O sorgo como alternativa viável na produção de etanol

Por Juliano Andrade, Alcides Ita e Arquimedes Oliveira (Corteva Agriscience)

27.09.2024 | 10:02 (UTC -3)

Historicamente, o sorgo foi considerado secundário na agricultura brasileira, posicionado majoritariamente em condições de fechamento de janela de plantio na segunda safra ou em solos pouco férteis e de baixo investimento. Porém, devido a diversos fatores, como as mudanças climáticas vivenciadas nos últimos anos e a busca por maior estabilidade de produção, o sorgo vem crescendo em importância no Brasil, no cenário da segunda safra. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área plantada com o grão aumentou 40% nos últimos três anos - hoje, está em 1,46 milhão de hectare - e o volume produzido na safra 2023/24 é estimado em 4,42 milhões de toneladas. Se antes, apenas alguns estados, como Goiás e Minas Gerais, possuíam alguma relevância nesta produção, atualmente Mato Grosso, Bahia e Piauí, também vêm expandindo os investimentos na cultura com grande velocidade.

Um fator que traz boas perspectivas para o sorgo são os crescentes investimentos por parte das indústrias de biocombustível, sobretudo as de etanol, as quais estão ampliando e construindo novas plantas já com a possibilidade de serem multi-cereais, podendo, além do milho, utilizar outros grãos como sorgo, trigo e milheto. Para se ter uma ideia, uma das maiores indústrias de etanol do país anunciou que com a inauguração de suas novas plantas em 2024 e 2025 terá potencial para esmagar 2 milhões de toneladas de sorgo por ano – 40% da produção nacional. A instalação destas novas indústrias em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão e Bahia, podem tornar o sorgo como uma das culturas com maior potencial de crescimento, sendo mais uma opção rentável para a segunda safra.

A Corteva Agriscience, líder no mercado de sementes de sorgo no Brasil (Kynetec, 2023), iniciou um estudo em parceria com empresas do setor de etanol, para avaliar o potencial do rendimento de etanol de seus híbridos de milho e sorgo. Os primeiros resultados deste levantamento mostraram que o potencial de produção de etanol do sorgo granífero se equipara ao do milho, sendo uma função direta do percentual de amido. Desta forma, conhecer as características dos híbridos e as técnicas de manejos para a obtenção de altos teores de amido são fundamentais para viabilizar o uso do sorgo.

Comparando-se os híbridos de sorgo com os de milho, principalmente nas condições de final da janela de plantio da segunda safra, os resultados mostraram que o sorgo pode apresentar teores de amido e rendimento de etanol até superiores que o milho, evidenciando a maior segurança do sorgo nas janelas de plantio mais desafiadoras, sem competição direta com o

milho, que tem melhores condições de exploração de potencial nas janelas de abertura e meio da safrinha. Neste levantamento, o sorgo obteve 429,5 litros por tonelada de grão (l/ton), enquanto o milho registrou 424,5 l/ton. Já, na porcentagem de amido por matéria-prima, os valores foram de 70,2% para o sorgo e 69,33% para o milho.

Características dos híbridos como tamanho, profundidade e peso de grãos, além do nível de investimento aplicado, influenciam no teor de amido, sendo que quanto maior o aporte na cultura, melhor a competitividade na produção de etanol. Para a viabilidade do sorgo, os percentuais de amido devem estar acima de 70%, ficando nos mesmos níveis do milho. Outro levantamento da empresa é em relação à utilização dos híbridos da Pioneer, nesta produção, em comparação com os concorrentes. Em milho, dois híbridos da Pioneer (P3845VYHR/P40537WU) registraram mais de 75% de amido, cinco pontos percentuais acima da média dos demais produtos comparados, o que representa um acréscimo de 39,5 l/etanol x ton/grão. No caso do portfólio de sorgo da marca, observou-se um número maior, tanto de amido quanto de rendimento de etanol de, em média, 2,3% acima da média dos concorrentes, garantindo maior competitividade para o produtor e para a indústria.

O Brasil, hoje, é o líder mundial da produção de etanol, com 35,4 bilhões de litros produzidos em 2024, segundo o levantamento do Ministério de Minas e Energia. Este cenário mostra que, com a adoção de alternativas, como o sorgo, que hoje é viável produtiva e economicamente, o Brasil pode aumentar ainda mais seu protagonismo no setor, de forma rentável e sustentável.

Por Juliano Andrade, Alcides Ita e Arquimedes Oliveira (Corteva Agriscience)

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