Adubação nitrogenada em café
Exigido em grande quantidade, o nitrogênio é um dos nutrientes mais importantes na cultura do cafeeiro
A produção de pimenta, no Brasil, é fortemente limitada pela incidência de viroses como Begomovirus, Tospovirus e Potyvirus. Para minimizar as perdas à produtividade é importante estar atento a aspectos como diagnóstico correto, transmissibilidade e variabilidade dos vírus.
As viroses são um dos fatores limitantes para produção de pimenta em várias regiões de cultivo, ocasionando perdas na produtividade. Os sintomas de infecção viral manifestados na pimenta são amplos, podendo ocorrer infecções mistas e simples. No entanto, algumas espécies virais podem apresentar sintomas idênticos em diferentes espécies de pimenta, resultando em uma diagnose difícil no campo.
Espécies do gênero Begomovirus têm sido relatadas ocasionando doença em pimenta. Esse gênero pertence à família Geminiviridade. Sua transmissão ocorre através da mosca branca Bemisia tabaci para plantas dicotiledôneas. Espécies de begomovírus já foram relatadas infectando diversas culturas, tais como: feijão, tomate, pimentão e pimenta. A sintomatologia associada à infecção de begomovírus em pimenta apresenta-se de formas variadas, desde distorção foliar até mosaico amarelo.
Existem relatos também de incidência do gênero Tospovirus - espécies (Tomato spotted wilt virus - TSWV, Groundnut ringspot virus - GRSV e Tomato chlorotic spot virus -TCSV. Esse gênero pertence à família Bunyaviridae e são disseminados por tripes de forma circulativa-propagativa. Isto significa que o tripes adquire e transmite o vírus após longo período de incubação e uma vez virulífero perpetua o vírus por toda a vida. Vírus pertencentes a esse gênero podem infectar várias espécies de plantas, incluindo plantas cultivadas, plantas daninhas e plantas ornamentais. As infecções causadas por tospovírus geram prejuízos significativos, principalmente em hortaliças, ocorrendo frequentemente lesões cloróticas.
Um gênero que apresenta destaque de incidência de vírus em pimenta é o Potyvirus, pertencente à família Potyviridae, sendo considerado o mais numeroso, com mais de 100 espécies classificadas. É transmitido por afídeos de maneira não circulativa. O PVY é considerado a espécie “tipo” do gênero Potyvirus e várias estirpes já foram identificadas. A ocorrência da doença no Brasil causada por PVY foi relatada inicialmente em plantações de batata e em seguida em pimentão. Em pimenta e pimentão estirpes de PVY induzem sintomas de mosaico, mosqueado e necrose, sendo que o sintoma depende principalmente do genótipo de Capsicum avaliado. A espécie de PepYMV foi identificada infectando pimentão em vários estados brasileiros, sendo considerada uma nova espécie do gênero Potyvirus. Este vírus é o principal problema na cultura da pimenteira e tem a sua ocorrência em todas as regiões produtoras do Brasil, podendo ocasionar sintomas de mosaico nas folhas, amarelecimento, distorção foliar e redução de tamanho dos frutos.
Uma boa medida de controle de doenças causadas por vírus no campo depende de diagnóstico preciso. No diagnóstico de viroses vegetais são utilizados os métodos de testes biológicos (gama de hospedeiro e sintomatologia), transmissão por vetor, testes sorológicos e moleculares.
Uma premissa básica para auxiliar o diagnóstico de vírus são estudos de levantamentos de incidência no campo. Deste modo, para diagnosticar as espécies de pimentas cultivadas, produção e problemas fitossanitários, realizou-se um levantamento com os pequenos produtores do município de Humaitá, Amazonas, no ano de 2012.
Resultados preliminares indicaram predominância de cultivo de pimenta Malagueta (C. frutescens), pimenta De cheiro (C. chinense) e pimenta Murupi (C. chinense), com maior predominância de cultivo para a pimenta De cheiro. Observou-se nesses cultivos alta incidência de vírus, apresentando sintomatologia de mosaico intenso e deformação foliar. Amostras foliares de pimenta Malagueta foram coletadas e enviadas para o laboratório de Fitossanidade da Universidade Federal do Amazonas - Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente (UFAM-IEAA).
Com o objetivo de verificar a transmissão via extrato vegetal tamponado, realizou-se ensaio preliminar com plantas sadias de pimenta malagueta, pimenta Murupi, pimenta De cheiro, pimenta Dedo de moça, pimenta Tekila (C. chinense), Pimenta Doce comprida (C. annuum) e pimentão Yolo Wonder (C. annuum). Foi utilizado substrato comercial nas sementeiras. As mudas foram transplantadas para os vasos de plásticos, contendo solo e substrato comercial, na proporção 3:1, respectivamente, permanecendo na casa de vegetação, onde foram inoculadas aos 30 dias após sua emergência.
Para o procedimento de inoculação, folhas jovens de pimenta Malagueta coletadas com sintomas típicos de vírus foram maceradas em almofariz na presença de tampão fosfato (0,05 M, pH 7,0), acrescido do antioxidante sulfito de sódio (0,01M) e do abrasivo celite (0,05%). Após a maceração, o extrato resultante foi filtrado em gaze dupla e inoculado mecanicamente em folhas de Capsicum pela fricção de pedaços de gaze embebidos no extrato vegetal nas superfícies adaxiais. Logo após a inoculação as folhas foram lavadas com água destiladas. Após a realização do procedimento, as plantas permaneceram na casa de vegetação.
Nas plantas de pimenta Malagueta, Doce Comprida, De cheiro, Murupi e Tekila inoculadas com o extrato vegetal obtido de plantas infectadas, verificou-se a presença de sintomas de mosaico suave, mosaico severo e deformação foliar. Entretanto, Malagueta e Tekila apresentaram intensidade mais expressiva dos sintomas acentuando uma possível necrose. A planta de pimenta Dedo de moça não apresentou sintoma de infecção. Em relação ao pimentão Yolo Wonder foi observado mosaico suave. As plantas que manifestaram sintomas estão sendo avaliadas sobre a etiologia viral, dando indícios de infecção com espécies do gênero Potyvirus. Análises moleculares estão sendo realizadas.
Diante dos resultados obtidos verificou-se que o isolado de pimenta Malagueta ocasionou sintomas mais severos em pimenta que em pimentão. Esse resultado, embora preliminar, tem auxiliado no desenvolvimento de outras pesquisas. Levantamentos estão sendo realizados com intuito de coletar amostras de plantas de pimenta com infecção viral no estado do Amazonas, objetivando estudar a variabilidade desses vírus e possíveis fontes de resistência.
- A utilização de variedades resistentes é considerada um dos métodos mais eficiente no controle das viroses;
- Emprego de mudas sadias no plantio;
- Eliminação de plantas hospedeiras contaminadas;
- Fazer os plantios separados uns dos outros com o melhor isolamento possível;
- Não fazer novos plantios ao lado de campos com alta incidência da doença;
- Controle de inseto-vetor (quando for o caso).
O gênero Capsicum está entre as hortaliças economicamente mais importantes no Brasil, sendo cultivado em todos os estados, nas diversas condições climáticas. As espécies de pimenta atribuídas a esse gênero constituem um grupo muito peculiar caracterizado pelo seu sabor, “doce” ou picante. Atribuída a essas características, apresentam grande variação na forma, tamanho e coloração dos frutos. Além do pimentão (Capsicum annuum var. annuum), são cultivadas no Brasil diferentes tipos de pimentas pertencentes às quatro espécies domesticadas: C. annuum (jalapeño), C. baccatum (dedo-de-moça), C. frutescens (malagueta) e C. chinense (pimenta-de-cheiro, bode, cumari-do-Pará). A produção da cultura da pimenteira está distribuída em todas as regiões do Brasil, contudo na região Norte, a pimenta, além de estar presente na culinária regional, seu cultivo é tido como uma atividade de grande importância sócio-econômica, sendo, um dos melhores exemplos de agricultura familiar, contribuindo como fonte geradora de renda na pequena propriedade e na fi¬xação de pessoas na área rural.
Devido à diversidade de pimenta encontrada na região Amazônica seu plantio está sendo bastante explorado. Entretanto, com a expansão do cultivo, problemas fitossanitários, principalmente de etiologia viral, podem surgir e apresentar um sério risco a produtividade, acarretando em perdas para o produtor.
Carla Rafaele Xavier Costa, Ana Verônica Silva do Nascimento, Nislene Molina Guerreiro e Paula, Renne Garcia Paiva, UFAM-IEAA
Artigo publicado na edição 79 da Cultivar Hortaliças e Frutas
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