Preceitos básicos da agricultura de precisão no Brasil
Massificação das técnicas esbarra no correto entendimento dos preceitos básicos e disponibilidade de conhecimento para atuar no setor
O Brasil possui aproximadamente 10 milhões de hectares plantados com cana-de- açúcar. Sendo que, aproximadamente, 50% está localizado no estado de São Paulo, fazendo dele o maior produtor nacional dessa cultura.
Mesmo sendo o maior produtor, o estado possui alguns mitos para a adoção de algumas tecnologias para manutenção e aumento de produtividade, como a irrigação por gotejamento.
Porém, os produtores e usinas vêm se deparando, nos últimos anos, com mudanças climáticas nos períodos de chuvas, e com a ocorrência constante de veranicos cada vez mais acentuados, levando a grandes quedas de produtividade, podendo chegar até 30%.
Estudos realizados mostram que 98% da irrigação nesse estado é realizada por aspersão (canhão), do tipo de salvamento (entre 60 – 120 mm) e utilizando a vinhaça em uma técnica chamada de fertirrigação. Com essa metodologia chegamos a algumas conclusões: A irrigação é apenas realizada no início da safra e não no final, momento onde há maior necessidade de água, e com isso, gerando queda na produtividade.
Algumas unidades produtoras, com visão empreendedora e estratégica, já estão procurando quebrar esse paradigma e demonstrar ao setor que sim, é possível irrigar cana-de-açúcar com novas tecnologias e obter além de produtividade, retorno econômico.
Como exemplo, temos a Usina Santa Fé, situada na cidade de Nova Europa, em São Paulo. A unidade industrial adquiriu cerca de 100 há de irrigação localizada por gotejamento e na safra 2020/2021 colheu seu sexto corte, com uma média de 120 ton/há, contra a média da região de 85 ton/há em 5 anos.
Como se diz no velho dito popular que, “Caro é o que não se paga”, e com a missão de transparência nos dados econômicos, foi realizado mais um estudo, só que agora, de viabilidade econômica nessa área com os preços médios do açúcar e etanol (hidratado e anidro) e chegamos aos seguintes resultados.
Conforme observado no gráfico acima, quando comparado com o sistema tradicional, a irrigação por gotejamento com todos os custos de capex e opex ainda superou com um lucro de mais de R$2.000 por hectare produzido.
Sendo que com os valores de açúcar e etanol médio o sistema obteve seu payback em três anos.
Além disso, as médias de longevidade dos canaviais são de 5 anos, após isso há a necessidade de reforma, cujo o valor é aproximadamente R$ 7.000, com o sistema de irrigação por gotejamento, como observado nesse exemplo, há a possibilidade em se aumentar a longevidade do canavial evitando assim gastos com reforma, melhorando ainda mais o fluxo de caixa.
Com esses dados podemos concluir que irrigar canaviais em São Paulo é uma medida viável, não somente para o aumento da produtividade, mas também, para manter a produtividade dos canaviais por mais de cinco anos. Os produtores que estão adotando esse sistema estão conseguindo observar na prática o aumento em sua lucratividade e quebrando alguns velhos paradigmas.
Daniel Pedroso, Especialista Agronômico Netafi
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