AgTechs chegaram para facilitar exportações dos agricultores
Por Alvaro Nunes, que atua há mais de 12 anos com exportações brasileiras e empreendedorismo. Atualmente é fundador e CEO da agTech Karavel
Tudo certo com o campo na safra 2019/2020 para bater o recorde histórico na colheita de grãos e ultrapassar as 248 milhões de toneladas. Número impensável na minha juventude, nos idos dos anos 1980, quando a meta da agricultura era passar das 100 milhões de toneladas.
Crescemos vertiginosamente na última década e demos um salto e tanto em área plantada e produtividade.
Com o complexo de carnes também não foi diferente. Somos os maiores abastecedores do mercado mundial de carne vermelha e estamos entre os dois primeiros colocados em frango e suínos.
Nosso números impressionam e demonstram nossa competividade da porteira para dentro. Fora as mazelas da nossa infraestrutura precária, onde temos tudo por fazer, nosso agronegócio segue dando provas do seu vigor.
Tudo vai bem, obrigado, mas ninguém contava com um surto de vírus no meio do caminho, com características de pandemia global.
Ainda é cedo para medir os estragos e impactos macroeconômicos no mundo e aqui na nossa aldeia. Nos últimos dias, as bolsas internacionais soluçaram e as empresas que trabalham com commodities viram seus valores de mercado despencarem.
Efeito que pode ser revertido, caso o cenário do Coronavírus comece a reverter nas próximas semanas. Principalmente, se a quarentena chinesa der resultado e a medicina evoluir rapidamente numa solução com vacinas capazes de imunizar contra a gripe letal.
A dúvida que persiste é se conseguiremos realizar os volumes pré-negociados e que seriam vendidos ainda este ano com a China e outros países no rumo oriental: Japão, Coreia, Malásia, Indonésia, entre outros.
Se esses clientes não confirmarem seus pedidos, por qualquer restrição regulamentadora, como por exemplo, fechamento dos portos na China, a coisa poderá ficar feia para países exportadoras e dependentes dos mercados asiáticos, como Brasil, Argentina e mesmo para os Estados Unidos.
Lembrando que as restrições poderão não ser de ordem autoritária, num país impositivo e marcial, mas também de mercado, com queda natural na demanda, com menos pessoas comprando, com mercados fechados e baixa circulação de mercadorias.
A China tem 1,4 bilhão de bocas para alimentar. Precisa de alimentos provenientes de quase todas as partes do mundo. Até por isso que culturalmente se alimentam de morcegos e outros animais exóticos para nós ocidentais.
Oxalá, o extremo negativo não aconteça e essa gripe vire apenas um forte resfriado global. Afinal, estamos caminhando para um ano de crescimento na faixa de 2,5% do PIB. Uma lufada de oxigênio para nossa combalida economia, que necessita tanto da confirmação desse crescimento para gerar empregos.
Mas no meio do caminho ainda temos um vírus que pode atrapalhar os nossos parcos planos.
Saúde para a Terra, nosso lar nesse universo sem porteira!
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