a Embrapa, um novo livreto, focado nas culturas de soja, algodão, milho (a cultura será repetida), feijão, girassol e canola. Esse material será distribuído na Caravana da Embrapa. A parceria com a Embrapa contempla a criação de novos materiais para outras culturas. Destacamos também a parceria com Agropec, Ministério da Agricultura e todos os organismos de defesa vegetal do País, aos quais agradecemos por entenderem a profundidade do assunto e colaborarem com a realização de todos esses eventos.

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