Adubação em milho safrinha
Por Aildson Pereira Duarte, Heitor Cantarella, IAC; Claudinei Kappes, Fundação MT
Redutora de produtividade e responsável por produção de micotoxinas nocivas à saúde humana, a giberela é uma doença fúngica agressiva na cultura do trigo. Seu controle eficiente passa pela adoção de estratégias em conjunto, como rotação de culturas, uso de cultivares com resistência parcial e aplicação de fungicidas de forma preventiva ou no início da infestação.
A giberela é uma doença fúngica que tem como agente causal Gibberella zeae (Schw.) Petch (anamorfo – Fusarium graminearum Schwabe.). Durante o ciclo de vida, o fungo apresenta uma fase saprofítica e outra parasitária. Sobrevive em restos culturais até que, sob condições climáticas favoráveis e a partir do espigamento da cultura do trigo, ocorre o início da fase parasitária. Dessa forma, G. Zeae é o principal patógeno de espiga da cultura. Esta doença se manifesta regularmente nos cultivos de trigo, sendo relatadas perdas na produtividade nacional acima de 13%. Em outros países, como a China e Japão, esses valores ultrapassam 50%. Além das perdas em produtividade, o seu agente etiológico é responsável por produzir várias micotoxinas. Destaca-se o deoxinivalenol (DON). Esta toxina, uma vez presente nos grãos do cereal, utilizados na alimentação, humana e animal (monogástricos), pode causar sérios problemas à saúde, pois é altamente tóxica e suporta altas temperaturas quando o grão é submetido ao processamento. Neste cenário e para a segurança alimentar, a fiscalização para controle desta micotoxina já é realizada no Brasil, com legislação específica que determina os limites máximos permitidos para grãos de trigo e seus subprodutos. Sendo assim, o controle da ocorrência na cultura e presença nos grãos produzidos é de extrema importância.
O agente causal da giberela pode sobreviver em plantas hospedeiras vivas, como cevada e triticale, em que causa prejuízos semelhantes aos ocorridos em trigo. Contudo, a principal fonte primária de inoculo do G. zeae em condições de campo são os resíduos culturais, tendo a palhada de milho a maior capacidade de colonização pelo fungo na fase saprofítica. Para infectar novas plantas, o fungo presente em tecidos vivos ou resíduos de culturas precisa produzir estruturas sexuais (peritécios), que produzem ascósporos, sendo estas estruturas responsáveis pela disseminação da doença. A infecção por conídios também pode ocorrer em giberela, entretanto, apenas a pequenas distâncias.
A giberela apresenta infecção na fase de floração do trigo, sendo as anteras a principal porta de entrada. Sob condições ambientais favoráveis, alta umidade e temperatura, o fungo começa a infeção junto às anteras retidas à espigueta, ramificando-se até atingir outras partes da espigueta, como o grão em desenvolvimento. Em seguida, as espiguetas mais próximas são infectadas, sendo relatado em casos severos a contaminação de toda a espiga. A infecção também pode ocorrer no colmo, imediatamente abaixo da espiga, causando sintomas como a maturação antecipada das espiguetas ou da espiga inteira.
As espiguetas infectadas perdem a clorofila tornando-se esbranquiçadas ou de cor pálea. Além disso, as aristas tornam-se ‘arrepiadas’. Em condições de elevada umidade e calor, ocorre a formação de macroconídios, tornando assim, as espiguetas de coloração rosada, especialmente, na base e nas bordas das glumas. Os grãos infectados apresentam menor volume e menor massa, com aspecto chocho e descolorido. Com a evolução da doença toda a espigueta atinge coloração esbranquiçada. Elevado nível de umidade após o florescimento tende a aumentar o número de grãos giberelados, acúmulo de DON e em caso de severas epidemias a ausência de grãos na espiga é regularmente observada.
A giberela também pode ser propagada por sementes infectadas, causando morte de plântulas, que se caracterizam por apresentar podridão cortical úmida de cor pardo-avermelhada a pardo-clara. A infecção de plântulas, além de ser resultado do uso de sementes infectadas, pode ocorrer devido a presença de palhada ou material vegetal colonizado pelo fungo na lavoura. Nesse contexto, o controle cultural do G. zeae a partir da rotação de culturas passa a ser um componente importante no seu manejo, evitando infecções precoces e epidemias severas. Espécies como a soja, girassol e a canola são exemplos de culturas que podem ser utilizadas em rotação para o controle da giberela. Entretanto, o período de rotação necessário é variável de acordo com a taxa de decomposição dos resíduos infectados.
O controle químico da giberela, com a utilização de fungicidas é eficaz, contando atualmente com 52 produtos comerciais registrados para a cultura do trigo no Brasil, sendo os Triazóis e benzimidazóis os grupos químicos mais frequentes. Enquanto as formulações associadas de estrobilurina + triazól ou estrobilurina + metconazol, tem se mostrado mais eficientes para o manejo de G. zeae. Entretanto, o controle químico e a eficiência dos fungicidas está atrelada a sua utilização na fase inicial de infestação do fungo. Desta forma, aplicações no início da fase reprodutiva do trigo e com anteras expostas são as mais eficazes, bem como em períodos que antecedam longos intervalos de molhamento foliar e elevadas temperaturas.
A utilização de cultivares de trigo com moderada resistência genética à giberela tem se mostrado uma ferramenta importante no manejo dessa doença. Entretanto, não há disponível no mercado cultivares com resistência completa a este fungo, logo sob condições favoráveis ao desenvolvimento do agente causal a utilização de fungicidas recomendados é necessária. Deste modo, para um controle eficiente da giberela na cultura do trigo, estratégias em conjunto devem ser utilizadas, aliando a rotação de culturas, o uso de cultivares com resistência parcial e a aplicação de fungicidas de forma preventiva ou no início da infestação pelo fungo. Por fim, o monitoramento das condições climáticas e até o escalonamento da semeadura devem ser observadas pelo produtor, de modo a privilegiar a cultura em relação a giberela, mantendo a produção e qualidade do trigo produzido.
Os cereais constituem o grupo de espécies cultivadas de maior importância agrícola mundialmente. Além de representarem a base da dieta alimentar humana em muitos países, seu cultivo desempenhou função crucial para o início da agricultura e, consequentemente, a formação e organização da sociedade atual. Dentre estas espécies, o trigo hexaplóide (Triticum aestivum L.) foi uma das primeiras espécies vegetais a ser domesticada pelo homem. Atualmente, exerce importante função econômica dando suporte a diversas ramificações industriais e, em adição a isso, é uma alternativa na sucessão de culturas para os sistemas de cultivo do sul do Brasil, onde o monocultivo com soja é predominante.
A produção mundial de trigo em 2016, de acordo com os dados do ministério da agricultura do Estado Unidos, foi de 735.229 mil toneladas. O Brasil representa menos de 1% da produção mundial, tendo sua produção concentrada no centro-sul do país. Nesta região, entre os meses de setembro e novembro ocorrem frequentemente, excessivos períodos de molhamento das plantas, juntamente com temperaturas médias acima de 15ºC, gerando um microclima favorável para o desenvolvimento de doenças fúngicas. Este cenário, coincide com o período reprodutivo do trigo, estádio de maior sensibilidade da cultura, tornando as doenças o principal fator sanitário limitante à cultura na região.
Artigo publicado na edição 226 da Cultivar Grandes Culturas, mês março, ano 2018.
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