Elaphria spp pode se tornar nova praga no milho?
Por Jéssica Gorri, Fundação Rio Verde. Artigo publicado na edição 291 da Revista Cultivar Grandes Culturas
A ciência de Stewardship (sem tradução direta para o português) é uma área de vital importância no âmbito da gestão responsável dos recursos naturais, especialmente quando aplicada à agricultura onde seu foco recai sobre a adoção adequada de produtos fitossanitários, definição para as substâncias químicas essenciais para o controle de pragas, doenças e plantas daninhas nos cultivos agrícolas e nas pastagens. Embora estes produtos desempenhem um papel crucial no aumento da produtividade e no fortalecimento da agricultura moderna, também é inegável que o uso indiscriminado e ou incorreto tem potencial em resultar em impactos negativos ao meio ambiente, saúde humana e perda da produtividade dos cultivos.
Nesse contexto, a ciência de Stewardship se encaixa perfeitamente como uma abordagem científica moderna e aliada fundamental dos agricultores, pecuaristas e todos os trabalhadores rurais que são orientados na utilização responsável dos produtos fitossanitários, a fim de posicionar corretamente os produtos no campo e visar um agronegócio mais sustentável para o meio ambiente e à própria saúde humana. Dessa forma, ela se debruça sobre diversas questões-chave para uma abordagem mais consciente e sustentável ambiental, social e economicamente, tais como: a aplicação eficaz e segura dos produtos fitossanitários, a redução do uso dessas substâncias na natureza com indicação adequada de doses e período de carência, o manejo correto das embalagens, a minimização do impacto ambiental e a educação no campo visando a proteção da saúde dos agricultores e trabalhadores rurais.
É importante entender que esse campo de estudo, de Stewardship, se encontra em constante evolução, com cientistas e pesquisadores empenhados no desenvolvimento de novas tecnologias e abordagens das quais visam a gestão responsável das moléculas por trás dos produtos fitossanitários. Os especialistas que atuam na área de Stewardship desempenham, assim, um papel preponderante para que a agricultura continue a fornecer alimentos de forma sustentável e segura, em harmonia com os recursos naturais. Alguns dos trabalhos implementados por estes profissionais envolvem aprimorar a gestão dos produtos fitossanitários com base em uma abordagem consciente, eficaz e segura, estabelecendo o desenvolvimento de técnicas avançadas de aplicação que reduzem o desperdício e minimizem os impactos ambientais, a elaboração de estratégias inovadoras de manejo integrado de pragas e a criação e adoção de novas ferramentas e métodos de monitoramento dos produtos no meio ambiente, nas culturas e na saúde humana.
Dentre os aspectos-chave que justificam a relevância de Stewardship como uma nova ciência dentro da Agricultura 4.0, além de sua dedicação total na gestão e operação de produtos fitossanitários, também acontece desde o levantamento de dados sobre uma nova molécula, a revisão e criação de bulas dos produtos, o momento ideal de aplicação na planta e até mesmo o combate aos produtos ilegais. Assegurar a eficiência e eficácia dos produtos fitossanitários no campo também é um pilar do Stewardship, buscando a utilização racional, a fim de evitar o desperdício e reduzir impactos negativos ao meio ambiente. Além disso, a responsabilidade das empresas do setor é crucial para garantir que o uso e descarte desses produtos sejam realizados de forma a minimizar quaisquer impactos adversos no campo. Essas empresas desempenham um papel-chave ao investir em pesquisa e desenvolvimento no portfólio de seus produtos, visando uma maior segurança de seus produtos e manejo adequado no campo, além de educar agricultores e trabalhadores rurais sobre a importância do uso adequado durante e após a safra.
A área também se posiciona diretamente com pesquisas aprofundadas que envolvem a proteção da saúde humana, da biodiversidade e da segurança alimentar. A gestão adequada de Stewardship sob os produtos visa mitigar os riscos à saúde dos envolvidos na aplicação e ao consumidor final, bem como evitar a contaminação do solo, da água e do ar, fauna e flora. Como mencionado, a educação voltada para profissionais da área rural é um dos pilares fundamentais do Stewardship, pois conscientiza agricultores e trabalhadores rurais através de treinamentos técnicos sobre as boas práticas de agrícolas na aplicação de defensivos, intensificando assim os benefícios do uso correto dos produtos, bem como a segurança e eficácia da tecnologia por de trás dessas substâncias e fornecendo também orientações para o uso responsável, incluindo a escolha adequada do produto, o tipo de equipamento adequado (tratorizado, aéreo ou manual) e a escolha da ponta correta, o gerenciamento de deriva nas aplicações, o uso adequado dos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), os limites máximos de resíduos aceitáveis pelos países exportadores e importadores e o descarte adequado das embalagens.
Além disso, é importante destacar o papel das empresas do setor de produtos fitossanitários no desenvolvimento de tecnologias mais seguras e eficientes, investindo fortemente em pesquisa e desenvolvimento para encontrar alternativas mais sustentáveis, éticas e cientificamente corretas, das quais possam reduzir o volume de produtos utilizados no campo garantindo um alto rendimento e eficácia no produto.
Um outro fator diretamente relacionado ao Stewardship é o entendimento Global das governanças e a regulamentações dos Países, dos quais apresentam diferentes políticas públicas de segurança alimentar que acabam exigindo da área de Stewardship estabelecer diretrizes claras para o uso responsável dos produtos fitossanitários em cada um dos países que exportam e importam alimentos, além de monitorar e promover informações essenciais para os times estratégicos sobre a conformidade com as normas estabelecidas e a melhor tomada de decisão. Este monitoramento sobre a harmonização de regulamentações e a troca de informações entre países e empresas do setor são cruciais para garantir que os padrões de Stewardship sejam aplicados de maneira consistente em escala global.
Destaca-se também a estreita relação da área com os consumidores, pois estes têm o poder de influenciar as práticas agrícolas ao optar por produtos que foram cultivados de forma sustentável e responsável. Ao escolher alimentos provenientes de agricultura responsável, os consumidores enviam uma mensagem clara de que valorizam a preservação do meio ambiente e a proteção da saúde humana e a ciência de Stewardship se beneficia com análises claras e robustas sobre como o mercado está se transformando e tendencia para o futuro da agricultura.
O Stewardship, portanto, é uma ciência dinâmica e contínua, da qual requer o engajamento de todos os envolvidos, desde profissionais dedicados à pesquisa, agricultores e trabalhadores rurais até as empresas produtoras, passando por órgãos regulatórios e a sociedade civil. Nesse contexto, é fundamental compreender que esta ciência envolve grande interdisciplinaridade entre áreas, que buscam colocar a ciência em primeiro lugar aos princípios éticos e sociais, a fim de promover uma coexistência harmoniosa entre a atividade agrícola e o ambiente natural.
Em conclusão, a ciência de Stewardship é uma abordagem holística e interdisciplinar que busca garantir a gestão responsável dos recursos naturais, especialmente no contexto da agricultura e dos produtos fitossanitários. Essa ciência apesar de nova para muitas empresas é essencial para posicionar adequadamente os produtos fitossanitários no campo, contribuindo diretamente para minimizar os impactos negativos no meio ambiente, proteger a saúde humana e garantir a segurança alimentar.
Por fim é através da educação, pesquisa, inovação, regulamentação e cooperação proporcionada por esta ciência que se torna possível alcançar práticas agrícolas mais sustentáveis e responsáveis, assegurando que as futuras gerações possam desfrutar de um planeta saudável e abundante em recursos naturais. Assim, o Stewardship é uma cultura fundamental que deve ser adotado dentro de todas as empresas da área de produtos fitossanitários das reconhecem sua responsabilidade na construção de uma agricultura mais tecnológica e sustentável para as próximas gerações.
Por Rodrigo Garcia Brunini, Anna Leticia Malagoli da Silva, Vitor Carvalho Ribeiro de Araujo, e Rafael Alexandre Costa Ferreira, Sumitomo Chemical Latin America
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