Desempenho de genótipos de milho

Diante da grande diversidade de genótipos de milho no mercado agronômico é necessária uma escolha criteriosa, que favoreça a interação positiva com o ambiente específico de cultivo

09.09.2022 | 14:31 (UTC -3)

Diante da grande diversidade de genótipos de milho no mercado agronômico é necessária uma escolha criteriosa, que favoreça a interação positiva com o ambiente específico de cultivo.

A escolha do híbrido de milho é uma ação fundamental para a qualidade de um sistema produtivo, que de modo geral é responsável por 50% na produtividade final. O milho é uma cultura de elevada importância econômica, que necessita de estudos com o objetivo de atender as suas exigências nutricionais e edafoclimáticas para a obtenção do seu potencial produtivo. Para isso, destacam-se o conhecimento das características de cada cultivar como, tipo de melhoramento genético, resistência ao acamamento, duração do ciclo, exigência térmica, arranjo de plantas, entre outros (Farinelli et al., 2012).

Conforme o melhoramento genético os híbridos de milho são classificados de acordo com sua base genética em híbridos simples, duplos, triplos e variedades (dentre outros). Os híbridos simples ou triplos podem ser geneticamente modificados ou não, como também pode haver um “top cross” que é o resultado do cruzamento de uma variedade e dois híbridos intervarietais e um híbrido simples. Os maiores resultados com produtividade encontram-se em híbridos simples, triplos e duplos, porém o custo da semente é mais alto, juntamente com o manejo exigido para expressão do potencial produtivo (EMBRAPA, 2016).

O arranjo de plantas, representado pelo ajuste de espaçamento e densidade, é um dos aspectos importantes na produtividade de milho
O arranjo de plantas, representado pelo ajuste de espaçamento e densidade, é um dos aspectos importantes na produtividade de milho

Segundo recomendações da Embrapa os ciclos são divididos conforme a acumulação de unidades de calor em graus dias (GD) da emergência até a floração e são divididos em superprecoce (menor que 830 GD), precoce (830 GD a 890 GD), semiprecoce e normal (maior que 890 GD). Para o cálculo da soma térmica é recomendado desconsiderar as temperaturas máximas que forem iguais ou maiores que 30ºC e temperaturas mínimas menores que 10ºC, atribuindo-se estes próprios valores. Outro aspecto importante na produtividade de milho é o arranjo de plantas, que é representado pelo ajuste no espaçamento e densidade de plantas (Farinelli et al., 2012). Isso está relacionado com a cultivar escolhida, época de semeadura e tipo de solo. Atualmente tem sido evidenciado na prática o aumento na densidade populacional e a diminuição do espaçamento, para atender as exigências das novas cultivares que tendem a ser mais precoces, possuírem menor porte, angulação mais ereta e maior produtividade. Com alto investimento em tecnologia, Demétrio et al. (2008) relata que o melhor arranjo espacial de plantas está compreendido em uma população de 75000 plantas/ha a 80000 plantas/ha com espaçamento de 40cm. Já Farinelli et al. (2012), corrobora com o espaçamento entre fileiras, mas infere que as populações ótimas variam de 60000 plantas/ha e 80000 plantas/ha.

Para se obter semeadura e crescimento de qualidade devem ser analisados os diferentes fatores de pré-semeadura e semeadura, como características da cultivar (ciclo, potencial produtivo e resistências a fatores bióticos e abióticos), além do espaçamento entre fileiras e a escolha da melhor densidade populacional para o local. Em virtude desses fatores objetivou-se caracterizar a produção de 19 híbridos de milho para as condições edafoclimáticas de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.

O experimento foi conduzido na safra de verão 2015/16, no Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Maria, RS ((29º42' S, 53º42' WW e 122 metros de altitude). O solo da área é classificado como Argissolo Vermelho Distrófico Arênico (EMBRAPA, 2006). O clima refere-se da classificação de Köppen, do tipo Cfa, (subtropical úmido sem estação seca definida e verões quentes). A média de temperatura do ar para os meses de junho e julho, é de 13,8 °C, e o mês de janeiro é de 24,7 °C. A precipitação normal anual é de 1712,4 mm, distribuída uniformemente durante as quatro estações do ano (Heldwein et al., 2009).

A semeadura foi realizada no dia 19/10/2015, com semeadora adubadora na densidade de 7 sementes/m² e espaçamento entre fileiras de 45 cm. A adubação foi realizada conforme a Comissão de Química e Fertilidade do solo (CQFS, 2004), baseada através da análise química do solo coletado.  O manejo fitossanitário foi realizado conforme as indicações técnicas para a cultura (EMBRAPA, 2013). A colheita foi realizada manualmente nas duas fileiras centrais com área útil de 6,97 m². Posteriormente avaliaram-se massa de mil grãos e produtividade total, sendo corrigido para 13% de umidade. A análise de variância (Teste de F) e as médias foram comparadas pelo Teste Scott-Knott, ao nível de 5% de probabilidade de erro com auxílio do software Sisvar (FERREIRA, 2008).

Em relação à produtividade de grãos, os híbridos mais produtivos foram AG 8690 PRO3, AG 8789 PRO3, BG 7046, P 30F53 YHX, AG 9025 PRO3, NS 56 PRO e DKB 290 PRO3, com destaques para os três primeiros citados produzindo, respectivamente, 10063 kg/ha, 10039 kg/ha e 9693 kg/ha (Tabela 1). Isto representa uma produção superior de 28% em relação à média do Rio Grande do Sul (7160 kg/ha) e 56% comparada à média nacional (4389 kg/ha) (CONAB, 2016). Assim, esses híbridos são aptos à região de Santa Maria, apresentando produtividades economicamente adequadas se aliadas a um bom manejo e condições ambientais. Alguns aspectos em comum podem ser destacados desses híbridos de alta produtividade como base genética, ciclo precoce e tecnologias de resistência contra insetos (Tabela 2). Todos os híbridos mais produtivos são simples e com exceção da BG 7046, possuem tecnologias VT PRO ou Herculex I, conferindo resistência a insetos da ordem lepidóptera, como a lagarta do cartucho.

Tabela 1
Tabela 1
Tabela 2
Tabela 2

Uma hipótese para alguns híbridos não terem obtido altas produtividades pode estar relacionada à população de plantas. Por questões de praticidade na implantação do experimento, optou-se por padronizar a densidade de sementes para todas as cultivares. Cada um destes genótipos possui exigências diferentes quanto ao espaçamento e a população de plantas o que pode impactar aproximadamente 20 % na produção, a alteração no arranjo de plantas (Almeida et al., 2000).

Na variável de massa de mil grãos conforme a Tabela 3, as cultivares com maiores resultados foram a AS 1666 PRO3, AG 9025 PRO3 e NS 56 PRO, com valores de 440g, 417,66g e 406,66g. Estes resultados estão associados à ocorrência de falta de chuva no período de enchimento de grãos. Com isso, alguns genótipos não obtiveram o peso semelhante ao que é informado pelo obtentor da semente. (FORSTHOFER et al., 2006; LEE; TOLLENAAR, 2007).

Tabela 3
Tabela 3

A diversidade de genótipos de milho no mercado agronômico é grande, assim é necessária uma escolha criteriosa que mais favoreça a interação positiva entre genótipo e ambiente específico. É necessária atenção quanto a qualidade de semente e a certificação de fornecedor capacitado. Além do mais, para quaisquer dúvidas específicas recomenda-se contatar um engenheiro agrônomo, e para maior conhecimento do genótipo, é importante entrar em contato com os representantes das sementes.

Anderson da Costa Rossatto, Guilherme Bergeijer da Rosa, Lucas Bruning, Glauber Monçon Fipke, Thomas Newton Martin, UFSM

Artigo publicado na edição 228 da Cultivar Grandes Culturas, mês maio, ano 2018.

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